2014: Operação Brasil

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—Voltando ao que importa. - Disse Jade. -Putz, um espião entre espiões...
—Seja quem for, ele deve ser um verdadeiro mestre. - Disse Chris.
—De quem vocês suspeitam? - Perguntou Matt.
—Por mim é essa brasileira. - Respondeu Jade. -Ela sabia exatamente onde nos encontrar, em uma missão secreta... Estávamos lutando contra anarquistas e ela estava lá, nada do que ela diz parece ser verdade.
—Desculpa aí, Jade. - Disse Chris. -Mas eu acho que é você ou o Judas.
—Por que eu?
—Porque você é da China, não confio em chineses.
—¿Que pasa con migo?
—Você é paraguaio, de vocês dois não vem nada original.
—¿De verdad vas a asumir que eres xenófobo?
—Yes baby.

Judas deu uma cotovelada no braço de Chris, que tentou revidar e foi bloqueado por Ibrahim.

—Pare com isso.
—Ele quem começou!
—Você mereceu.

O estadunidense parou de frescura e ficou quieto.

—E você Ibra? - Perguntou Matt. -De quem você suspeita?
—Chris, sem dúvidas. Ele está se coçando para não meter tiro na gente.
—Eu nunca iria atirar em vocês, apenas no Hiro. - Disse Chris.
—Como é!? - Ibrahim o pegou e o levantou até seus pés não conseguirem tocar o chão.
—Ele tem que virar homem... É só isso.
—Você se acha homem por acaso!?
—Claro que sim, nigga!
—Um homem de verdade reconhece os valores do próximo! Julgar aquele japonês só por ele gostar do mesmo gênero não te faz homem! Respeitar acima de tudo, te faz homem!
—Ele vai pro inferno!
—É? Idaí? Somente Alá pode julgar.
—Ah, então você é islâmico? Isso explica a musculatura, só a bomba!
—Não vou aturar as suas palhaçadas!

Ibrahim e todos chegaram em um acordo, eles jogaram Chris para fora do quarto e trancaram a porta.

—Mas onde é que eu vou dormir!?
—Pede ajuda ao tio Sam! Vai encher o saco dele! - Ibra respirou profundamente. -Acho que ninguém aqui vai sentir a falta dele, não é?

Todos responderam com um sorriso.

—E você, Judas?
—Hiro, estaba en medio del humo. Pude ver una figura muy rápidamente mientras bajaba las escaleras con Revol, luego ya no lo encontré.
—E você tem alguma ideia, Matthew? - Perguntou Jade.
—Pode me chamar apenas de Matt, gatinha.
—Não. Apelidos devem ser para pessoas queridas e apenas elas.
—Bem... Eu não tenho nenhuma suspeita. Todos vocês disfarçam tão bem.
—Levarei isso como elogio.
—Yo también.
—Mas então, falem um pouco mais de vocês.
—Eu nasci no Sudão em uma família conservadora, lá onde nasci haviam só pessoas altas.
—Isso explica muita coisa, qual sua altura?
—1,89. Tem gente ainda maior lá. Meu país pode não ser muito rico, o que ganhamos é cerca de um único dólar por dia, mas é um lugar bonito. Depois de um tempo eu e minha mãe nos mudamos para a África do Sul.
—O que levou vocês dois à migrarem? E o seu pai?
—Meu "pai" era um babaca... Ele batia na minha mãe e em mim, chegava bêbado em casa e matou o cachorro que a gente tinha. Ele era o diabo em pessoa, nem os vizinhos gostavam dele.
—"Era" o que aconteceu com o seu pai?
—Morreu de derrame cerebral alguns anos depois que migramos sem ele, o vício matou ele... A gente não tinha dinheiro para comida e o pouco que tinha ele gastou com cerveja... Eu odeio ele do fundo do coração. Eu implorava para minha mãe, chorava para ela, dizia que queria ir embora não importa como. Ela respondia desesperada: "E para onde vamos? Você quem vai pagar as minhas contas?"
—Que triste...
—É... Ao menos eu tinha casa... - Ele começou a espirrar e foi ao banheiro.
—Coitado dele, fiquei com pena agora.
—O Ibra parece ser durão, ele apenas não quer fazer desrespeito jogando a dor dele como se fosse maior que a dos outros. Como fez a Palmares.
—Ibra? Você sente carinho por ele?
—É claro. As únicas pessoas que eu confiaria minha vida seriam ele e Nikolai.
—Por que o Nikolai?
—Ele é como um irmão mais velho para mim. Mesmo eu sendo mais forte fisicamente, ele insiste em me proteger.
—Isso que é colaboração.
—Continuando! - Disse Ibrahim voltando com as mãos lavadas. -Depois de ir pra África do Sul, eu tinha de conseguir um emprego e...
—Eu te entendo se não quiser falar. - Disse Jade.
—Não tenho coragem, é um peso enorme no peito. Fala pra ele.
—Ibra entrou na prostituição... Algo que ele se arrepende até hoje.
—Sim, eu tenho muitos traumas daquela indústria porca. O pagamento era em dólar americano... Queria ter conseguido me sustentar de outra maneira, até hoje me pergunto se valeu sofrer tanto por dinheiro. Eu comecei a fazer parte desses filmes ainda menor de idade.
—Nossa cara, que nojo.
—Hoje eu tenho uma família. Presenteei a minha mãe com uma casa só pra ela, tenho uma mulher que me apoia no que faço e também é trabalhadora, meus três filhos se dedicam muito na escola... Tenho três empregos. Sou carteiro e motorista de caminhão.
—E o terceiro? - No momento se fez um silêncio, todos olhando para a cara de Matt. -Aaaah, putz, essa eu admito que fiquei lerdo demais.
—Depois do dinheiro por aquele trabalho imundo, eu e minha mãe começamos a morar nos Estados Unidos, conheci minha esposa e começamos a morar no Brooklyn.
—Cara... - Matt ficou pensando. -Você é o "Pai do Chris", não é?
—Do seriado? Não.
—Hm... Ninguém pode tirar isso da minha cabeça.
—E você Judas, qual a sua origem? - Ele se dá conta de que o paraguaio já estava dormindo.

Cavaleiro CibernéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora