Não é viver se não é com você

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// Kacchan //


- Masaru e eu só nos separamos porque eu acho que ele me traiu.

Longos minutos de silêncio se seguiram enquanto eu, após ouvir aquela frase, tentava ficar calado.

Existem coisas que ocorrem simplesmente sem nenhum tipo de explicação - somente porque a vida quer. 

Por que meus ouvidos doíam e sangravam? Eu não sabia. Por que de vez em quando eu não conseguia ouvir muito bem mesmo com tratamentos que custavam caro? Eu não fazia ideia. Por que de todos os momentos da minha vida, aquele foi o único no qual eu pude escutar perfeitamente bem sem os malditos aparelhos?

Por que, entre todas as covardias e idiotices que um ser humano poderia fazer, meu pai resolveu trair a minha mãe?

Enquanto a conversa seguia, em um tom triste e preocupado, eu tentava impedir os nós de meus dedos de se dobrarem e apertarem um punho para bater na cama com tanta raiva que eu sentia. Sentir raiva não era novidade. Mas sentir raiva do meu pai?

Ele era minha pessoa favorita no mundo.

Pelo menos, até então.

A parte mais difícil sobre ter um coração partido, eu senti, foi fingir que nada estava acontecendo. Eu não podia demonstrar a raiva que eu sentia, nem mesmo chorar em paz. Quando me levantei, um pouco mais tarde, mamãe e Deku ficaram comigo, me chamando para assistir filmes ou comer alguma coisa com eles e eu não podia evitar de me sentir impaciente. Eu queria ir de voltar para onde meu pai estava e confronta-lo.

Queria, desesperadamente, acabar com aquela dúvida.

E eu iria.

//

- Estranho?

- É, você está muito estranho - Deku repetiu. - Eu não estou gostando disso, Kacchan.

- Não sei do que você está falando - eu resmunguei e desviei o olhar. - Não tem nada de errado em querer acompanhar você. E... Ver meu... Pai.

- Você mente muito, muito mal - ele disse com um olhar convencido e ergueu uma sobrancelha, apoiando uma mão no próprio quadril. - Achei que você não mentisse para mim.

- Não minto - eu disse depressa. Eu não queria que ele ficasse zangado comigo. Era a última coisa que eu desejava. Mas também não estava a fim de uma bronca. - Qual é, amorzinho, está tudo bem. Nós vamos ter mais tempo para ficarmos juntos, também. Eu vou ficar só uns dois dias... Depois, volto para as aulas. O que você diz?

- Hm - ele respondeu fazendo um biquinho que eu logo me inclinei para beijar. - Tudo bem. Mamãe e Yagi já vão chegar.

- Legal - comentei e me inclinei para pegar a mochila dele. - Pegou a sua bola de futebol lá em cima? Não vá esquecer sua blusa do pijama...

- Está na mochila, a bola está ali - ele disse e logo depois olhou o celular. - Aha, eles já chegaram.

- MÃÃÃÃÃE! - gritei e escutei a risada de Deku.

- O que foi? - ela gritou de volta e apareceu logo em seguida na sala, os cabelos bagunçados.

- Meu sogro e a minha sogra já chegaram, mulher - eu disse com um sorriso para a expressão irritada dela. - Venha se despedir de mim.

- Some - ela resmungou e veio dar um abraço em Deku, me fazendo rir. - Até mais, meu lindinho.

- Até mais, Suki - Deku respondeu e deixou um beijo no cabelo dela. Ele estava tão bonitinho usando um short jeans azul-escuro e uma blusa branca com enfeites cor-de-rosa, o óculos como uma passadeira nos cabelos.

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