Capítulo 14

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Com as mãos trêmulas e frias por conta da temperatura que estava do lado de fora da casa, eu fui tirando a tampa da caixa com cuidado, e quando eu abri o suficiente para começar a ver oque estava dentro da caixa, saiu de lá de dentro um cheiro horrível, de alguma coisa que já estava apodrecendo. Quando eu terminei de tirar a tampa, me deparei com algo que qualquer pessoa de estômago fraco vomitaria naquele momento. Dentro da caixa, tinha uma mão, obviamente cortada de alguém, estava até com o relógio ainda. Isso estava ficando ridículo, oque eu faria com aquilo? Daqui a poucas horas o sol vai nascer e provavelmente a polícia vai achar mais um corpo por aí, e a mão desse corpo está dentro do meu quarto! Será que ele estava tentando me incriminar de novo? Acho que não, ele é inteligente demais para fazer a mesma coisa duas vezes. Acho que ele só está me testando sob pressão, é igual uma batata quente, só que no lugar de uma batata tem uma mão, ele jogou pra mim e falou "se vira".

Penso mais um pouco no que poderia fazer, só que não me vem muitas ideias. Decidi por fim enterrar a mão, no meio da floresta, em um buraco bem fundo, para os cães farejadores não conseguirem sentir o cheiro. "Ok, está decidido", vou até o meu armário e pego algumas meias velhas que eu deveria ter jogado fora durante a mudança, mas decidi ficar com elas sabe lá porque, ainda bem que fiquei, elas seriam bem úteis agora. Com cuidado, coloco a mão dentro de uma meia, e depois de outra, e depois outra, até ficar uma bola de meia bem grande, me baseei em um livro para ter essa ideia, nesse livro, o vilão enterra um corpo envolto de um monte de lençóis, para atrapalhar o cheiro a se dispersar, a minha ideia era a mesma, só que um pouco diferente.

Pego aquela bola de meias e desço com cuidado as escadas, vou até a garagem e pego uma pá que os antigos donos da casa tinham deixado para trás, "Ainda bem!", penso. Pego a pá e começo a entrar na floresta, desvio um pouco da reta da minha casa e chego perto de um laguinho, decido cavar ali mesmo, porque a água iria ajudar ainda mais a não sentirem o cheiro pútrido da mão. Foco em cavar o mais fundo possível, para ser bem difícil de desenterrar aquilo.

Depois de algum tempo cavando, por volta de uns 15 minutos, acho que já está bom o suficiente e jogo a bola de meias lá no fundo e cubro de terra, coloco um pouco de mato por cima para despistar e volto para casa. "Finalmente me livrei daquele troço". O dia já estava amanhecendo, deveria ser por volta das 5:30 da manhã, chego em casa e abro a porta com cuidado, tentando fazer menos barulho possível, vou até a garagem e guardo a pá, mas quando estava voltando para dentro de casa, encontro com meu pai, de roupão.

- Opa, tudo bom? - Digo para meu pai, tentando parecer o mais normal possível, tentando não parecer que eu acabei de enterrar uma mão humana.

- O que está fazendo aqui garoto? - Diz meu pai com um ar nada amigável.

- É que... eu ia dar uma corrida. - É o melhor que consigo pensar no momento. - Só que eu lembrei que hoje tem treino de basquete, então achei melhor não ir, para poupar energia sabe.

- Pois é, parece que ultimamente você não tem poupado muita energia durante as noites né. - Diz meu pai com uma cara estranha.

- É... - Dou uma risadinha de canto de boca.

- Vai dormir vai, mais tarde a gente conversa sobre essa garota ficar dormindo aqui.

- Tá bom.

Subo para o meu quarto o mais rápido possível, tiro as minhas roupas, que estavam todas sujas de terra, "não sei como meu pai não percebeu", penso comigo mesmo, mas ainda bem que não, deve ter sido por causa da escuridão que estava na cozinha. Deito na cama bem devagar, pois a Victoria ainda estava dormindo, "Que sono pesado". Tento dormir, mas era impossível depois de tudo que tinha acontecido, vejo o tempo passar até chegar às 6:45, o horário que eu havia programado o despertador. O alarme toca, e já era hora de levantar de novo.

Center Ville: O despertarOnde histórias criam vida. Descubra agora