XIII

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André

É claro que estava com ciúmes não gostava que olhassem para o que era meu, era como ela tinha dito na noite que perdi o jogo "o que é meu, é meu e o que não é meu passa a ser meu". Porra como eu queria gritar para os sete ventos o que sentia em vez disso disse-lhe algo para a magoar e afastar de mim. Era burro.

- Caralho essa foda foi rápida. - Riu-se Afonso, mas logo parou assim que me sentei no sofá. - O que é que aconteceu?

- Fizeste merda com ela? - Perguntou-me Zé ironicamente.

- Não importa! - Respondi vagamente dando de ombros.

- Importa sim André! - Resmungou o meu irmão. - Tu gostas dela e eu consigo ver isso a milhas.

- Não temos nada o que é que importa gostar ou deixar de gostar? - Perguntei farto da conversa ao levantar-me do sofá.

- Ela recusou o teu pedido de namoro? - Questionou Zé a tentar perceber o que estava a acontecer.

- Somos só amigos Zé! - Resmunguei para o mesmo. - Não fiz pedido nenhum.

Afonso abriu a boca para falar alguma coisa, mas calou-se segui o seu olhar e pode ver a morena aparecer na sala de estar, com uma chávena de chá nas mãos e sentou-se na mesa de jantar preta onde tínhamos as explicações.

- Podem ligar a Playstation se quiserem para não apanharem seca! - Contou-lhes com um sorriso forcado.

- Não vos vai fazer diferença? - Questionou-lhe Afonso.

- Não, até porque vou ligar a música! - Contou ao pegar um comando preto ligou as colunas da casa numa música baixa e triste sentando-se ao meu lado como havia feito da primeira vez. - Vamos repetir as frases da última vez!

O seu tom de voz era seco e frio, afastava-se sempre que me tentava aproximar mesmo que fosse para pegar o lápis ou a caneta. Eu tinha-a magoado mais do que aquilo que percebi assim que sai do quarto, ela naquele dia não se riu, não me elogiou, não brincou como fazia apenas corrigia-me se prenunciasse mal mas não falava muito.

Os seus olhos quando me olharam estavam vermelhos e eu consegui ver as lágrimas a formarem-se ela estava a lutar contra a vontade de chorar e saber que tinha sido o causador disso estava-me a partir o coração mas talvez fosse melhor assim, ela merecia alguém melhor que eu alguém que pudesse ir atrás dela quando fazia asneira ao contrario de mim. Mesmo sabendo que talvez a tivesse perdido assim como perdi as minhas ex o meu coração não queria isso eu queria de novo queria voltar no tempo e admitir que estava com ciúmes em vez de lhe mostrar que para mim era como outra pessoa.

- Mel! - Chamou o meu irmão ao lado do piano branco. - Sabes tocar?

- Depende do mood. - Respondeu ao levantar-se mesmo que a nossa explicação não tivesse acabado.

- Podes tocar? - Questionou-lhe Zé.

Eu esperei de novo ela brincar com o duplo sentido como fazia, mas em vez disso ela simplesmente respondeu:

- Hum, hum! - Sentando-se no banco de frente para o instrumento. - Alguma preferência?

- A que tu quiseres! - Respondeu-lhe o meu primo.

- Acho que vou aproveitar a música que esta a dar então. - Sorriu tocando as teclas com a música das colunas que tinha acabado de começar de referência.

A melodia era desconhecida por mim mas eu prestei atenção na letra e percebi que tinha feito asneira mais do que tinha percebido assim que a vi depois do que disse no seu quarto, Afonso olhava-me assim como o meu primo como se soubessem que tinha cometido o maior erro da minha vida e talvez o tenha feito.

Coffee Shop || André SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora