Capítulo 2 | Part.1 / Ocean Beach

217 52 280
                                    




She raises her hands to the sky;
(ela levanta suas mãos para o céu)
She moves with the music;
(Ela se move com a música)
The song is her lover;
(A canção é sua amante).
-Josh Gobran.

Íris        

Entro no apartamento e aparentemente, minha mãe ainda está dormindo. Entro em meu quarto e penso em tomar banho mas já são 19:20. Lavo meu rosto, pego um short jeans e uma regata bege junto com uma jaqueta que ganhei do meu pai ano passado. Meu pai sempre me dava muitos presentes mas não fazia questão de estar presente.

Mas eu entendo, depois do divórcio dos meus pais ele já tinha uma família e uma filha perfeita esperando por ele. Por quê ele voltaria pra uma filha que envergonhou as suas famílias com episódios de drama, mais conhecidos como overdose?

Tiro todos pensamentos da minha cabeça e falo pra mim mesma, "Íris você merece muito mais que noites em claro."

Pego um papel e deixo um recado: "Mãe, sei que não vai gostar de ter saído sem te avisar mas eu já tenho 19 e já sei me cuidar. Por favor, entenda. Até mais."

Desço as escadas e o espero na portaria do prédio. Fico observando as longas e movimentadas ruas de San Diego. Moro em um bairro comercial, Mission District, onde as ruas são enfeitadas e as paredes são pintadas por grafite. Tão lindo.

(Foto real do bairro, Mission District)

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

(Foto real do bairro, Mission District)

Ben

- Se você passar a mão no cabelo dela igual você faz comigo, eu te mato...e ela também. —Mille reclama pela trigésima vez, enquanto me leva até o prédio de Íris. Sim, ela ia nós levar porque não consigo mais realizar a simples tarefa de dirigir. Nem me lembro como é a sensação.

- Camille, eu tenho 19 anos. Eu sei o que fazer.

- Você sabe que não sabe.— Ela faz uma careta na tentativa de me fazer rir. — Tá tudo bem? Você parece meio nervoso. — Mille pergunta, dando um retorno para entrar na rua do prédio.

- Só queria que momentos como esse não foram esquecidos. Sei que quando ela descobrir, não vai ser a mesma coisa.

- Ei.—Mille para o carro em frente ao prédio de Íris. — Todos nós somos feitos de almas e não de defeitos. Sua alma é linda e se a dela for também, ela vai saber que vale a pena, igual eu soube quando virei sua melhor amiga.

Mille me envolve em um abraço desajeitado e sussurra:

- Não vamos falar sobre isso, hoje. Isso vai ser incrível, tanto pra você quanto pra ela.

Mando uma mensagem para Íris avisando que já estava esperando. Logo, vejo ela vindo em direção ao nosso carro.

- Caralho. Agora eu entendi. — Mille diz, enquanto observa Íris acenando.

- Era disso que eu tava falando. — O cabelo grande de Íris paira sobre o vento frio que passa pela rua.

Desço do carro e Íris me envolve em um abraço inesperado.

- Não gosto de cumprimentos de mão, Ben. São muito distantes.— Íris fala, enquanto me abraça. Poderia ficar ali pra sempre.

Entramos no carro e Mille começa a conversar freneticamente sobre o o olho de Íris. Reação, da qual, já esperava.

Abro as notas do meu celular. Começo a escrever sobre Íris. Talvez precisasse amanhã. Talvez não. Eu vou precisar.

Notas

• O cabelo dela é muito lindo. Ela é muito linda.
• Eu espero que ela goste de mim.... e se eu não conseguir contar?
Não vou pensar nisso agora.

Largo o celular e continuo observando a rua pela qual passamos.


Ocean Beach,
20:30.

Chegamos a Ocean Beach e nos despedimos de Mille. O festival está iluminado por globos de luz e pisca - piscas que envolvem mesas e barzinhos com iluminações impecáveis. Pessoas participam de jogos e competições, já outras pessoas estão bebendo e dançando. Uma banda se instala entre o meio das mesas que estão fixadas na própria areia. Que lugar, que lugar.

Olho para Íris e ela parece estar feliz. Seus olhos passeiam todo o lugar.

- Já tinha vindo aqui? - Pergunto,

- Na verdade, eu sou nova na cidade. Era de Santa Bárbara. Amava lá.

- Vizinha de San Diego. Mas porque se mudou então?

- Divórcio dos pais. Minha mãe estava com alguns problemas e eu...também. O melhor a se fazer era começar do zero. Se entreter com outras atividades.

Se ela soubesse o tanto que eu sei sobre a bela arte do começar do zero.

- Eu entendo. Já começou a fazer alguma atividade aqui? Acho que.. - Íris tampa minha boca com o dedo indicador.

Ela instantaneamente, sai correndo. Guio meus olhos enquanto ela corre em direção a banda central. Peço uma bebida e sento na primeira cadeira que vejo.

- Boa noite á todos! — Íris fala pelo microfone e todos viram. — Acabei de falar com os guitarristas e queria muito dedicar uma dança a Ben, o homem que está tomando....— dá uma pausa, aponta para mim e logo, continua — pela minha experiência com bebidas, vodca. Mas, antes preciso fazer apoio do público. O que vocês acham?

Jovens de praticamente nossa idade, que compõem 98% do festival, gritam em sinal de afirmação.

Íris vai ao meio das mesas onde as barras de metal que seguram os pisca-piscas estão fundidas na areia e agarra seu corpo a um deles. Seus quadris se movem ao som da guitarra e sua jaqueta é imediatamente lançada na mesa ao lado. Íris sobe a barra de metal com maior facilidade e rodopia seu corpo em direção ao chão. De repente, faz um movimento brusco girando sua cabeça em direção ao chão e deixando suas pernas entrelaçadas no metal. Seus músculos tonificados e extremamente rígidos do corpo ficam a mostra. Meu deus. Pego minhas notas e escrevo:

Ok. Agora, eu realmente comprovei que vou me dar muito bem com ela. Muito bem mesmo.

Volto a olhar e encontro diretamente o olhar dela encarando meu rosto. Íris, entenda, você não pode fazer isso.

Continua ..

────────⊹⊱✫⊰⊹────────

Muito obrigada por ler!

Caso tenha gostado, não se esqueça de votar ou comentar.
Com carinho,
Bella.

Utopia ( HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora