Mathias nunca foi do tipo que começa uma conversa, mas quando viu Ícaro, foi impossível não tentar se aproximar. Só havia um problema: Ícaro era surdo e Mathias não sabia Libras. Mas, nenhum dos dois estava disposto a deixar isso ser uma barreira en...
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As coisas ficaram um pouco estranhas por uns dias depois da ida a ONG. Mas, não havia muito que eu ou o Mathias pudéssemos fazer sobre, acho que mesmo que tenhamos conversado, por um tempo eu só precisei ficar irritado e chateado e ele entendia isso. Gostava que ele fosse tão compreensivo.
É que, sei lá... Ciúmes pegam em inseguranças que eu nem sequer lembrava que tinha. Tinha sido um golpe forte voltar a sair de casa no ano anterior e descobrir que meu então namorado estava namorando outra pessoa e se esqueceu de terminar comigo. E, não sei... Quando o Mathias contou sobre o ex, deu a entender que não tinham problemas, que terminou ainda gostando dele, que só terminaram porque ele parou o tratamento para HIV e... E aí, ele ficou todo bobo olhando pra ele e eu... Meio que surtei. E foi péssimo o fato de que ele pareceu saber que tinha mexido com essa insegurança quando conversamos.
Mas, a tensão passou... Depois que o Mathias foi lá em casa e transamos no sofá da sala enquanto Lexi tava num encontro. O que posso dizer? Uma boa transa, depois de uma conversa legal e uma semana afastados, resolve muita coisa. Pode não resolver todos os problemas de um casal, mas, definitivamente resolveu esse.
Mathias riu baixinho enquanto eu deixava mais alguns beijos em seu pescoço.
"Cacau?" – apontei para os arranhões em seu braço enquanto me deitava de lado no sofá.
"Brava!" – ele fez careta. – "Eu fui ver ela ontem e ela tava de mau-humor."
"Você foi a O-N-G ontem?" – arqueei a sobrancelha e suspirei baixo enquanto tentava me mexer, mas meus músculos pareciam achar que já tinha me mexido demais e querer que eu continuasse parado mais um tempo.
Mathias mordeu o lábio e deu de ombros, se espreguiçou antes de sentar no sofá. Observei as marcas vermelhas que deixei em suas costas. Aquilo arderia no banho, pensei.
"Só para ver a Cacau, aproveitei pra confirmar que dia vou poderei buscá-la. Já confirmaram que minha casa é segura pra gatos, então logo ela vai poder ir comigo."
"Legal. Quando você vai buscar ela?"
"Depois de amanhã."
Concordei e me obriguei a me sentar, o cansaço ainda pesando. Mathias me olhava de forma hesitante, quis revirar os olhos porque, apesar de eu ter sido bem ciumento mesmo, não acho que tenha sido o bastante para ele ficar tão receoso. Mas, era o Mathias, né? Tudo o deixava assim!
Cheguei mais perto e deixei um chupão mais forte no seu pescoço, o bastante para deixar uma marca. Suas mãos fecharam sobre minhas coxas e suspirei contra sua pele.
"Tenho certeza que a Cacau vai amar sua casa." – falei me afastando um pouco.
Quem precisa de aliança quando pode só deixar uma marca?
Mathias levou a mão ao pescoço, me olhou desconfiado e riu entendendo.
