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Eilen

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Eilen

⊱✿⊰

Abril, 1885

Com fluências rasas em nossa rotina, cada qual ousou se arraigar as ocupações que conseguiam dia após dia, deixando os encontros a dois reservados apenas ao sigilo dos aposentos. Sem distrações de um casamento emotivo, tínhamos êxito em nossos afazeres.

Yoongi acordava cedo para pernoitar na penumbra do alvorecer, envolvido demais com trabalho, e meu corpo, que se revelava exaurido em cada lua que passava, não permanecia desperto para recebê-lo. Mesmo não agradando meu anseio de esperá-lo desperta, não conseguia lutar contra a vontade de meu corpo.

Em poucos momentos que apareciam em algumas tardes, ele podia ouvir minha voz soletrando palavras em pequenos textos transcritos nos livros para mostrar-lhe meu desempenho nas aulas com o instrutor Kim. Ter seu interesse em meus gostos aquecia meu peito. Ele sempre as ouvia atentamente.

Ainda continuava tendo aulas, mas com menos frequência e maior profundidade, ainda estava trabucando em melhorar minha caligrafia, além de praticar a leitura em linguagem popular, enquanto treinava a forma culta. Não entendia o porquê de tantas coisas para falar uma só frase! E para quê tantas formas de falar?

Contudo, nada me atordoou mais do que sentir as vestes pequenas demais em meu corpo. Eu engordara. Além da conta.

Lina estava tendo mais problemas com elas e um cansaço nas pernas não me concedia ficar em movimento como acostumada. Isso estava torturando meu ânimo para as coisas.

─ Não aguento mais isso, não pude comer hoje de manhã.

Descansei o rosto nas mãos, frustrada.

─ Ainda penso que temos que chamar um médico.

Coloquei uma palma sobre o estômago sentindo um embrulho forte devido ao cheiro de café. Apenas uma sopa horrível e sem gosto descia por minha garganta.

─ Eu não estou doente. É só um mal-estar.

Um longo mal-estar que, no íntimo, já estava preocupando-me.

─ Precisamos mesmo assim.

─ Continuarei dizendo não.

Lina contestaria minha escolha, mas se calou antes disso e continuou calada. Mesmo tendo certeza, meu peito permanecia aflito.

Acabei agarrando no sono na poltrona e me alarmei encontrando Yoongi, que estava sentado ao meu lado. Tive vontade de transparecer meu sorriso e perguntar-lhe como havia sido o dia, porém um homem com uma pequena maleta nas mãos estava parado na porta do quarto acompanhado de Lina. Eu não o conhecia.

─ Soube que não andas muito bem, por que não me contou? Foi negligente demais.

Seu rosto tinha traços rígidos e intransigentes. Já não trajava o casaco sobre a camisa social desalinhada e a pele corada pelo sol indicava sua recente chegada do campo. Deveria estar trabalhando quando foi interrompido por minha causa.

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