17 de setembro

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Estou agitando meus dedos na grama de um campo verdejante, olhando para cima, vendo uma torre de muitos andares. Conforme olho com mais atenção, percebo que é feita totalmente de blocos de Jenga.

— Sua vez, minha querida! — Petermann grita. Ele está reclinado com leveza em um cabriolé atrás de mim, bebericando um coquetel com uma gigantesca flor cor-de-rosa flutuando. Longe, ao fundo, parece estar o Palácio de Versailles, mas sua fachada está entremeada de enormes pedras preciosas, como se uma família de pôneis de My Little Pony o tivesse comprado e acabado de terminar a reforma.

— Mas como chego à altura necessária? — pergunto, espiando o movimento perfeito: um bloco um pouco solto cerca de seis metros acima.

— Sergio vai ajudar você, é claro! — Petermann responde.
Nesse instante, Sergio desce zumbindo pela lateral da torre, suas plumas azuis parecendo quase elétricas no fulgor da tarde. Mas esse não é o Sergio de que me lembro. Esse Sergio é do tamanho de um dragão adolescente e está usando um lindo cachecol de lã italiano em torno do pescoço.

— Ciao , Alicia! — ele diz com entusiasmo. — Todos a bordo! Veniamo!
Subo em suas costas e ele dá uma volta ao redor da torre enquanto me inclino para a frente e aponto para aonde quero ir. Então puxo o bloco e o carrego nos meus braços enquanto Sergio me faz voar para o topo, onde cuidadosamente ponho o bloco.

— Brava! — Sergio exclama, e vejo lá embaixo Petermann erguer seus óculos em aprovação. Sergio me leva de volta ao chão e tenho que me sentar enquanto assisto a Brunilda jogar na sua vez, usando um grande colar de esmeraldas que complementa com perfeição sua plumagem. Ela usa seu bico para puxar um bloco com destreza e graciosamente o coloca no topo da torre, me dando uma piscadela quando a parabenizo.

— Bem divertido, hein? — alguém diz ao meu lado, e me viro para ver Max sentado próximo, ao meu lado, seus cotovelos descansando no topo de seus joelhos dobrados.

— Quando você chegou aqui? — pergunto, deslizando para perto para descansar meu queixo em seu ombro.

— Estou sempre aqui, Alice — ele diz calmamente. Então apoia sua bochecha no alto da minha cabeça. Surpreende-me como um gesto tão pequeno pode causar sentimentos tão grandes. Como às vezes você não percebe o nervosismo ou a tristeza que estava acumulando bem nas profundezas até que o toque de alguém que você ama arranca tudo isso de você, seu corpo inteiro desabafando. É assim que eu me sinto. Fecho os olhos para apreciar esse momento por completo.

— Cuidado! — alguém grita de cima, e olhamos para ver Petermann acelerando montado nas costas de Sergio, enquanto pedaços da torre de Jenga começam a cair. — Protejam-se! Mas, quando o primeiro bloco aterrissa, quicando e rolando pelo gramado, percebemos que não há perigo. Eles na verdade são apenas esponjas gigantes cortadas em tiras longas e grossas, e subitamente estamos nadando em um fosso de espuma, como os que tínhamos na minha antiga aula de ginástica no Bronx.

— Max? — digo. — Max? Onde está você? Mas, antes que eu realmente entre em pânico, sua cabeça surge saindo da pilha com um gigantesco sorriso.

— Estou aqui! — ele grita. — Eu já te disse. Estou sempre aqui.

O garoto dos meus sonhos - Lucy KeatingOnde histórias criam vida. Descubra agora