Eles ficam trancados até o anoitecer.
Tate não para de tentar sair de seu quarto, anda de um lado para o outro, se joga contra a porta, cai no chão, se levanta e tenta tudo de novo.
A senhora Trevor fica sem ter para onde ir, com todas as portas fechadas, andar pelos corredores perde o sentido. Ela se senta de frente para a porta do Tate, e observa, sem entender, sem saber onde Alex pode estar. A garota não fez mais qualquer ruído.
— Onde ela está, Tate? — a senhora Trevor pergunta mais uma vez.
— Eu não sei, eles a levaram — Tate responde com a voz embargada.
— Eles quem? — a senhora Trevor franze a testa — O que foi aquela voz?
Tate hesita, respira fundo e se ajoelha diante da porta.
— Tem coisas nessa casa, coisas que você não acredita até ver — o garoto fala. — É a segunda vez que eles a pegam — Tate balança a cabeça.
— Eles quem?! — a senhora Trevor soca a porta — Eu quero a minha filha!
— Eu também — Tate responde, mas fala tão baixo que a mulher não ouve. Ele se lembra de uma coisa. O machado. — Tem como você me ajudar a sair — ele se levanta — nós temos um machado para emergências na cozinha, ele fica escondido atrás da geladeira, a senhora acha que consegue quebrar essa porta?
— Onde está minha filha, Tate? — a senhora Trevor insiste.
— Nós vamos achá-la, só... me tire daqui! Eu preciso encontrá-la também!
A senhora Trevor hesita, mas logo vai atrás do que o garoto indica. Ele se assusta quando ela retorna arregaçando a maçaneta em apenas duas machadadas, a porta de abre e eles se encaram, Tate estende a mão na direção dela, pedindo silenciosamente o machado.
— Eu fico com isso — ela diz, e aponta o machado para o corredor — Agora me ajude a achar minha filha.
Tate abaixa a cabeça e obedece, indo na frente. Os dois correm até a porta do porão. Tate testa a maçaneta.
— Ela estava com você? — a mais velha pergunta. A porta está trancada, ele recua para a mulher ter espaço para se mover.
— Estava, mas a levaram — ele responde, irritado.
— Quando você vai me dizer quem? — a mulher afunda o machado na porta, os gritos de Alex ecoam pela casa, os dois congelam por completo por um momento com o longo grito da garota, aquilo não era natural.
Ele logo foi substituído por uma gargalhada, doentia e engasgada. Era a risada de Alex.
Tate pegou o machado da mão da mulher e foi arrombando a porta. Ela não, ela não, ele fica murmurando. Não podem tê-la pego desse jeito.
Assim não.
A porta se abre com muita insistência. Alex ainda está rindo, eles apenas veem o rastro de sangue ao acharem o interruptor, mas o mesmo pisca e falha, deixando-os no escuro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
HELL BOY, Tate Langdon
ParanormalGAROTO INFERNAL || Os demônios tinham total controle sobre ele, desde o começo. Tudo não passava de uma piadinha cruel. Ele sempre esteve condenado.