Capítulo 4

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Isaac

Nem todas as histórias começam do princípio. A minha, por exemplo, se iniciava pelo fim.

O fim de um romance.

Aos quinze anos, achei que tinha encontrado o amor da minha vida. Ainda hoje me lembrava da empolgação daqueles primeiros meses. O meu peito se expandia mais a cada vez em que a via. A conheci no colégio, quando mal passávamos de crianças que se achavam adultos e eram meros adolescentes.

O nosso relacionamento havia sido uma chama que queimou intensa, brilhante e forte. Foi tudo muito rápido. Aos dezesseis, tornei-me pai e marido. Aos vinte, estava divorciado. A chama intensa consumiu-se com os problemas diários, com a infância perdida, com o desgaste de tomar conta de uma criança quando ainda não sabíamos nem cuidar de nós direito.

Isso, no entanto, ficou para trás.

Dez anos se passaram e por mais que eu sentisse falta de ver o meu filho todos os dias, sabia que a separação foi a melhor opção para nós. Afinal, não adiantava insistir em um relacionamento fracassado. Às vezes, achava estranho chegar em casa e não ter uma família me aguardando. Por outro lado, não podia reclamar da vida de solteiro. Era, no mínimo, divertida e prazerosa

Era uma pena que a minha vida tranquila, na qual eu fazia o que queria, chegasse ao fim. Com meu pai doente e decidindo se aposentar, me vi obrigado a parar de ministrar boa parte das minhas aulas de literatura para assumir os negócios da família, que iam muito além da Classic, uma rede de escolas de alto padrão. Eu me tornei CEO de uma faculdade, de uma gráfica e distribuidora de livros paradidáticos. Foram-se os tempos de paz.

O que eu não imaginava, era que o verdadeiro caos viria somente após um ato impulsivo em uma noite qualquer...

— Deixa eu ver se entendi direito: você comprou a virgindade da sua ex-cunhada em um leilão? — Julian pediu a confirmação do que eu tinha acabado de contar.

— Não esqueça que é ex-aluna também — Leo complementou, achando tudo muito divertido. — E estagiária!

Era domingo à tarde e eu achei que pedir conselho aos meus amigos seria uma boa ideia. Não queria espalhar a história do leilão pela cidade, mas Leonardo era um tagarela e não demorou três segundos para compartilhar com Julian a confusão em que eu havia me metido antes de prometer que não diria a mais ninguém.

— É, eu fiz isso.

Tomei um gole de soju, um equivalente coreano da cachaça, e a bebida desceu queimando. Ele morava a uma rua da minha casa, que também era perto da de Julian. Decidimos morar no mesmo condomínio fechado. Era prático em momentos como aquele.

Julian caiu na gargalhada, até o ponto de quase se engasgar. Ele colocou a mão em meu ombro:

— Como foi que você disse para mim? — questionou com deboche. — Tu tá muito fodido! — Encarou a aliança em seu anelar direito e uma suavidade dominou o austero rosto. — Não que eu esteja reclamando.

Meu amigo passou anos em um ciclo vicioso de trabalho e mulheres para esquecer os problemas do passado, até que Débora entrou em sua vida e o fez enfrentá-los. Desde então, um peso foi tirado de suas costas e ele se tornou uma pessoa mais leve. Principalmente nas últimas semanas, quando sua gravidez foi confirmada.

— E tem um detalhe, preciso convencê-la a desistir do leilão ou corro o risco de perder o meu passe, Dante foi incisivo quanto a isso. Já imaginou não poder ir mais lá?

Ambos chiaram, nem um pouco dispostos a ficar sem o acesso ao nosso clube favorito. Mesmo Julian, que estava noivo, o frequentava com Débora. Ele também era sócio de Dante, sendo responsável pelo restaurante do térreo.

(AMOSTRA) O professor CEO e a virgem que quer se venderOnde histórias criam vida. Descubra agora