A manhã posterior se iniciou num solavanco para todos. E com o pé esquerdo, claro.
— Venham ver! Venham ver isto! – gritava aos montes o brasileiro.
Todos se puseram de pé, um tanto quanto sujos de areia. A turma que havia ficado na embarcação estava distante, mas também se ergueram. Watson saiu do convés segundos depois, segurando a metralhadora alemã. Logo, todos já estavam a postos e olhavam diretamente para onde a ponta dos dedos de Cláudio apontavam. O farol havia desaparecido.
Houve um grande burburinho, e o Capitão Barnes tomou frente em seguida. Deu um passo adiante e encarou aquilo friamente. Não havia mais nada. A elevação rochosa na qual se erguia a torre do farol, já não estava mais ali. Apenas o oceano. Seus lábios tremeram, mas ele foi firme. Recuou.
— Para o inferno com essa ilha maldita. Vamos consertar o barco, rapazes. Vamos dar o fora daqui. Todos nós. – decidiu rispidamente. Seu uniforme oficial sequer era usado, agora vestindo uma regata branca, salpicada por grãos de areia.
Sullivan e Larsson caminharam junto a Barnes, mas logo o primeiro se recordou do repentino sumiço de Smith.
— Para onde foi mesmo o detetivede São Francisco?
Watson, então, trocou olhares frios com Evelyn, e tomaram frente a falar. Perante a todos ali, sem papás na língua.
— Sullivan, você não se lembra da busca pela floresta ontem a noite? Você, Petersen e Louis. Eu fiquei com a inglesa.
— Bem, agora que você falou, eu realmente me lembro de algo.
— Do que, exatamente? - questionou a moça ao entrar na conversa.
— Bom, lembro-me vagamente que saímos mata a dentro, é verdade. – logo, o professor e o detetive juvenil concordaram. — Depois, lembro de deitarmos nas areias e dormirmos.
A dupla se encarou novamente, e Evelyn se propôs a contar o que houve com Harrison Smith.
— O detetive Smith está morto.
Ossussurros se alastraram. O turco Çakir segurou o choro, enquanto o Padre Wilsonabraçou fortemente o brasileiro Cláudio, que vestia uma camisa da seleção futebolística de seu país tomada por sujeira. Manoel Gonçalves, um estudante português de pouco mais de 20 anos e que também estava entre os inscritos, levou suas mãos a cabeça. Seus dedos morenos se enrolando ao cabelo cor de chocolate. O restante se tomou por silêncio em seguida. Era um medo avassalador, e posteriormente, ao serem questionados com mais profundidade, Evelyn e Watson disseram não ter cabeça para falar agora. Nas palavras do ex-militar, em um momento mais propício, explicariam melhor o que houve.
Na noite que se aproximou, Watson e Evelyn se reuniram na ponte de comando da embarcação junto a Barnes, Sullivan e Larsson. Esclareceram o que de fato havia acontecido e como se deu a morte de Harrison Smith. Realmente fora suicídio, mas houve toda uma cirscunstância obscura por trás. Precisamos contar isso para o restante da embarcação, cogitou Sullivan. É loucura! Imaginou Larsson, e Barnes se manteve eretil e olhando para o maldito horizonte que se punha adiante.
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A Ilha da Loucura
AdventurePor volta da década de 90, o Capitão John Barnes e mais dezesseis envolvidos saíram em uma viagem de busca a respeito do desaparecimento de um companheiro de trabalho. Jonathan Hill e sua tropa marítima de exploração havia se aventurado em um estudo...