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 Entro no quarto de Dinah e ela está virada para a parede, quando ela se vira e olha para mim meus olhos começam a marejar.

- Antes de você me expulsar ou me cortar, deixa eu falar...Eu preciso falar antes de você conseguir fazer o que planeja, e se você não escutar o que tenho para falar eu vou me morrer por dentro - Começo e espero uma resposta, mas ela fica calada me observando - Você não é só a minha melhor amiga, você é a minha irmã, é uma das pessoas que eu mais amo na vida e eu daria minha vida por você, eu faria de tudo por você. Dinah, eu sei que você me culpa pelo o que aconteceu e acredite, eu também me culpo, eu deveria ter conferido melhor, só que eu fiquei tão empolgada, eu fiquei tão feliz por finalmente ter te encontrado, e viva...Eu não consegui pensar em mais nada, eu só queria tirar você daquele buraco, só queria te abraçar e dizer o quanto eu te amo. Era para aquela bala me acertar, era para eu estar morta, só que Normani se meteu no meio da bala, não foi eu que coloquei ela lá. Eu me culpo porque eu não conferi, eu não vi se tinha mais alguém naquele lugar, esse foi meu erro, mas eu não coloquei Normani ali, eu não levei ela e eu não joguei ela na minha frente. Acredite eu vou morrer com essa culpa...- Lágrimas começam a escorrer pelos nossos rostos e a gente se olha fixamente - Dinah, eu te amo, eu te amo muito e não posso perder você, não posso deixar você ir, você ficou comigo quando eu mais precisei, você ficou ao meu lado mesmo eu mandando você ir embora e você cuidou de mim, aguentou minhas reclamações, minhas birras...Você estava lá e eu não posso deixar você, não só porque eu te devo uma, eu não posso te deixar porque eu preciso de você e pode parecer egoísmo, só que eu preciso da tia mais babona e idiota do mundo ao lado dos meus dois filhos...- Dou um tempo para ver se ela entende e dou um passo a frente

 Começo a desamarrar ela da cama e a garota me olha surpresa...

- Eu confio em você... - Falo me referindo a soltar ela - Não posso fazer isso sozinha, Dinah é a sua família também...E agora ela está crescendo...- Falo e ela senta na cama e me abraça

- Desculpa, Desculpa, desculpa! - Ela diz desesperada e eu começo a chorar

- Eu vou tirar você daqui logo, eu prometo, só que você precisa colaborar - Falo e ela sorri

- Ela está de quantos meses? - Pergunta e eu penso um pouco

- Acho que uns 3 meses, descobrimos hoje - Falo e me sento ao lado dela na cama

 Puxo a mulher para mim e coloco a cabeça dela no meu peito, começo a fazer carinho em sua cabeça e ela chora.

- Sinto falta dela...- Dinah diz e eu deixo uma lágrima escapar

- Eu sei...eu sei que sente - Falo e uma ideia passa pela minha cabeça - Vem! - Falo levantando e percebo que ela não consegue andar sem ajuda - Ok, espera aqui - Falo e saio

 Vou até o corredor e pego uma cadeira de rodas, vou até o quarto e pego Dinah no colo, coloco ela na cadeira e tiro minha blusa, visto ela e arrumo seu cabelo. Tiro ela do quarto e corro até o elevador.

- Para onde está me levando? - Ela pergunta e eu começo a rir

- Para ela...- Falo e ela fica sem entender

 Vou até o terraço e deixo a cadeira de Dinah em um lugar que dá uma boa vista para o céu.

- Qual é? - Pergunto e Dinah me olha como se eu fosse louca

- O que? - Pergunta sem entender

- Qual estrela é ela? Ela era cheia de energia, era maluca, impulsiva e tinha um sorriso lindo...- Falo olhando o céu

- A risada dela era engraçada e ela fazia um barulho com o nariz quando ria, parecia um porquinho, era adorável - Fala sorrindo - Os olhos dela brilhavam tanto que nem uma constelação inteira chegaria aos pés daquela divindade - Fala procurando pelo céu a estrela mais linda

- Ela falava o que pensava, era super protetora e amorosa, ela tinha uma personalidade forte...- Falo lembrando das brigas e das vezes que ela se arriscou pela gente

- É aquela, ao lado da lua...É a estrela mais brilhante e eu não consigo tirar os olhos dela - Fala e meus olhos marejam

- Ok...agora grita - Falo e ela me olha confusa 

- O que? - Pergunta e eu seguro suas mãos

- Tira tudo isso o que está preso, a raiva, a tristeza, a magoa...Grita - Falo e ela respira fundo e começa a gritar

 Eu faço o mesmo enquanto seguro suas mãos, gritamos até nossas gargantas começarem a doer, e quando ela para eu a abraço.

- Chora...só deixa sair, para de segurar - Falo e ela começa a soluçar 

 Eu sento ao lado dela e a garota sorri aliviada, eu continuo segurando sua mão enquanto olhamos para o céu.

- Obrigado...- Ela sussurra e eu dou uma leve risada

- Pelo o que? É isso o que as irmãs fazem...- Falo por fim


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 Cubro Dinah com a coberta e saio nas pontas dos pés para não acorda-la, fecho a porta e trombo com a enfermeira.

- Ela está dormindo, volta depois...- Aviso e ela me olha confusa

- Dormindo? Faz dias que ela não dorme sem precisar dopar ela - Fala e por um momento aquilo me irrita

- Não precisa mais dopar ela, nem amarrar ela. Não quero saber o que o seu superior acha, se eu voltar aqui e ela estiver amarrada ou dopada eu tiro ela desse hospital e processo esse lugar. Ela não precisa de algemas, precisa de alguém para conversar - Falo irritada e saio daquele lugar

 Assim que saio sinto o vento bater em meu corpo, suspiro e vou correndo para o carro, já que minha blusa ficou com Dinah. Ligo o carro e dirijo direto para casa, estou ainda mais ansiosa para ver Camila.

Desde que te vi pela primeira vez Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora