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Darwin afastou a garota com alguma agressividade. Não sei se ele fez isso porque sabia que eu estava ali, ou ela realmente roubara um beijo forçado dele.

— Essa maluca me beijou à força!- Darwin justificou.

— Ele está mentindo, Eliza!- a garota falou na defensiva.

— Darwin, quer você tenha beijado ela na intenção ou quer ela te tenha beijado à força, você não precisa agir como se tivesse de me dar justificações! Mas eu vou ficar muito zangada se você beijou ele à força, ruiva!

— Giovanna! E eu não beijei ele à força, tá... Eu só confundi as coisas... Desculpa, Darwin!- essa menina começava a confundir-me. Quando eu a julgo ser má pessoa, ela revela não ser tão má assim. — Ele tava sendo simpático comigo, e como ele falou que estava solteiro, o papo estava bom, eu beijei ele... Eu só confundi as coisas... E também, todas as bebidas estão alcoolizadas e por isso já não penso direito. Desculpa!- ela pouso a mão sob o ombro do jogador. — Eu não queria ter feito você passar por esse constrangimento.

Giovanna, antes de sair, ainda parou do meu lado para dizer uma coisa.

— Darwin age como se te devesse justificações porque ele está apaixonado por você e você sabe disso. Sabe como é o ditado, o pior cego é aquele que não quer ver!- agora sim, a garota sumiu pela multidão definitivamente.

— Eu vou matar quem alcoolizou as bebidas!- resmunguei. — Eu tive que beber água da torneira!- Darwin riu com o meu drama.

— Sabe como são as festas do ensino médio... É que, sinceramente, isto está mais para esse tipo de festa do que festa para os amigos chegados.

— Sim!- concordei. — Sofia e Luca estão naquele banheiro à muito tempo...- falei com o meu olhar direcionado para o lugar. — Vou até lá como quem não quer nada... Agora tenha cuidado para não confundir mais nenhuma garota com a sua simpatia.- brinquei e ele sorriu.

Antes de avançar, tentei perceber se algum gemido se fazia ouvir... Mais vale prevenir que remediar não é mesmo? O som alto não deixou isso claro como água, mas eu acho que Sofia, embora pareça ser descolada, não é de ir para a cama, banheiro no caso, logo no primeiro beijo, logo, eu não me iria deparar com cenas que me pudessem deixar desconfortável.

Caminhei delicadamente passando pelo lavatório. Pelo espelho, tentei perceber o que estava a acontecer através do reflexo, talvez conseguisse ver o primeiro beijo do meu casal preferido, mas não vi nada. Então, decidi chamar pelo Luca.

— Luca!

— Eliza!- ele gritou. — Até que enfim, alguém!- caminhei até ele. — Sofia não está nada bem! Eu não podia deixá-la aqui sozinha neste estado!- debruçada sobre o vaso sanitário estava Sofia, vomitando e completamente frágil. — Ela não consegue falar, eu já chamei o INEM, mas estão demorando demais...

Sentei-me de joelhos e virei o rosto de Sofia para mim. Eu sabia exatamente o que estava acontecendo! Já tinha visto aquilo antes.

— Ela comeu alguma coisa com frutos secos?

— Ela bebeu um licor de amêndoa...

— Ela é alérgica! Isto é muito sério, Luca... Ela pode morrer...- falei nervosa.

— Mas eu já chamei os médicos...

— Mas você não falou que ela era mortalmente alérgica a frutos secos! Pega nela, Luca! Agora!!

Passamos apressados pela multidão.

— Darwin precisamos levar a Sofia para o hospital! Explico tudo pelo caminho...

O uruguaio saiu acelerando o carro pela estrada. A sorte era que o hospital não estava tão longe dali...

— Você deveria me ter chamado!- Resmunguei.

— Mas ela só ficou assim faz pouco tempo! Eu nem sabia onde você estava! Não iria deixá-la assim e sair para procurar você, né Eliza?

— Tem razão! Desculpa, eu também estou muito nervosa...

— Nota-se perfeitamente! Nem precisava falar...

Darwin finalmente chegou no hospital. Carregando Sofia às costas, Luca entra no hospital. Eu e Darwin acompanhamos e rapidamente uma enfermeira veio nos socorrer.

— Ela é mortalmente alérgica a frutos secos e ingeriu licor de amêndoa.- fui direto ao ponto. As outras informações eu ia dando enquanto transportavam a minha melhor amiga na maca.

— Agora não podem entrar.- a senhora falou. — Avisem os familiares dela, nós vamos socorrê-la, não se preocupe.

Peguei no meu celular e imediatamente dei a notícia à mãe que agiu evidentemente preocupada. Tentei acalmá-la, mas mãe que é mãe não se contenta com meia dúzia de palavras positivas tendo a filha em risco de morte.

Após alguns minutos, sentei-me nos bancos da sala de espera, ao lado de Darwin e em frente a Luca.

— Como é que Sofia bebeu o licor e não percebeu que era de amêndoa?- perguntei para o alemão que batia o pé freneticamente no chão.

— Eu apenas ofereci para ela, nem disse o que era... Ela deu um gole e depois uma garota bateu contra nós e fomos no banheiro limpar a bagunça... Sofia estava rindo, e depois eu beijei ela. Por uns momentos achei que o beijo tinha sido péssimo porque ela me afastou, mas depois ela começou a ficar vermelha e começou a vomitar...

— Mas que belo primeiro beijo...- Darwin comentou. — Ainda nem namoram oficialmente, e já está sofrendo em dobro por ver a garota que ama em risco de vida... Ela vai ficar bem!

— Precisava de ser tão relaxada como você...

A enfermeira chegou e todos nós nos levantámos.

— Ela está fora de perigo!

— Como está a minha filha?!- a mãe de Sofia chegou com a respiração ofegante e as lágrimas nos olhos.

— Ela está bem, senhora! Não está correndo risco de vida, pode ficar descansada...- a mulher falou tranquila e sorridente. — Sofia ingeriu pouca quantidade de licor, ela teve sorte de ter chegado aqui antes da alergia se espalhar pelo resto do corpo e de ter sido uma quantidade baixa de amêndoa saturada no licor que ela ingeriu.

Vi Luca suspirar de alívio.

— Posso vê-la?- Maria, mãe de Sofia, perguntou já mais calma.

— Claro!- a enfermeira falou e levou a mãe até ao quarto da sua filha.

— Eu disse que ela ia ficar bem...- Darwin piscou o olho.

— Sim, você disse... Mas eu confesso que eu achei que você estava despreocupado e nem aí para o que tava a acontecer...

— Despreocupado? Você viu o jeito como eu conduzi o carro? Eu não acelaria tanto um automóvel se estivesse despreocupado com a situação, Eliza! Eu é que sabia que ela ia ficar bem porque ela esteve sempre consciente, fraca, mas consciente.

— Sim, mas eu sabia que ela corria perigo de morte e isso estava a deixar-me nervosa! Será que podemos entrar no quarto também?- perguntei fitando a porta do quarto onde Sofia estava.

Não esperei obter uma resposta e por isso fui e entrei. Luca entrou logo a seguir e Darwin chegou logo depois.

— Você pregou-nos cá um susto!!- dramatizei. — Maldito licor de amêndoa!- ri.

— Você bebeu, filha?- a Maria perguntou incrédula.

— Foi só um pouco... Eu senti o sabor de amêndoa e parei logo... Pensei que não iria acontecer nada, mas aconteceu! Agora já está tudo bem. Obrigada!- Sofia agradeceu-nos de sorriso no rosto. — Posso ficar a sós com o Luca?

— Por mim tudo bem.- Eu e Darwin saímos. Ainda deu tempo de ver a mãe de Sofia olhar para o alemão e pronunciar as seguintes palavras:

— Namorado novo?

— Mãe...- ela repreendeu-a rindo e logo depois ela saiu. Agora apenas ficara Sofia e Luca naquele quarto de hospital, provavelmente tendo uma conversa seguida de um pedido de namoro...

One Thousand Jobs | Darwin NúñezOnde histórias criam vida. Descubra agora