Bem-vindas à Batcaverna

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— Ei, Alice! — ouço Celeste chamar depois do Clube do Terrário, assim que estou destravando Frank para ir para casa. São em momentos assim que eu realmente queria estar usando meus fones de ouvido, para poder fugir do estacionamento como se não a tivesse ouvido. Estou exausta. Com o reitor e Delilah e Celeste, tem muita coisa que preciso processar. Mas meus fones de ouvido estão, como sempre, enroscados em um nó impossível no fundo da mochila.

— Ei! — digo, me virando e forçando meu maior sorriso. — Tenho que pedir um favor meio que grande — Celeste começa, mordendo o lábio enquanto caminha na minha direção. — Tem alguma chance de eu poder ir à sua casa antes da festa hoje à noite? Você deve morar aqui por perto se veio de bicicleta, não é? É só que eu moro bastante fora da cidade, e realmente não quero ir até lá e voltar. Pode ser meio divertido! A gente poderia se arrumar juntas, e eu poderia te contar as fofocas de quem vai estar lá… Há muitos pensamentos passando pela minha cabeça. Por exemplo, como uma das garotas mais adoradas da escola, a Celeste não teria tipo um milhão de pessoas com quem poderia estar? Eu me pergunto se ela está fazendo todo aquele esquema de “mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto”, mas apago essa ideia da mente quase de imediato. Ela não é esse tipo de garota. Será que ela, de verdade, quer ser minha amiga? Afasto todas essas perguntas da cabeça, porque tem apenas uma que está na ponta da minha língua.

— Que festa? — pergunto. Então: — Tem certeza de que eu fui convidada? Celeste ri.

— A coisa do Oliver — ela diz. Então ela parece nervosa:

— Espera, vocês não são amigos? Fecho os olhos, deixando minha cabeça cair para trás em exaustão.

— Já é sexta-feira? — pergunto.

— Sei como você se sente — Celeste diz. — Mas você deveria ir! Estou fazendo Max ir também. E aí você poderia conhecê-lo melhor, então ele pode provar que não é tão idiota quanto você viu semana passada. — Ela ergue a sobrancelha e ri. Forço uma risada também, mas alguma coisa nessa frase envia uma pequena chama pelas extremidades do meu corpo. Sim, estou bastante ciente de que Max e Celeste estão namorando. Estivemos falando dele a tarde toda. Mas a ideia de ele estar com ela, em um momento real combinado antes para vê-la, quando posso praticamente ainda sentir a cabeça dele descansando no alto da minha debaixo da torre de Jenga, quando a imagem de seu olhar no corredor ainda está fresca em minha memória, me faz querer vomitar, ou quebrar alguma coisa cara, ou os dois. Não entre em pânico, Alice, digo para mim mesma. Você pode fazer isso. Celeste é genuinamente legal, e ela está convidando você para passar um tempo com ela, e faria bem pra você ter amigos. E, além disso, você merece algumas respostas.

— Eu adoraria — respondo, mesmo que seja a última coisa que eu queira fazer.

— Isso é melhor que a Newbury Street! — Celeste exclama talvez pela décima vez, olhando para os lados deslumbrada. Estamos acampadas no meio do gigantesco quarto usado como closet pela vovó, com uma caixa de pizza de pepperoni no chão entre nós. — Sua avó tinha um gosto impecável. Meu pai não estava brincando quando disse que vovó guardou tudo. Estamos cercadas por roupas de todos os lados. E ele não estava brincando sobre a organização por cores também. É o arco-íris dos têxteis. Os lindos ternos de lã que ela usou quando mais velha, tweeds finos creme e verde-musgo. E peças que ela possivelmente não usou em anos, como vestidos de seda sem alças e minivestidos tipo mod e saltos que ela nunca conseguiria usar depois dos oitenta anos. Celeste e eu estávamos nos arrumando em meu quarto quando ela perguntou se poderia pegar alguma coisa “estilosa” emprestada, e eu, com muito medo de dizer a ela que não tenho nada nem remotamente interessante, dirigi nossa atenção para lá.

— O que é tão legal sobre Newbury Street? — pergunto. Estive lá algumas vezes desde que nos mudamos, uma para buscar algum café decente em um bistrô francês quando nosso moedor de grãos quebrou, e outra para comprar um novo par de botas de couro.

O garoto dos meus sonhos - Lucy KeatingOnde histórias criam vida. Descubra agora