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Eilen

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Eilen

⊱✿⊰

Agosto, 1889

Os dias se arrastavam como folhas no chão sem vento para impulsioná-las.

Fechava os meus olhos muito tardiamente. O que se resumia em meu descanso estava apenas a vigiar meus filhos enquanto desdobrava as muitas páginas de um dos livros presenteados por meu marido.

Ele deixou-me manusear seus preciosos recantos de palavras e conhecimento para um dia o ajudá-lo em suas prosas pessoais da vida. Yoongi deixou claro que apenas o conheceria se soubesse os detalhes que o acompanhavam. Um segredo a desvendar em detalhes ao redor.

Estes eram muitos para inteirar-se, mas alguns deles repousavam sobre o centro da cama, ressonando profundamente dentro de seus sonhos infantis. Com toda a certeza, seriam crianças idênticas ao pai em seu jeito e gosto, não só na aparência. Em gestos e hábitos, lembravam seu progenitor com maestria.

Me tornaria uma mãe orgulhosa caso chegasse em meus dias o privilégio de vê-los obter todo o sucesso que motivasse suas ambições, das mais simples àquela que seria impossível para muitos, menos para os filhos de Yoongi Min.

O vento batia contra a janela e causava um leve barulho, mas com meu intenso cuidado e espírito materno, me levantei para ver como poderia silenciá-la. O sono de um bebê era precioso demais para ser cessado. Ao ver por uma brecha, o céu estrelado e a lua em seu brilho mais intenso, não pude deixar de ir à sacada do quarto para apreciar tal pintura divina.

─ Estás vendo o mesmo céu, Min?

Meu marido disse uma vez atrás que, por sermos um dia atrasados, observaríamos o que eles já viram no outro dia. Lembro que rimos muito, pois nos sentimos ofendidos. Não éramos atrasados, apenas tínhamos calma em apreciar o tempo, o respondi. Ele fez desenhos de algumas paisagens que viu pelo tempo que morou em sua terra. Era minha forma de ir até lá sem sair daqui.

Cada cor e suas minúcias tinham o âmago de seu ser mais íntimo. Seria ilusório contemplá-las sem recordar do homem que as fez. Nossa casa escondia em cada objeto o fato de ter um marido único e que, aos poucos, chegou no meu coração. Sim, ele já estava lá e não havia mais caminho de saída sem causar um grande estrago.

Levou tempo, mas descobri.

No nascimento de Elora, as lágrimas vinham mais fáceis e seu conforto foi-me primordial para suprimir o sentimento de ser incapaz em cuidar de duas pequenas e indefesas pessoas ao mesmo tempo.

Antes de sua partida, chorava dentro de seus braços, vendo as gotículas secarem no tecido de sua roupa. Ele não dizia nada, apenas se permitia amparar-me. Tinha medo de ficar sozinha, de não ter a convicção que um dia voltaria a vê-lo bem e ao meu lado.

Em cada manhã de segunda, me sentava perto da entrada e ansiava como nunca a chegada do entregador de correspondências. Quando tinha os papéis em mãos, procurava seu nome ou de algum parente acreditando fielmente que receberia boas notícias. Quando as encontrava, todo o meu pulmão se enchia de ar e soltava-o em calmaria ao ver que nada de grave lhe ocorrera.

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