CAP 6 - ASSISTINDO FILME

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Dezembro de 2007

Cheguei em casa atordoada, com o carro batido e uma dor de cabeça infernal. Mas que coisa chata isso. já sabia que eu ia levar uma bronca do meu pai, como eu fui me distrair e bater o carro? Isso era inacreditável.

Ao entrar na sala me deparo com meu irmão deitado no sofá, com os pés no colo da Taty. Taty namorava o Léo a pouco tempo e um dos passatempos deles era assistir filmes.

Estava indo em direção a escada quando escutei meu nome.

- Lia, senta aqui, vem assistir com a gente. - Taty falou levantando um balde de pipoca em minha direção ao mesmo tempo que Léo me mostrava a mão cheia de barras de chocolate.

- Acho que vou aceitar o convite.

Caminhei até o sofá e me sentei na ponta oposta a que eles estavam

- E ai gente, qual o filme?

- Taty escolheu aí, acho que é uma comédia romântica, esses besteirol que vocês gostam.

- Cala a boca Léo, esse filme é muito bom. Você vai gostar Lia. Chama-se Doce Lar.

Pego um punhado de pipoca no balde deles e fico olhando pra televisão. Uma comédia romântica é justamente o que eu preciso pra esquecer meus problemas, um filme leve e engraçado.

Precisava me distrair da confusão que estava minha cabeça com a volta de Felipe, o meu namoro com Fernando e ainda por cima, passar o natal com os dois juntos. Isso iria me matar. Sem contar a revelação de que Fernando mentiu pra mim e não foi ficar com a família dele naquele final de semana, minha cabeça ia explodir.

Tem momentos na vida que tudo que uma garota precisa são filmes meia boca, romances com finais felizes, pipoca e chocolates, com companhias agradáveis e engraçadas. Eu tinha tudo isso.

Mas pra minha total sinceridade, acho que eu estava bem mais interessada nessas pipocas e no chocolate, do que no filme que estava passando bem na minha frente.

Meu objetivo ao sentar no sofá era sair do meu mundo de problemas, fugir da minha realidade e esquecer tudo que está acontecendo. Mas com apenas trinta minutos de filme, vejo que isso não será possível.

Pra minha infelicidade total, eles escolheram um filme que conta a história de uma garota que está noiva e que volta para sua cidade natal reencontrando o seu amor de infância.

Juro que ninguém merece isso. Mas que droga! O universo só pode estar conspirando contra mim.

Eu não consigo fugir do meu dilema. E quando a protagonista encontra Jack, fica totalmente impossível não pensar em Felipe. Na realidade, eu ainda não tinha parado de pensar nele em nenhum momento. Por mais que eu tente, ele ocupa meus pensamentos da hora que eu abro os olhos, até a hora em que vou dormir, algumas vezes, ele também ocupa meus sonhos.

Algum tempo depois, eu já estou empanzinada de tanta pipoca, quando o tal noivo aparece na cena.

- Qual você escolheria, Lia? - Taty me pergunta.

- O quê? - Sou pega de surpresa com a pergunta.

- Jake ou Andrew?

- Ah, não sei.

- Não sou muito fã desses filmes, meninas, mas tá na cara que a loirinha ai tem mais afinidade com o Jack. O outro está meio sem sal. - Léo interrompeu a nossa conversa dando a opinião dele.

Eu volto a olhar pro filme, me sentindo na pele da protagonista.

É incrível e surreal como eu estou me conectando tanto com a personagem do filme. Jamais pensei que ao sentar nesse sofá pra assistir uma comédia romântica boba eu iria me afetar tanto

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