Dormiens

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Dormitório da Sonserina, segunda-feira, 02:10 a.m.
– Você está maluca, Charlotte, vai dormir. – Draco falou sussurrando me prendendo contra seu corpo.
– Para, eu vou ficar sem ar. – falei contra seu peito e ele me soltou – Eu não estou maluca, Draco, é sério.
– Blaise e Pansy? – ele perguntou mais uma vez incrédulo – De onde você tirou essa história?
– Eu não “tirei” de nenhum lugar, oras. – falei me exaltando e ele cobriu minha boca com uma das mãos – Eu só acho que é evidente e você já tinha que ter percebido.
–Blaise teria me dito, tenho certeza. – ele falou pensativo.
– Ah, por favor, não é como se fosse preciso ser dito. – falei revirando os olhos – Está na cara dele.
– Está? – Draco perguntou passando seus braços ao redor de minha cintura.
– Está? – uma voz que veio de fora me fez pular de susto.
Puxei o cobertor até meu pescoço e Draco afastou a cortina que cobria a cama revelando do outro lado um Blaise com um sorriso irônico no rosto.
– Você não conjurou nenhum feitiço de silêncio? – perguntei chacoalhando o braço de Draco que ria para Blaise.
– É sempre você quem faz isso. – ele falou dando de ombros e eu me cobri até a cabeça.
– Me desculpe pelo que você ouviu, Blaise. – falei com a cara escondida no peito do meu namorado que ria da situação.
– Você está se referindo a conversa ou ao que veio antes? – ele perguntou rindo e eu coloquei meu rosto para fora da coberta incrédula.
– Já basta. – falei irritada fechando a cortina em sua cara – Vai dormir, e pare de prestar a atenção na conversa dos outros.
Escutei a risada alta dele e os passos se afastando de volta para sua cama. Me sentei no colchão desvencilhando-me dos braços de Draco e deixando a coberta deslizar sobre minhas pernas, o que o fez desviar o olhar rapidamente para o meu corpo mas logo desviando para o meu rosto que obtinha uma expressão séria.
– Abaffiato. – ele murmurou com a varinha em mãos e me deu um meio sorriso – Pode começar.
– Draco, não da mais para a gente vir para o seu dormitório. – falei séria.
– Mas que culpa eu tenho se você esqueceu de conjurar o feitiço para silêncio? – ele perguntou.
– Eu não transo sozinha. – respondi sem rodeios encarando-o séria – A responsabilidade de lembrar dessas coisas é igualmente sua.
– Ah, tudo bem – ele falou puxando o meu quadril me fazendo cair por cima dele – não vamos discutir sobre isso. Já foi.
– Já foi, mas não era para ter acontecido. – respondi ainda séria enquanto ele passava as mãos em minhas costas em um carinho muito relaxante.
– Tudo bem, me desculpe. – ele virou meu rosto dando um beijo em meus lábios – Eu pensei em algo.
– O que? – perguntei interessada.
Senti um desconforto e saí de cima de Draco aconchegando-me em seu abraço que me envolvia por trás.
– Essa noite, na hora do jantar me encontre na Sala Precisa. – ele falou – Não vá para o grande salão. Darei um jeito em nosso jantar.
“Darei um jeito em nosso jantar” ri baixinho comigo mesma ao repassar essa frase na minha cabeça. Poderia ser um “farei algo especial” ou “teremos um jantar para nós dois”, mas aquele desajeitado “darei um jeito em nosso jantar” me fez sentir tão bem como se fosse a proposta mais romântica do mundo.
– Tudo bem. – respondi sorrindo discretamente – Eu estarei lá.
 
 
Aula de Poções, segunda-feira, 9:00 a.m.
 
– Por Merlin, você está fazendo tudo errado, Draco – larguei meu caldeirão apagado e fui olhar o que ele estava fazendo.
– Bem feito. – falou Beatrice para Draco – Por que acha que eu aceitei tão rápido quando você perguntou se eu não queria ficar com a Pansy na dupla de Poções?
– Vocês dois negociaram a minha companhia? – Pansy perguntou incrédula.
– Não chegou nem a ser uma negociação. – Beatrice respondeu – Malfoy achou que seria uma boa fazer dupla com a Charlie, e eu, achei uma ótima ideia me livrar dela.
– Eu ainda estou aqui, Beatrice. – falei irônica e virei para Draco – Você não precisava ter posto tanto xarope de hemeróbios, agora terá que misturar no sentido anti-horário por mais tempo, tente ir rápido.
– Senhorita Ledger! – fui pega de surpresa pelo entusiasmo do professor Slughorn.
– Olá, professor! – respondi dando-lhe meu melhor sorriso.
– Você não tem aparecido para os nossos jantares... – ele comentou vagamente – Ainda irá para a festa de natal, não é ?
– Me desculpe, professor, tenho estudado muito para os meus testes de fim de ano. – esclareci o que era um pouco verdade – Mas sem dúvidas, estarei lá em sua festa de natal.
– Precisei antecipá-la para o dia 21. – ele falou e eu afirmei – Será uma honra recebê-la.
Sorri para ele agrandecendo e me virei levemete para Beatrice com uma sobrancelha arqueada.
– Entendeu para que serve o esforço ? – perguntei arrancando uma risada de Pansy e Blaise.
Não pude deixar de notar que até o final da aula Draco esteve muito calado e distante, então guardei meu material bem devagar enquanto a sala se esvaziava até restar somente nós dois.
– Vamos ? – ele me chamou e eu coloquei minha bolsa sobre os ombros.
– Aconteceu alguma coisa ? Você ficou incomodado por eu te corrigir com a poção ? – perguntei
– De forma alguma ! – ele negou me puxando pela cintura e me deu um sorriso fraco – Você é muito esperta, e obrigada por ter me ajudado a tempo.
Dei um sorriso e um selinho em seus lábios como um agradecimento pelo elogio.
– Não se preocupe, Charl, não aconteceu nada. De noite estaremos juntos.
– Até lá então. – sorri mais uma vez o puxando pela mão para mais um beijo.
– Ei, vocês dois, poderiam se odiar outra vez ? – Beatrice apareceu na porta e nós nos afastamos – Precisamos de sua ajuda com os testes, Chalie.
– Está bem. – falei em rendição – Até mais tarde.
– Até lá. – Draco respondeu e eu saí da sala.
Eu e Beatrice caminhamos no longo corredor em direção a biblioteca em um silêncio confortável no qual eu aproveitava para repassar os detalhes de como a minha vida estava caminhando bem e do quanto aquilo soava atípico demais.
– Mais tarde, então ? – Beatrice me perguntou apertando meu braço.
– Sim, mas não me pergunte, eu não tenho ideia de como será. – confessei rindo e balançando a cabeça.
– Uau, parece que Charlotte Ledger será surpreendida. – falou Beatrice animada – Aposto que você não vai saber reagir. Você é horrível nisso.
– Eu também acho que não vou saber. – falei rindo fraco e ela me encarou – A minha sorte é que draco é quase tão sem noção como eu em questão de relacionamentos.
– Vocês estão indo bem. – ela falou e foi minha vez de encará-la – Vocês já conseguem ficar sem discutir em um intervalo de tempo maior e dormem quase todas as noites juntos, o que é ótimo, pois nunca mais vi vocês dois mal humorados.
– Essa madrugada fizemos uma besteira enorme, aliás. – falei baixo devido ao fato de estarmos já na biblioteca.
– O que ? – ela perguntou puxando uma das cadeiras da mesa distante em que ficaríamos.
– Chegamos muito tarde de Hogsmeade e resolvemos ir para o dormitório dele, só que esquecemos do feitiço do silêncio, você sabe, estávamos pensando em tudo naquele momento, menos nisso...
Continuei contando a historia para minha melhor amiga que fazia um esforço – falhando muitas vezes – para não rir alto demais de nosso incidente. Mas logo depois Pansy se juntou a nós e achamos melhor conversar de outros assuntos que não fossem minha intimidade com Draco. Estávamos indo devagar no processo de conversarmos sobre isso, o que era bom, pois todo o clima tenso que estava entre nós anteriormente havia sumido. Ajudei as meninas com os trabalhos de Poções e elas finalmente entenderam tudo o que seria preciso para o teste de fim de ano. Mais tarde reli as anotações que Draco me emprestou sobre Aritmancia já que agora ele não tinha mais a manhã ou a tarde livre para me explicar por algum motivo que eu desconhecia.
Mais tarde, depois do almoço, tive a tarde toda ocupada com aulas que encaixei para reforçar os conteúdos que eu não havia ido tão bem nos NOMs, e quando me dei por cansada, lembrei do compromisso que havia combinado com meu namorado na hora do jantar.
Desci rapidamente para as masmorras em direção ao nosso dormitório, onde adentrei rapidamente me livrando de minha capa e minha gravata com o nó ainda intacto.
– Que pressa é essa ? – Pansy perguntou escovando seus cabelos perfeitamente simétricos.
– Ela tem um jantar romântico hoje a noite... – Beatrice falou em tom de deboche e as duas riram.
– Ah, provavelmente é algo romântico sim. – falei no mesmo tom desabotoando minha camisa – Até porque Draco é realmente o cara mais romântico que existe.
– Será que terá flores ? – perguntou Pansy sarcástica me fazendo gargalhar.
– Com certeza, e luzes de vela também. – comentei fazendo-a gargalhar depois.
– Corre, gatinha, não vai querer deixar seu príncipe esperando. – disse Beatrice no seu tom mais irônico.
Peguei minha toalha e corri para o banheiro deixando duas meninas rindo de mais piadas que provavelmente foram feitas a partir de nossa conversa. Tomei um banho gelado e rápido sem molhar meus cabelos que estavam ainda bonitos e com seu cheiro típico de shampoo trouxa.
Assim que saí do banheiro voltei ao meu quarto e minhas amigas não estavam mais lá. Nesse momento me dei conta de que eu não fazia ideia de qual roupa eu iria, o que de fato não me preocupava de modo algum. Me vesti com minha calça jeans preta e minha blusa cinza de mangas longas e gola alta. Calcei um de meus pares de coturnos que combinavam com a roupa e soltei meu cabelo, me preocupando de passar apenas um batom antes de sair do quarto.
Corri para fora das masmorras em direção as escadas e tentei pular o máximo de degraus que eu podia para chegar mais rápido no sétimo andar. Quando finalmente cheguei ao corredor que tinha a Sala Precisa em seu fim, vi apenas sua parede e nenhum sinal de Draco por ali. Andei para os corredores ao lado e não tinha o movimento de mais nada além de mim e a corrente forte de vento que cruzava o longo corredor.
– Draco ? – me aproximei da parede encostando a lateral de meu rosto na esperança de ouvir algum som vindo de dentro.
Mas não foi preciso, pois logo a estrutura de ferro que formaria a porta começou a se materializar em minha frente me dando a possibilidade de adentrar ao ambiente, e assim o fiz.
A primeira coisa que avistei foi uma mesa redonda posta com dois pratos, duas taças e a comida ainda coberta por um enorme cloche de inox.
– Eu de verdade tentei encontrar algo que você gostasse, mas achei que a Sala surpreenderia mais do que eu. – escutei a voz de Draco atrás de mim e me virei enquanto ele se aproximava – Mas eu nunca, em toda minha vida, comi algo parecido.
Me virei sem ainda dizer nada para mesa novamente e levantei o cloche que me revelou uma macarronada, e não pude deixar de sorrir ao perceber que a Sala sabia o meu prato favorito e meu namorado não.
– Você nunca comeu macarrão ? – perguntei rindo me virando para ele e o puxando para um beijo.
– Você fala como se fosse algo comum de se ver. – ele falou sorrindo de lado me abraçando pela cintura.
– Acredite, é a coisa mais comum de se ver na minha casa. – dei um beijo rápido em seus lábios e me afastei – É a minha comida favorita, obrigada por isso.
– Mas eu não fiz nada. – ele se justificou um pouco irritado – Eu nem sabia qual era a sua comida favorita, e essa sala idiota sabia.
– Mas você se preocupou em deixar com que ela adivinhasse. – retruquei – Eu também não sei qual sua comida favorita, qual seu estilo de música favorito entre outras curiosidades em sua vida. Nós teremos tempo de aprender.
– Nós somos horriveis nisso, não é ? – ele perguntou rindo sentando-se em uma das cadeiras.
– Completamente. – comentei rindo e me sentei de frente para ele, que nos servia vinho. – Mas Beatrice disse que estamos indo bem.
– Se Beatrice disse, eu não vou nem ousar a discordar. – ele falou irônico e eu não pude deixar de rir de seu comentário.
Coloquei um pouco de macarrão em nossos pratos e dei a primeira garfada saboreando aquele gostinho de estar em casa. Observei Draco um pouco confuso e não pude deixar de rir.
– Você precisa girar o garfo, desse jeito. – demonstrei em meu prato e ele fez igual – Está uma delícia, poderia dizer que está melhor que o meu, mas isso já é impossível.
– Do que é esse molho vermelho ? – ele questionou antes de comer.
– É de tomate. – respondi – Parece que a Sala também sabia que eu não comeria se fosse de carne.
Ele fez uma pequena careta e então provou a primeira garfada. Sua careta foi se desfazendo e seu rosto foi adotando uma expressão de completa surpresa. Dei um gole no meu vinho e então sua voz chamou minha atenção para si novamente.
– Charlotte ?
– Sim ? – respondi com um sorriso.
– Lembra quando você disse que não sabia qual era a minha comida favorita ? – ele perguntou e eu assenti – Minha comida favorita é macarrão.
Não consegui segurar a minha risada de satisfação por ter escutado aquilo. Continuamos nosso jantar conversando, rindo, e tentando a todo custo conhecermos melhor o gosto do outro, só paramos quando depois da comida ter acabado, nossa garrafa de vinho também havia se esvaziado.
– Devo dizer que estive encantada com o jantar para parecer uma boa namorada ? – perguntei sarcástica.
– Deveria. – ele me corrigiu – Mas não acabou por aqui.
– Não? – perguntei arqueando a sobrancelha.
– Não. – ele me puxou pela mão para que eu me levantasse e andou comigo para uma das paredes que tinha uma pequena porta de madeira – Alohomora.
Assim que ele conjurou o feitiço, a pequena porta se abriu e ele fez sinal para que eu entrasse na frente, e assim o fiz.
Quando atravessei a estreita estrutura, um cômodo pequeno com uma cama de casal no centro coberta por grossos lençóis verdes escuros e inúmeras almofadas chamou minha atenção. Havia uma lareira em uma parede afastada e essa era toda a iluminação que tínhamos no momento em que Draco fechou a porta atrás de nós. Caminhei ate a cama observando todos os cantos do quarto. Pequenas tulipas cinza flutuavam próximas ao teto, e eu fiquei encantada por cada mísero detalhe ali.
– Agora eu devo dizer que estou surpresa. – comentei em voz baixa quando ele se aproximou de mim.
– Está mesmo? – ele perguntou mais baixo ainda com seus lábios mais próximos dos meus.
– As flores têm a cor dos seus olhos. – comentei sussurrando com as mãos em seu rosto, me aproximando mais.
– E os cobertores têm a cor dos seus. – ele falou e por fim acabou com a distância entre nós.
Nos beijávamos com uma urgência em um ritmo perfeitamente compatível. Não sei se era por conta do vinho ou por conta do clima, talvez pelos dois, mas um calor tomou conta do ambiente nos fazendo dar pausas frequentes em nossos beijos para recompor o fôlego que nos faltava. Suas mãos desceram em direção a minha cintura e seus dedos se enroscaram em minha blusa, tirando-a de uma só vez. Me livrei rapidamente de seu blazer preto e desabotoei sua camisa sem parar de beijá-lo um minuto se quer. Ele desafivelou seu cinto e eu tirei meus sapatos, deitando na cama e puxando-o para cima de mim. Continuamos nossos beijos em um ritmo bem mais calmo enquanto ele desabotoava minha calça e a puxava lentamente para baixo. Quando então, por fim a tirou, ficou de pé em minha frente e se despiu do resto de suas roupas. Retornou a cama, e se debruçou sobre mim, distribuindo beijos traçando seu caminho. Beijou minhas pernas, subindo para minhas coxas, virilha, barriga, parando no decote do meu sutiã e desabotoando-o sem problema algum. Voltou seus beijos entre meus seios, subindo para meu pescoço me causando os arrepios que ele já sabia bem como causar, e por fim, veio aos meus lábios, em um beijo profundo, cauteloso, que quando ele já estava dentro de mim, não era como se fossem apenas trocas de toques sedentos por prazer. Não dessa vez. Eram toques, beijos, sons abafados e até mesmo unhas e mordidas que ansiavam pelo corpo um do outro. Pela presença um do outro. Em meio a tantas ondas de prazer e felicidade que aquele momento nos proporcionava, dessa vez – exclusivamente dessa vez – havia um significado maior, que nunca havia sido provocado em mim antes. Não por ele nem por ninguém. Nossos corpos se aproveitavam, se amavam, e era como se eles precisassem disso cada vez mais.   
 
Campo de Quadribol, terça-feira, 9:15 a.m.  
– Caramba, Charlotte, cadê o Draco? Ele já deveria estar aqui há vinte e cinco minutos. – Lerman reclamou e todo o time começou a debater o atraso do capitão.
– Eu não sou a babá dele, Lerman. – respondi irritada – Ele disse que teria que fazer algo hoje cedo, provavelmente se atrasou.
– Claro que ele se atrasou. – escutei uma voz extremamente nojenta atrás de mim e me virei lentamente, me deparando com Crawford – Ele não se preocupa mais com o Quadribol sabendo que a garota que ele come pode cuidar disso enquanto ele faz coisas mais importantes.
– O que você está fazendo aqui, Crawford? – perguntei me aproximando dele com raiva.
– Calma gatinha... Eu vou explicar – ele falou e eu senti um nojo absurdo me percorrer – O apanhador não está mais no time, como não teria mais tempo de fazer outra seleção para um apanhador, me colocaram no lugar dele.
– Como assim não tem mais apanhador? – alguém fez a pergunta que eu queria fazer enquanto me entalava com a raiva que sentia.
– É simples, ele pediu para sair. – Crawford respondeu vitorioso.
Eu larguei minha vassoura no chão e corri novamente para o castelo, já arregaçando as mangas de meu suéter. Draco na noite passada havia me dito que resolveria alguns problemas hoje cedo e eu tinha certeza que ele estava – como sempre – na sala precisa. Eu precisava contar para ele as barbaridades que Crawford estava dizendo e precisava que ele me ajudasse a expulsar aquele embuste do time outra vez. Subi correndo as escadas até o sétimo andar e me surpreendi ao ver a porta de ferro alta da Sala Precisa ainda ali, não pensei duas vezes em me aproximar dela e entrar de uma só vez.
Fiz silêncio, não por cuidado, mas sim por surpresa. Eu estava surpresa com a sala novamente do jeito que encontrei quando estive nela pela primeira vez. Móveis velhos amontoados até o teto, um lugar infinitamente maior do que o que estávamos na noite anterior, com milhares de artefatos bruxos que eu nunca tinha visto em todos esses anos. E quando me aproximei de um deles, a voz familiar me surpreendeu vindo de longe.
– Harmonia nectere passus.
Eu tinha certeza que era a voz de Draco, então segui para onde achei que ela estaria.
– Harmonia nectere passus.
E então um alto barulho de algo desaparecendo se instalou ao fim de sua frase, e eu consegui o avistar, de pé, em frente a um velho armário empoeirado completamente concentrado em algo que definitivamente não queria que ninguém soubesse o que era.
– Draco, o que está fazendo aqui? – perguntei assustada e ele se virou do mesmo modo.

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