CAPÍTULO VINTE E NOVE

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Bem-vindes de volta, mores. Atrasei um pouquinho com esse e tenho Butter e faculdade pra culpar, mas está aí. Aproveitem e não esqueçam o votinho 

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#RenegadesJKJM

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𝑪𝑨𝑷𝑰𝑻𝑼𝑳𝑶 𝑽𝑰𝑵𝑻𝑬 𝑬 𝑵𝑶𝑽𝑬

[ Joanesburgo, 2 de agosto, 1983 ]

O inferno era um lugar em constante mutação, duradouro e onipresente.

Altamente customizável, também.

Pessoal ou comunitário, ele nunca se cansava de segui-lo e, embora este inferno em particular não fosse desconhecido para Johann, isso não o tornava mais suportável.

Desde que a notícia do ataque fora divulgada, eles não tiveram uma pausa. As reuniões eram intermináveis, o treinamento exaustivo e a apreensão social havia atingido novos picos.

Reforços do governo nunca precisaram de um motivo para perseguir seu povo, mas agora que eles o tinham, eram irredutíveis. Johann havia perdido a conta de quantas vezes implorou às mães que mantivessem as crianças dentro de casa; não joguem onde a bola pode facilmente cruzar a rua errada, ele dizia.

Era um jogo perigoso a se jogar — revidar por serem assassinados e receber ainda mais mortes em retaliação.

Vicioso, sim. Mas ser morto por motivo nenhum era o real rastilho e isso estava inteiramente fora de seu controle.

Johann deixou o cigarro cair no cascalho e o esmagou com a bota.

Ele e Mudiwa nunca foram muito próximos, mas às vezes fumavam juntos. A conversa era reservada para os momentos antecedentes a uma missão, sempre o mínimo possível, uma ou outra observação aqui e ali quando necessário e adequado para a situação.

Ainda assim, Johann sentia sua falta.

Sentia que lhe devia mais.

Ele deveria ter ficado um pouco mais, insistido em ajudar mesmo que tivesse sido negado uma vez.

À noite, ele ainda via Mudiwa lutando com o zíper de sua bolsa, nem mesmo seu último aceno de cabeça uma memória que Johann retinha — ele não havia pensado duas vezes antes de aceitar a negação e buscar sua própria rota de fuga.

Desnecessariamente, Johann esmagou a ponta do cigarro com mais força, girando os pés repetidamente em raiva, revolta, decepção. Assim que exalou a fumaça, ouviu passos atrás de si.

O eco ricocheteando nas paredes de concreto era deveras revelador, ninguém mais a não ser uma pessoa de salto que poderia estar vindo em sua direção. Ele cerrou os olhos.

Quando o som cessou completamente e nenhuma voz cortou o silêncio, perguntou:

— O quê é?

Johann não se virou para olhá-la.

Não até que o silêncio persistisse.

Patricia parecia perdida, as mãos enterradas nos bolsos da calça jeans de cintura alta e os olhos ligeiramente alarmados por trás dos óculos redondos.

RENEGADES • [jjk + pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora