Invernos

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Dormitório da Sonserina, sexta-feira, 10 :40 p.m.

''Querida Charl, aqui é o papai.

A mamãe mandou um grande beijo para você e se desculpou por não poder te escrever antes. Ela está extremamente ocupada. Muitas coisas no trabalho estão a estressando e o seu avô está lhe tomando muito tempo. Vejo-a muito triste diversas vezes por dia e já a vi chorando inclusive. Eu sei que não deveria lhe contar isso para que você não se preocupasse, mas é de sua mãe que estamos falando. Ela não reclama de nada, e quando ela fica triste, certamente subestima a tristeza como perda de tempo. A questão é : a casa está muito vazia sem sua presença, filha. Sem a presença de seus debates inteligentes e até mesmo de suas piadas fora de hora. O vovô amou as fotos que você mandou,era como se ele estivesse lúcido novamente, perguntou por você e como suas aulas estavam. Disse que mal pode esperar pelo natal e pelos biscoitos que você faz. É claro que toda a nossa felicidade acabou quando as luzes se apagaram e acordamos na manhã seguinte com um senhor rabugento e irritado jogando o prato de mingau na parede. Não está sendo fácil, Charlotte, ele está cada vez pior e sua mãe cada vez mais deprimida. Sentimos a sua falta, kiddo, e esperamos que quando você chegar com todo esse seu ar de magia, traga consigo um vovô saudável e uma mamãe feliz. Como estão as coisas em Hogwarts ? Espero que você continue indo bem em seus testes e se preparando para os testes de final de ano. Como estão as aulas de Aritmancia (eu aprendi !) com o rapaz insuportável ? Lembre-se, te educamos com toda dedicação para você dar bons socos em cada rapaz que lhe tirar a paciência. Me conte as novidades e dê um beijo em Beatrice. Não esqueça de a convidar para passar o feriado conosco. Seria ótimo recebe-la junto a sua família.

Beijos, papai.''

Quando terminei de ler a minha carta, me peguei em lágrimas involuntárias. Meu pai era o meu melhor amigo, e com suas palavras, eu podia ver que eu era sua melhor amiga também. Éramos cúmplices desde quando eu era uma criança, assim como eu era com o meu avô. Pensar no estado que vovô estava foi como uma facada no meu peito, a minha vontade era deitar na minha cama e me acalmar até que eu parasse de chorar por conta própria.

Guardei a carta na minha gaveta e limpei meus olhos borrados com o preto do lápis. Saí do dormitório ouvindo o som típico do salto do meu coturno batendo no chão e rumei para a sala comunal, encontrando ele lá, parado no batente da porta de saída do salão já quase vazio. Draco Malfoy. Ou como meu pai gostava de o chamar : o rapaz insuportável.

Seja lá a definição que Draco Malfoy merece, ele me lançou um sorriso de canto que eu me forcei para retribuir e ele abaixou a cabeça soltando uma risada fraca pelo nariz enquanto eu caminhava até ele.

– Está tudo bem em sua casa ? – ele perguntou sabendo que eu havia lido a carta que recebi enquanto estávamos juntos no salão comunal.

– Tudo sob controle. – respondi dando de ombros.

– Você já fingiu melhor. – ele falou passando seus braços pela minha cintura em um lugar reservado do salão.

– Meu avô está muito doente e minha mãe não está mais conseguindo segurar as rédeas. – falei soltando um peso invisível em meus ombros – Mas meu pai está lá.

– E você está aqui. – ele respondeu me fazendo encará-lo – Não pense nisso que é pior. Vamos dar uma saída ?

– Vamos. – respondi respirando fundo para segurar a minha tristeza no lugar – Eles estão esperando por nós no lugar de sempre. Blaise já foi ?

MisconceptionWhere stories live. Discover now