O que ela quer? Por que está sendo gentil?
Tate não parava de se perguntar o que poderia haver de errado com aquela garota, ela andou do lado dele e desabafou como odiava ser a novata e como ele estava lhe fazendo um favor enorme ao acompanhá-la para as aulas.
Ela não via o óbvio? Não sentia nada diferente nele?
As mãos de Tate sangravam de tanto que ele questionava se estava mesmo acordado.
— Qual sua parte favorita da escola? — ela quis saber, Tate entendia os olhares confusos que outros alunos lhes lançavam. Não entendia o que estava acontecendo ainda também.
— A saída, com certeza — ele disse, suspirando pesadamente. Alex não pôde conter o riso.
— Certamente não está errado — ela deu um empurrão leve nele, uma brincadeira. Tate a olhou de canto, curioso com o sorriso dela. Parecia real, sincero. Por Deus, como ele queria que fosse real. Se pudesse, iria encapsular esse momento para que o depois não chegasse.
Em algum momento ela iria embora. Ouviria as coisas sobre ele e o acharia estranho como todos os outros.
— De onde você vem? — Tate perguntou, genuinamente curioso.
— Atlanta — ela bufou. — Meus pais se divorciaram e agora é a fase de adaptação, sabe?
— Na verdade, sim — ele aquiesceu — Meu pai me abandonou quando eu tinha seis anos. Ainda não passei da fase de adaptação.
Alex ficou surpresa com a revelação, e tocou o ombro de Tate como que para apoiá-lo. Ele se encolheu, confuso pelo toque. Não era muito acostumado com demonstrações de carinho. O fato não passou despercebido por ela.
— Sinto muito — disse a garota, recolhendo a mão depressa, com medo de estar deixando o garoto desconfortável.
— Não, tudo bem — Tate deu de ombros, com pressa para se redimir. Decidiu mudar de assunto. — Mas eu preferia que ele tivesse me levado — ele sorriu fraco, por poucos segundos.
— Quer conversar sobre isso? — ela perguntou, preocupada. Tate parou de andar e a encarou sem compreender onde estaria a piada de mal gosto. Ela também parou, três passos à frente, o olhando por cima do ombro.
— O quê? — ele sussurrou. O sinal bateu antes que Alex pudesse responder. Ela andou até ele, saindo do meio do fluxo de alunos que se dirigiam para o refeitório.
— Se bem que... parece pessoal, talvez você não vá querer — Alex falou, nervosa, estalando os dedos. — Desculpe por me meter. É que você não parece bem e às vezes falar ajuda... — ela deu de ombros, irritada com a sua vergonha. Costumava falar de um jeito desenfreado quando ficava ansiosa.
— Mas você... acabou de me conhecer. — Tate disse.
— Eu sei, me desculpa — ela repetiu, corando e desviando o olhar para o chão.
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HELL BOY, Tate Langdon
ParanormalGAROTO INFERNAL || Os demônios tinham total controle sobre ele, desde o começo. Tudo não passava de uma piadinha cruel. Ele sempre esteve condenado.