Capítulo 7 | É ela

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Íris

Mille pede dois chopps e se senta a minha frente. Ela provavelmente já estava bêbada mas pelo menos, parecia estar sobre controle.

- Da última vez que essa festa aconteceu, eu paguei uma stripper pra dançar com Ben e Mathias. Foi uma loucura. Ela diz, esfregando a mandíbula.

- Isso aí eu só acredito vendo.

Ela tira o celular de seu bolso e entra na galeria. Me passa o celular e me deparo com Mathias e Ben sent....ok.

- Tá, eu ainda não acredito. — Respondo, rindo.

Ela ri e bebe o chopp, que ainda estava em suas mãos. Mille tinha uma tatuagem em seu dedo anelar que combinava perfeitamente com seus anéis. Ela usava uma calça preta, uma blusa branca e um casaco caramelo, com um colar que ia até a parte posterior do seu tórax. Ela era intelectual e sofisticada mas com um toque sensual.

Mille pede outra bebida ao barman a nossa frente.

- Sabe, Íris, eu sei que foi muito rápido mas eu sinto que você veio pra ficar. Por isso, bem vinda a família. —Ela levanta seu copo e brindamos. Levo o copo a minha boca e engulo o líquido, que desce queimando a minha laringe. Somos estranhos mas você acostuma.

Sorrio ao ouvir Mille. Nós seriamos uma boa dupla.

Anna

- Você tá precisando ficar bêbada e só acordar amanhã. — Estamos perto da barraquinha de algodão doce e Rosana olha para os lados, com o semblante preocupado.

- Não faço esse tipo de coisa. — Ela responde, voltando sua atenção para mim. Dou um sorriso debochado. — Posso te falar uma coisa?

- Você vai falar de qualquer jeito.

- Você parece uma adolescente. Beber não faz bem. — Ela me olha, enojada.

Uau. Como se nunca tivesse ouvido isso.

- Obrigada.

- Maluca. — Tanta hipocrisia em uma palavra.

- Maluca não amor, apenas feliz.

Íris

O sono bate tão forte que tenho ficar beliscando minha pele para não fechar os olhos.

- Vou ver e te falo — Mille responde alguém no telefone e logo, desliga. Ela se vira para mim com uma careta no rosto. —Ou seja, não vou.

Quando eu estava prestes a responder, uma mulher provavelmente, mais velha que todos da festa, sobe no palco e pede a atenção de todos. Seu rosto era familiar.

- Essa é Yara. A psicóloga de Ben.— Mille fala, apoiando os braços em meu ombro. Volto meu olhar ao palco.

- Como vocês já sabem, vamos ao banho lavado. As caixas já estão escondidas. Ao achar não se esqueçam de vir aqui no palco. Boa sorte aos casais! — Yara fala e todos começam a se espalhar pela casa.

Eu olho para Mille e ela esboça um sorriso gigante.

- É uma tradição da mãe de Ben. Ela separou 40 caixas bem pequenas e em apenas duas delas, tinha algo que ela guardava pra o casal que ganhasse. Todas festas ela misturava diversos pares de caixas e as escondia. Ela falava que as pessoas que achassem, eram feitas uma pra outra. — Ela pausa e sorri, singelamente pra mim. — As pessoas que achassem tinham que entrar na ducha para simbolizar a renovação e a ligação dos dois. Por isso banho lavado. Na verdade, "por isso", não. Nunca entendi esse nome.

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