ERA PRA SER VOCÊ

CAP 47 - SEM CHÃO

Acordei assustada no sofá do apartamento de Felipe. Ainda era uma hora da manhã, ele não tinha chegado e o seu celular tinha ficado aqui.

Peguei meu celular e liguei para o Rodrigo, ele me ajudaria a ir atrás dele.

— Liana? Aconteceu alguma coisa? — Ele já atendeu o telefone com uma voz apreensiva.

— Briguei com Felipe, ele saiu com raiva, ainda não apareceu e pra completar, ele não levou o celular.

Ele tentou me acalmar, já que eu estava chorando, e disse que ia me encontrar no apartamento para juntos irmos atrás dele. Seria um pouco difícil achar, mas Rodrigo sabia os lugares que ele costumava ir e principalmente onde ele se esconderia.

Depois de uns 15 minutos, Rodrigo chegou no apartamento junto com Gab. Eu tive que explicar toda a história para os dois e ainda mostrei a mensagem.

— Felipe é um idiota, mesmo. — Gab bufou, com raiva. — Vamos logo atrás desse menino.

Rodrigo foi dirigindo, pois sabia os lugares que ele possivelmente estaria, mas contando que hoje era segunda-feira, muitos dos lugares estavam fechados.

Passamos em restaurantes, pracinhas, lugares que eu nem sonhava que existia eu fui, até em bares escondidos eu entrei.

Quando chegamos em um bairro mais distante, Rodrigo entrou em uma rua tão estreita, que eu não sabia se ali realmente o carro conseguiria passar, mas acabou passando. Ao final da rua tinha uma praça com algumas mesas e na esquina um bar com mais mesas dentro e uma música brega que se ouvia no interior do bar.

Ele parou ao ver o carro de Felipe estacionado.

— Ele tá aqui. Deve tá lá dentro.

— Eu vou. — Falei já descendo do carro.

— Liana, deixa eu ir. — Gab falou. — Se ele tiver de cabeça quente, só vai piorar.

— Eu vou. Ele tem que me ouvir. — Sair andando apressada e entrei no bar.

Não tinha muita gente, 3 homens em uma mesa do canto e encostado em uma coluna estava Felipe beijando uma mulher.

Eu paralisei olhando a cena. Sem acreditar em nada daquilo, sem querer que isso fosse verdade. Mas era.

Ele parou de beijar ela, cantando alguma música brega que estava tocando, pegou a cerveja na mesa e quando virou pra frente me viu.

— Liana, você está aqui. — Sua voz era tão embolada, que mal dava pra entender.

— Felipe, o que você tá fazendo? — Eu estava calma, mas as lágrimas escorriam pelo rosto igual uma cascata.

— O mesmo que você, meu amor. — Ele abraçou a tal mulher e deu mais um beijo nela e depois me olhou. — É bom sentir isso não é?

— Felipe, pára com isso, vamos pra casa. — Rodrigo apareceu, segurando ele pelo braço e puxando pra fora do bar.

Eu não conseguia falar nada, só olhei aquela cena e senti meu coração ser arrancado do peito.

— Não, eu não vou.

— Felipe deixa de ser criança, vamos agora.

Enquanto eu olhava aquilo tudo, sem conseguir ter nenhuma reação a tudo que estava acontecendo, as lágrimas insistiam em cair ainda mais.

Gab chegou me abraçando e aí foi que o choro aumentou.

— Agora você chora? Quer se fazer de vítima, não é? — Felipe gritou e veio em minha direção.