Final - Ricardo

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Gilberto entrou no quarto assim que escutou os disparos. Eu fiquei sem reação mas ao final corri para segurar Giselli que agonizava no chão. Ergui sua cabeça e coloquei sobre meu colo enquanto ela agarrava firme minha mão.

Gilberto passou por mim e com um aceno de cabeça meu foi até Janaína. Primeiro ele procurou o pulso dela, analisou e olhou para Rômulo. O buraco na sua cabeça só identificava que ele não sairia mais dali. Então com cuidado Gilberto tirou Janaína de perto dele e a ergueu no colo e colocou na cama. Virou-se pra mim e eu balancei a cabeça em negação. Abaixei meus olhos para fitar Giselli.

- Desculpa, eu sou uma atrapalhada mesmo, nunca faço nada certo nessa vida. - Ela dizia em meio a gemidos de dor.

- Não, que isso, você é a mulher mais intensa que eu já conheci, te admiro por isso. Vive sua vida como acha que irá ser feliz sem se preocupar com as opiniões alheias. - Não teve mentiras nisso.

- Mas olha onde viemos parar por isso. - Ela lamentou.

- Tá tudo bem, eu resolvo tudo.

- Eu sei, sempre confiei em você. Uma coisa foi verdade em tudo isso.

- O que Gi?

- Eu te amo de verdade. - E nesse momento seus olhos se fecharam.  E sim, me doeu muito.

Fiquei um tempo olhando pro corpo de Giselli no meu colo até que Gilberto me interrompeu dos meus pensamentos. 

- Vou autorizar os médicos a entrarem. - Gilberto saiu e logo depois uma equipe médica e vários policiais entraram.

Eles colocaram corpo de Giselli e Rômulo cada um em uma maca e cobriram com um pano. Nesse momento eu pude voltar minha atenção pra Janaína. Um dos médicos falava.

- Ela tá quase sem pulso e o coração tá fraco, todos os pontos dela se abriram, vamos voltar pra sala de cirurgia, aguenta aí Janaína, vamos te ajudar. - E assim passaram de novo com minha mulher pra sala de cirurgia e senti um pouco de mim morrendo naquele momento.

Ficamos um tempo ainda no quarto de Janaína falando com os policiais que estavam com a gente até que fomos liberados para esperar Janaína na sala de espera. Quando chegamos estava minha sogra, a mãe de Paulo e Susi lá, não vi Paulo. Susi chorava descompassada.

- Ela podia ser tudo mas era minha amiga, e eu gostava dela, e minhas ultimas palavras com ela foram horríveis. - Ela se lamentava o final de Giselli, Gilberto a abraçou e acariciou seus cabelos. Eu suspirei fundo e saí de lá pra buscar uma água pra ela. Mas quando cheguei no refeitório do hospital Paulo estava lá sentado, com um copo de café na mão olhando pro nada. Me sentei ao seu lado.

- É ruim dizer que senti pela morte dela? Não era assim que eu queria que ela terminasse - Paulo me encarou.

- Eu também não desejava isso pra ela. - Fui sincero.

- To preocupado com Janaína.

- Eu também.

- Me sinto culpado por tudo. - Paulo falou finalmente.

- De onde você tirou isso? - Eu não entendi sua lógica.

- Se eu não tivesse me envolvido com Giselli provavelmente minha mulher nunca estaria nessa situação agora.

- Se eu não tivesse me envolvido com ela é que ela não estaria. - Eu falei também abatido. - É por isso que me decidi separar de Jana, a vida comigo é muito arriscada, o melhor é eu seguir em frente sozinho mesmo e não envolver mais ninguém nos meus assuntos. - E com essa frase tomei a decisão mais terrível de toda minha vida.

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