⚓ CAPÍTULO 13: Brisa

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   Para o grupo do capitão, aquela madrugada parecia não ter fim

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   Para o grupo do capitão, aquela madrugada parecia não ter fim. Tudo continuara tão noturno quanto horas antes, quando Ieyasu havia deixado-os. Ventava demasiadamente, e após um curto período de tempo, o trio, composto por Barnes, Larsson e Allen, percebeu que Nielsen e Wilson não estavam com eles.

   O demonologista e o padre provavelmente se separaram do restante quando, tomados pelo medo ao ver a criatura maligna e Ieyasu em confronto, correram sem tomar as devidas noções de espaço e proximidade com os outros.

   Ambos se encontravam em uma região desolada de todos os dois grupos no momento. A noite, fria como gelo cobriu os dois homens. O padre, com sua batina rasgada e arrebentada pelo sobrevivencialismo contrastava com as roupas longas e escuras do demonologista, também gastas pelo lugar onde passavam os últimos tempos. Wilson já não conduzia mais sua pistola, e Nielsen sequer manteve sua lanterna e lança usufruida pela morte de Cláudio em dias anteriores. Muito claro que ambos perderam seus pertences ao correrem da morte. O padre observou o céu.

   — Então, meu amigo. Em que lugar você acha que estamos?

   — Acredito eu que, se Wendigo, como bem pude observar se fez presente. É possivelmente o Canadá.

   — Já viu coisas piores em seu serviço?

   — Não servem para efeito de comparação.

   O padre guardou seu escapulário, manchado e desgastado. Ele permaneceu de pé, e Nielsen apontou para o céu.

   — E então, você vê? - disse ao esticar sua mão direita em direção a uma constelação. — É Andromeda.

   — Sim, meu caro. Filha de Cassiopeia, da mitologia grega. Acorrentada a uma rocha para ser devorada pelo monstro marinho Cetus.

   — O senhor é muito inteligente.

   — Digo o mesmo.

   Os dois se aproximaram um pouco mais, enquanto mantinham seus pescoços alinhados e de olho nas estrelas. O padre, tinha em sua feição total calmaria, e Nielsen o admirava, de tal modo sombrio. A conversa, aparentemente, não tinha nem pé e nem cabeça, sendo de total desconexão com a realidade do início ao fim.

   — Ieyasu morreu epicamente.

   — De fato, bom padre. Como um grande samurai.

   Passado a brisa, e uma conversa de cunho místico, o padre olhou para o horizonte um pouco mais a frente. Como se enxergasse algo ao fim de tudo aquilo.

   — Diga-me, o que você acha sobre a morte?

   — Só a conhece, quem sabe o que é a vida, não é mesmo?

   — E para aqueles que dizem que a morte nada é?

   — Tolos. A morte é no fundo de toda a obscuridade que doma nossas vidas, um portal e uma passagem.

   — Mas você não a teme, meu bom homem?

   — O senhor que me responda, padre. "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam."

   O padre riu, respirou suavemente. Encolheu os lábios ao que retornou seus olhos a Nielsen. O homem sorriu maquiavelicamente para o senhor de batina.

   — Está pronto para partir? O que me diga?

   — Todos nós temos de estar. É a trajetória da vida humana onde todo homem realiza.

   Um breve silêncio tomou conta, e uma brisa refrescante tensionou seus corpos. Wilson e Nielsen foram tomados por uma solidão contínua, e o demonologista mencionou ao padre a visão de uma criatura, cujas memórias remetiam ao passado e a criação da humanidade. Nas palavras do próprio, sua aparência horrenda, como bem descrito, petrificaria qualquer um que o olhasse, levando ao estado de completa loucura, desejando nunca ter nascido. O padre, contraiu os lábios, e o dia então amanheceu.

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