CAP 13 - O DIA QUE TUDO MUDOU

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Flashback

Março de 2005

O dia começou normal, como todos os outros dias; acordei cedo, fui pra faculdade e voltei pra casa. Depois do almoço me deitei um pouco, queria falar com ele, queria ouvir a voz dele, como em todos os dias anteriores, peguei o celular, mas não liguei. Escrevi uma mensagem, mas desisti de enviar.

- Vamos Liana, já está na hora de ir pra academia, você está pronta?

Minha mãe perguntou e percebi que ela já estava na garagem. Me troquei rapidamente e saí.

Já eram mais de quatro horas da tarde quando cheguei na academia. Sara e Rafa estavam na lanchonete, me sentei com elas e pedi uma água de coco.

- Você vai fazer aula de spinning depois do treino? – Sara me perguntou.

- Ainda não sei, vai depender da minha disposição. Hoje estou sem ânimo. – Respondi bebendo minha água de coco e olhando pra rua.

A lanchonete da academia tinha entrada tanto por dentro como pela rua também. Ficava numa rua não muito movimentada, mas sempre tinha algumas pessoas passando pela frente. Felipe morava a alguns quarteirões daqui, então eu sempre ficava olhando na esperança de encontrá-lo.

Fomos pra nossa aula de dança. Nossa aula durava duas horas e era bem puxada, estávamos treinando uma coreografia para um festival que teria em Joinville, e nossa equipe tinha sido classificada. 

Entre a aula de dança e nossa aula de forró, nós temos um intervalo de trinta minutos e nesse intervalo geralmente a gente comia alguma coisa. Descemos até a lanchonete e enquanto eu tomava uma vitamina, olhando pra rua mais uma vez, eu o vi passar.

Sim, era ele. Ele estava passando do outro lado da rua, de calça jeans, tênis e uma blusa branca. Tinha as mãos dentro do bolso da calça, soltei o copo e levantei rapidamente.

- O que foi que aconteceu, onde você vai? – escutei Sara perguntar. Eu apenas respondi já saindo pela porta.

- Felipe tá passando ali, eu tenho que falar com ele.

Só o simples fato de falar o nome dele eu já sentia meu coração acelerar. Há exatamente 5 dias havíamos feito sexo. Há exatamente cinco dias eu tinha perdido a minha virgindade com ele. Há exatamente cinco dias eu não conseguia pensar em outra coisa. E há exatamente cinco dias eu não tinha mais falado nada com ele. Não tinha notícia nenhuma dele e isso estava me matando.

Já era noite, por volta das sete e quinze mais ou menos. A rua não tinha movimentação e nesse exato momento, não tinha ninguém a não ser, ele.

Atravessei a rua correndo, ele já estava se aproximando do final do quarteirão. Corri em sua direção e então quando ia chegando perto dele, chamei seu nome.

- Felipe! – não gritei, mas falei alto suficiente a ponto dele me escutar e então parar de andar e se virar pra me olhar.

Parei de correr e fixei meus olhos nos seus. Ele tinha uma expressão triste, os olhos estavam nebulosos e vermelhos, acho que tinha uma mistura de raiva, tristeza e decepção. Minhas pernas congelaram ao ficar cara a cara com ele.

Tinha algo errado com ele, isso eu tinha certeza. Ele não falou nada, não disse uma palavra. Apenas me olhava com uma expressão nada receptiva. Ele parecia estar incomodado com alguma coisa.

Eu abri a boca pra falar alguma coisa, mas as palavras demoraram um momento eterno pra sair.

- o que aconteceu, Felipe? – por fim, consegui falar.

ERA PRA SER VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora