1993
O garoto se remexeu na cama, desorientado e obviamente inquieto. Queria se livrar dos sussurros, mas os fantasmas não ouviam suas súplicas para irem embora.
O despertador já havia tocado, ele devia estar acordado, mas não conseguia abrir os olhos e se livrar do peso no seu peito. Só queria que aquilo acabasse, aquela perturbação insuportável, os gritos e gemidos, só um momento de paz! Ele queria tanto ir embora, mas algo naquela casa o mantinha preso com correntes grossas e pesadas.
— Tate! — sentiu seu corpo ser sacudido e ele pôde enfim respirar, sentando-se depressa, os cabelos loiros completamente desgrenhados.
Devia matá-la, sabe como ela não presta! Disse uma das vozes no ouvido dele, instigando-o para o pior de si. Alimentando o ódio que ele já possuía de sua mãe sem muito esforço.
— Está atrasado. Hora de ir para aula, meu menino — Constance disse, quase que cantarolando, desfilando para fora do quarto, a mulher estava bem vestida demais para ficar em casa. — É seu segundo ano, vá e faça novos amigos e me orgulhe! — ela fechou a porta, deixando o garoto enfiar a cabeça no travesseiro, abafando o grito.
Orgulhar essa vadia? Pra quê? Ela nunca se importou com você, sempre ligando apenas para a sua aparência e a ideia ridícula de família perfeita! Acabe com isso! Acabe com ela!
— Vai embora, vai embora! — Tate implorou, cobrindo os ouvidos. Queria que o silêncio durasse mais.
[...]
Ares novos, é o que deveria ser, mas que lugar assombroso!
Alex Trevor encarou o céu azul e sem nuvens ao descer do carro de sua mãe diante de sua nova escola, bastante movimentada pela volta às aulas. Respirou fundo ajeitando a mochila no ombro, nervosa. Odiava ser a novata, mas não tinha escolha se não encarar tudo de queixo erguido.
Tirou a folha amassada de transferência do bolso e a abriu, tentando olhar ao redor e achar alguma placa que lhe indicasse a secretaria. Que maravilha, devia estar passando como uma idiota perdida para todos que olhassem!
— Ninguém merece — ela resmungou, vendo os olhares do grupo de basquete ao passar por eles e seus carros chiques. Sua mãe lhe alertou para não usar aquele jeans rasgado, mas Alex, como qualquer outra mulher, estava cansada de ter medo de tudo.
— Que delícia, hein! — assoviou um dos rapazes, Alex lhes mandou o dedo do meio por cima do ombro, acelerando o passo ouvindo as risadas e vaias deles.
Que queimem no inferno.
[...]
Ela foi apresentada para a turma na primeira aula, o auge do clichê ter que dizer seu nome só para que seus colegas saibam de quem estarão falando merda pelo resto do dia, os outros a encaravam com curiosidade conforme ela se apressava para a última carteira, sozinha. O sinal tocou quando ela terminou de tirar o material da bolsa, no exato momento, a porta se abriu com tudo e todos se voltaram para Tate Langdon, que arrumava o casaco nos ombros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
HELL BOY, Tate Langdon
ParanormalGAROTO INFERNAL || Os demônios tinham total controle sobre ele, desde o começo. Tudo não passava de uma piadinha cruel. Ele sempre esteve condenado.