Outonos

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Dormitório da Sonserina, 31 de Outubro de 1996, quinta-feira, 7:00 p.m.

Era Halloween, e já havia se passado semanas após a notícia do ataque que foi feito em minha casa. Desde então consegui falar com meus pais direito por horas sem interrupções através da Sala Precisa, mas em nenhum momento consegui visitá-los. O Professor Dumbledore pediu para que eu não contasse com isso, então certamente o máximo que eu pude fazer foi agendar tudo para ir para casa no natal e estender até a celebração do ano novo.

As coisas com Beatrice tinham voltado ao normal, não que eu esperasse outra coisa, afinal, não foi a primeira briga que tivemos. Dessa vez foi só esperar que ela viesse conversar comigo, e minha felicidade pelo fato de meus pais estarem bem foi mais que suficiente que eu a recebesse com um abraço e poupasse-a das palavras.

Minha relação com Pansy também melhorou muito, e agora eu já estava completamente conformada de que ela e Beatrice não se desgrudariam, e eu não me acostumaria com isso a menos que a recebesse de fato para a nossa amizade. Ela se mostrou uma garota agradável, e já tivemos ótimas conversas juntas e trabalhos bem sucedidos quando nos reunimos. Também dividimos nossos passeios para Hogsmeade entre algumas bebidas e brincadeiras.

Sobre trabalhos bem sucedidos, eu resolvi finalmente ir a um dos jantares do professor Slughorn, e não foi de todo o mal, ele me convidou para a sua festa de natal, e quando eu pensei em recusar porque iria passar o natal em casa, ele me garantiu que a festa seria antes da véspera. Perdi a minha desculpa convincente, mas acho que posso lidar com uma comemoração a mais.

As coisas com Malfoy estavam atipicamente boas. Não era como se fossemos um dia virar melhores amigos, mas tínhamos uma relação muito engraçada de lidar com as provocações um do outro, que já tornou até rotina algumas tardes na beira do lago estudando Aritmancia e alguns cumprimentos com olhares mais amigáveis quando nos vemos no Grande Salão ou em algum outro lugar muito cheio de gente.

– Está pronta, Charlie? – Beatrice me perguntou enquanto penteava os cabelos.

– Quase. A capa está escondendo a roupa bem? ­– perguntei enquanto cobria meus jeans e minha blusa preta com a capa mais larga que eu tinha.

– Está sim, nem da pra ver. – opinou Pansy fazendo o mesmo – Charlie, você pode me emprestar um dos seus coturnos pretos?

– Claro. Pega ali no meu malão. – comentei enquanto guardava o meu batom escuro no bolso interno da capa.

– Vamos repassar, ok? – Beatrice falou quando já estava pronta – Vamos para o jantar de Halloween e ficar lá até os últimos minutos, porém hoje a chance de encontrar o Filch, ou pior, o Pirraça pelos corredores é bem maior, então precisamos sair em momentos diferentes. Quem vai primeiro?

– Eu vou. – Pansy se manifestou enquanto amarrava os cadarços.

– Ótimo. – Beatrice deu continuidade – Então Pansy se levanta e sai primeiro, vai pela passagem da pilastra depois da gárgula alta do corredor, quando viramos à esquerda. É muito difícil encontrar Filch lá nos últimos minutos do jantar.

– Tomara que a gata nojenta dele não esteja lá também. – Pansy lembrou – Tudo bem. Irei por lá.

– Depois sou eu. – Beatrice falou com um pouco de dúvida, mas eu assenti para que ela fosse a próxima – Eu vou pela passagem perto do banheiro feminino do segundo andar. Vou sair um pouco depois da Pansy.

– Mas esse não é o banheiro da fantasminha lá? – Pansy perguntou confusa.

– É a Murta, Pansy. – a corrigi – Se quer que ela guarde seus segredos, seja sua amiga.

MisconceptionWhere stories live. Discover now