CAP 45 - O SHOW

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2011

Faltavam dois dias para a nossa viagem, tudo já estava organizado e Felipe era o próprio sinônimo de alegria e entusiasmo.

Até o momento, as coisas iam bem, estávamos animados para o show e parecia realmente que tudo iria acontecer como tínhamos planejado.

— Lia, acorda!

— Lia, você consegue me ouvir?

— Liana?

Ao longe eu escutava várias vozes me chamando. Tudo estava escuro e eu não conseguia entender o que estava acontecendo, nem onde eu estava. Meus olhos estavam pesados, tentava abri-los, mas não conseguia, depois de um esforço surreal, enfim consegui.

— Que bom que você acordou!

Eu estava deitada em um sofá, várias pessoas em pé me olhando. Fui aos poucos voltando ao meu sentido e me sentei.

— O que aconteceu comigo? — perguntei.

— Você estava andando no corredor e desmaiou. Eu te peguei e te deitei aqui no sofá. — Bruno falou.

Bruno era um dos rapazes que trabalhava no Marketing da empresa, mas ele tinha sido promovido também e agora coordenava todo layout da impressão. Todo mundo falava que ele tinha uma queda por mim, mas sempre tentei não dar muito espaço para as piadinhas dele.

Se Felipe pelo menos sonhasse com isso, a confusão estava feita. Então, eu tentava ao máximo ficar longe dele, mas como editora chefe agora, nosso trabalho caminhava lado a lado e tínhamos que sempre estar em contato.

— Acho que você passou mal, a pressão deve ter caído. — Lore, uma das minhas assistentes, entrou na sala falando. — Toma aqui, eu trouxe um chá de boldo pra você se sentir melhor.

A cada passo dela, a cada aproximação do cheiro daquele chá, senti minha barriga revirar e a ânsia de vômito crescendo. Corri para o banheiro.

— Me ligaram dizendo que você passou mal. — Rafa entrou no banheiro falando. — Misericórdia!! — gritou ao me ver vomitar. — Você tá grávida?

Arregalei os olhos e vomitei mais ainda. Não. Definitivamente NÃO! Aquilo não podia ser gravidez, eu estou apenas passando mal.

— Não inventa! Só passei mal.

— Sei, passou mal. E ontem? Quando você fez a gente sair daqui até a beira mar, só porque estava com vontade de comer o peixe do Alfredo?

Olhei para ela, tentando processar tudo.

— Tava com vontade, uê, não pode mais não?

— Meio estranho, mas tudo bem. Agora vamos na farmácia comprar um teste.

— Não, Rafa. — Senti o medo crescer. — A viagem é depois de amanhã, eu faço quando eu voltar. Não quero estragar tudo.

— Estragar? Mas por que estragaria?

— Não sei se é isso que Felipe quer, além do que, eu ainda não me sinto preparada pra isso.

Rafa, por fim, desistiu de me convencer a fazer o teste, eu queria viajar sem isso na cabeça, mas a dúvida foi bem pior.

Na quinta pela manhã, Felipe passou na minha casa para irmos pro hangar. No caminho, ele perguntou diversas vezes se tudo estava bem, eu respondi que sim, mesmo estando para morrer por dentro. Não sei a quem eu queria enganar, já que não sou muito boa de esconder o que sinto, meu rosto e meu humor, já me entregam logo de cara.

Ele aumentou o som, pra variar, tocando Cristiano Araújo, uma música que eu amava e ele sabia, estávamos parados em um sinal, ele olhou pra mim, virou meu rosto com a mão e olhando nos meus olhos cantou a música.

ERA PRA SER VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora