CAP 35 - SEM ACREDITAR

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Era a terceira vez que o meu telefone me acordava. Ou melhor, que o Luan me ligava. Com os olhos ainda pesados de sono, estiquei a mão e peguei o celular que insistia em tocar.

Apenas atendi, já sabendo que era ele mais uma vez para perturbar minha noite.

- Era melhor eu ter ido pra essa festa com você, já que não me deixou dormir a noite toda, né?

"Liana Ferraz?" - uma voz grossa e rouca do outro lado da linha, fez com os meus olhos se abrissem instantaneamente com o susto.

- É ela, quem fala? - perguntei ao olhar pro visor e não encontrar nenhuma identificação do número que me ligava.

"Aqui é o Delegado Gomes." - Ele ficou em silêncio e eu não respondi nada, não sei se esperava por alguma resposta para então continuar, mas eu não respondi.

Meio segundo depois, que mais me pareceu uma eternidade em silêncio, ele resolveu continuar.

"Srta Liana, estamos ligamos porque o seu número é o contato de emergência do Sr. Luan Martins."

- Luan? O que aconteceu com o Luan? Ele tá preso? - Era só o que me faltava agora, ser acordada quase 6h da manhã, por que o Luan arrumou alguma briga numa cidade do interior e tava preso.

"Srta. o Sr Luan sofreu um acidente de carro, juntamente com a Srta Andressa. Estamos ligando pois o seu número..."

Seria uma completa mentira se eu dissesse que escutei tudo o que o delegado continuou a falar. Não! Eu não escutei mais nada.

Meu cérebro parou de processar qualquer informação na parte do "acidente de carro" e pronto. Desse momento em diante eu estou aqui, estátua, petrificada, segurando o celular no ouvido, mesmo que não tenha mais ninguém na linha e olhando pro nada. Apenas sinto as lágrimas escorrendo no meu rosto.

Meu corpo parou. Não sei se foi uma auto defesa do meu organismo contra a dor que iria me matar naquele momento ou simplesmente por medo. Não sei o que aconteceu, mas eu não conseguia ter nenhuma reação. Eu estava em estado de choque literalmente.

Para completar tudo, eu estava sozinha em casa.

Comecei a sentir o meu corpo novamente, quando o Rodrigo e a Rafa chegaram e vieram até o meu quarto. Então, quando Rodrigo me abraçou, foi como um balde de água fria me acordando para a realidade.

Eu gritei. Eu joguei coisas no chão. Eu xinguei. E por fim, eu chorei igual uma criança.

- Lia, fique calma, ele vai precisar de você. Nós precisamos ir até o hospital.

Rodrigo tentava falar e me atualizar sobre tudo. Afinal, já eram mais de 10h da manhã e eu ainda não sabia de nada.

-Lia, ele precisa de você! Ele vai querer que você esteja lá quando ele acordar, e você tem que ser forte pra passar essa força pra ele.

Não entendia nada. Tudo era confuso. Eu tinha que ser forte? O que aconteceu com ele que ele precisa de mim? Minha cabeça girava em milhões de dúvidas e apenas uma certeza.

- Eu quero ir agora pro hospital. Eu quero ver o Luan. - Eu gritava desesperadamente.

Rodrigo não perguntou nada. Saiu do quarto para que Rafa me ajudasse a trocar de roupa e em seguida já fomos direto para o Hospital. Meus pais já estavam lá com os pais do Luan. Eu fui a única que tive uma pane geral e paralisei e por isso ainda não estava no hospital.

ERA PRA SER VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora