Sofia estendeu a sua mão e eu, delicadamente, pousei a minha sob a dela. Sentei-me na cama ao seu lado para ficarmos mais próximos.
— Foi o seu pior primeiro beijo de sempre, não foi?- Sofia perguntou um pouco constrangida.
— Na verdade, não... Confesso que achei que o beijo tinha sido péssimo porque você me afastou, mas de todas as bocas que já beijei, a sua era a que eu mais tinha necessidade de o fazer.
— Ok, por essa eu não esperava.- Sofia gargalhou.
— Mas é verdade, eu beijei outras garotas porque elas é que gostavam de mim e eu retribuia porque elas até eram gente boa, mas beijar com gosto mesmo, só foi com você.- coloquei a palma da minha mão na sua bochecha.
— O beijo foi tão bom que eu até vim parar no hospital...- ela riu. Adoro quando Sofia ri. As suas covinhas ficavam visíveis e os seus olhos brilham como pérolas.
— Você podia ter dito que podia morrer quando sentiu o sabor de amêndoa no licor...
— Eu sei, Luca... Mas eu bebi só um pouquinho, achei que não iria acontecer nada e que não precisava deixar ninguém preocupado! Agora, você já sabe...- ela piscou-me o olho.
— Descobri da pior forma... O meu coração quase parou de tar sentado sem saber o que iria acontecer com você. - ela deu um riso baixo. — Tá achando piada, menina Sofia? Eu não achei piada nenhuma. Já para não falar que Eliza estava muito nervosa e que parecia que ia tacar violência em mim porque eu não chamei ela.
— Eu fiquei com falta de ar, mas não fiquei surda... Eu ouvi tudo desde lá até aqui...
— Eu sei. Se você tivesse inconsciente então aí eu tinha certeza que Eliza me mataria... Aquela garota é um fera!!- Sofia gargalhou com o meu drama.
— Eliza é assim mesmo. Se alguém mexer com as pessoas que ela ama, ela corre todos os riscos possíveis, imaginários e não imaginários para defender a pessoa. Ela sabia que eu podia morrer e por isso ela ficou desse jeito. Foi ela que tava comigo quando descobri da pior forma esta minha alergia...
— Sério? Conta a história, quero saber...
— Eu e Eliza tínhamos cinco anos quando estávamos com os nossos pais num parque de diversões. Até aos meus cinco anos de idade eu nunca tinha tido contacto com qualquer tipo de fruto seco, até que nesse dia nós decidimos comprar gelado de chocolate e amêndoa. Estávamos super felizes porque era o nosso primeiro gelado e eu tinha comido o gelado todo e um pouco do dela. Poucos minutos depois, Eliza falou que eu estava muito vermelha e achámos que era do sol porque não tínhamos posto protetor solar então não fomos a correr até aos nossos pais com preocupação. A seguir comecei a ficar com comichão pelo corpo e também não ficámos preocupadas porque podia ter sido um bicho a picar ou assim... Depois comecei a vomitar e Eliza disse que eu não devia ter sido gulosa e ter comido parte do gelado dela. Quando comecei a sentir falta de ar e a mexer as mãos para pedir ajuda, ela pensou que eu estava a fazer o jogo da mímica e por isso começou a atirar um monte de opções do que eu poderia estar a representar através dos gestos. Eliza só foi chamar os meus pais quando eu desmaiei no chão e comecei a ter convulsões. A minha mãe contou depois que por sorte estava lá um médico que me conseguiu estabilizar um pouco, o suficiente para chegar ao hospital, mas poucos minutos depois, a alergia atingiu o corpo todo e eu entrei em coma...
— Meu Deus, que tenso!!- falei boquiaberto.
— Fiquei praticamente três semanas em coma, e acordei com a Eliza e os meus pais do meu lado. Sabe o que ela me contou?
— Fala...- disse curioso.
— Nesse dia, ela fez uma promessa a Deus. Ela pediu para que eu acordasse e em troca, ela nunca mais comeria gelado seja qual for o sabor. Eliza está até hoje sem encostar os lábios a um gelado!!! E não é que quando ela acabou de prometer isso, eu acordei? Eu arrepio-me só de lembrar!
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One Thousand Jobs | Darwin Núñez
FanficEliza Carvalho é o tipo de pessoa a que pessoas de hoje em dia chamariam de a iludida trouxa que acha que se vai dar bem... Estudante durante o dia, garçonete de fim de semana, carpinteira de vez enquando, mulher de negócios quando precisa de usar...