Capítulo 14 - Ricardo

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Sabia onde ela gostava de correr todos os dias. Sua rotina era basicamente essa. Saía cedo, deixava o filho com a mãe, almoçava sempre no mesmo restaurante perto da empresa, voltava do serviço, passava em casa, trocava de roupa e ia correr. As vezes corria como se fugisse dos problemas, eu já conseguia identificar isso só pelos relatórios dos meus seguranças, corria muito e por muito tempo. E as vezes era só distração, corria mais lento e curtindo a paisagem muitas vezes. Também percebi que suas corridas mais fortes eram sempre depois de encontros com Paulo, esse cara me irritava muito mais agora que eu via seu poder sobre Janaína do que quando saía com Giselli. Bem, enfim, depois da corrida ia pra casa da mãe, pegava o filho e voltava pra casa. Ficava na casa da mãe todo final de semana e Paulo pegava o garoto muitos dias para ficar com ele. Mas também sabia que levava o filho para a casa da mãe dele, isso quer dizer que o garoto não tinha contato com Giselli, o que eu entendia, pois ela nunca teve paciência para crianças, um dos motivos de não termos filhos.

Era sexta feira. Eu quis dar um jeito de ver Janaína e arrumar uma desculpa para ficar com ela mais tempo. Resolvi correr onde ela corre. Peguei as informações com meu segurança e fui atrás dela. Estava a poucos metros de distância de Janaína e a chamei umas 3 vezes e ela não me respondeu. Sério que está me ignorando? Isso me irritou muito. Mas ela deu uma rápida olhada para o lado que me fez perceber algo e me senti um idiota. Ela tinha fones de ouvido e provavelmente nem me ouviu. Fui correndo um pouco mais rápido que ela e quando estava quase chegando perto dela escutei gritos. Olhei e vi um carro desviando de uma criança que saiu correndo na rua para pegar uma bendita bola e vi quando o carro foi direto em direção a Janaína. Meu coração parou uma batida e eu corri mais que a velocidade da luz me jogando em cima dela, o que fez nós dois cairmos no chão. A segurei pela cintura tentando evitar o impacto mas foi quase impossível. Ralei meu braço e minha perna mas Janaína continuava no chão. Levantou seu corpo devagar se sentando gemendo de dor. Várias pessoas e o dono do carro vieram na nossa direção para ver se estávamos bem.

- Moça, me desculpe, o garoto entrou na minha frente, foi reflexo. - O garoto chegou com a mãe segurando ele no colo e os dois choravam.

Janaína ergueu sua cabeça devagar e olhou em volta ainda não me vendo. Tinha sua mão na testa e respondeu.

- Não foi nada, você está bem garotinho? - Ela se virou falando com o menino. Ele estava chorando muito e foi a mãe que respondeu.

- Sim, ele está, sinto muito por isso.

- Tudo bem, ai - Janaína continua gemendo de dor.

- Nossa, seu rosto tá sangrando moça. - O motorista veio em direção a ela e ia toca-la mas eu logo agi com um brutamonte tentando tirar ele de perto dela.

- Deixa, eu olho. - O encarei com um olhar mortal e logo logo se afastou. - Deveria te prender por andar correndo assim em um lugar tão movimentado como esse. - Vi quando o homem deu dois passos para trás.

Foi nesse momento que aqueles lindos olhos azuis se encontraram com os meus. Janaína estava com uma cara horrível de dor, o que me fez querer bater naquele idiota andando rápido daquele jeito no parque. O sangue escorria pelo vão dos seus dedos descendo até a altura dos seus braços.

- Posso ver? - Ela me deu espaço e eu tirei sua mão bem devagar vendo que o corte era profundo.

- Precisa de pontos, tenho que te levar para um hospital. - Uma mãe que estava lá com seu bebê no carrinho mexeu na sua bolsa e retirou de lá uma espécie de toalha pequena e me deu, disse que era pra ajudar a tampar o ferimento. Eu agradeci e levantei Janaína no meu colo. Ela gemeu mais um pouco, o que me fez reparar no corte no seu joelho. O motorista reagiu.

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