Brigas e Vídeos

892 116 164
                                    

O primeiro dia de aula foi assustador

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O primeiro dia de aula foi assustador. Não tinha um motivo exato para ser assustador, mas foi. Não teve um instante em que não tivesse querido voltar para casa. Mas, a pior parte foi ficar no fogo cruzado entre Fernando e Marcelo. Existem poucas coisas piores do que ficar entre a briga do seu ex-namorado com o atual dele.

Tinha tomado o remédio para a ansiedade hoje porque meu pai me convenceu a pelo menos esperar passar os dias do corpo se acostumando a química antes de decidir que o remédio não me fazia bem. E aquele remédio realmente me deixava avoado.

Escondi o rosto nas mãos enquanto a luz que anunciava o intervalo acendia e apagava, irritando minha vista. Senti um toque no braço e me afastei.

Respirei fundo antes de erguer os olhos.

"Tá tudo bem?" – Marcelo perguntou de forma preocupada.

Antes a proximidade do Marcelo não incomodava muito, mas depois de ter começado a terapia, conversando com o Tales, começou a incomodar. Mesmo quando só me perguntava se eu estava bem, percebi que a sensação que me passava era como se, de alguma forma, ele ainda exercesse algum controle sobre mim. "Tudo bem querer manter uma boa relação com ex-namorados, mas, se afastar dos que te fizeram mal não é imaturidade." Foi o que o Tales disse, mas, tinha aquela parte de mim que não queria admitir que Marcelo tinha me feito mal.

Mas, claro, Tales tinha razão. E comecei a prestar mais atenção no jeito que Marcelo falava e agia e... Realmente era bizarro mantê-lo por perto. E eu nem entendia porque fazia isso já que nem o queria perto!

Então, não gostei de como ele me olhou preocupado e como ficou na sala esperando para ver se eu estava bem quando nem meus amigos não tinham ficado (a pedido meu). Não gostei especialmente de ele ter colocado a mão no meu braço. Eu conhecia bem o toque do Marcelo e esse toque parecia trazer a meu corpo, memórias fortes o bastante para que meus braços doessem como se me arrastasse pelo chão da garagem novamente.

Não era nada bom.

"Eu tô bem. Não vou descer." – respondi e busquei algo em volta para poder me focar e evitar seu olhar.

"Tem certeza que tá bem? O que tá acontecendo?"

"Não é da sua conta." – bufei ainda mantendo meus olhos ao redor, na lousa, nas mesas em círculos, no armário de metal no fundo da sala, na tinta branca descascando das paredes... Em qualquer lugar que não fosse o Marcelo.

"Ícaro, sei que não temos a melhor relação de todas, mas se não tiver se sentindo bem, pode me contar, eu posso ajudar."

Dei risada, me levantei.

"Eu sei bem qual sua noção de ajuda, Marcelo. Não quero. Pode ir. Conhece o ditado? Melhor só que mal acompanhado."

Marcelo abriu e fechou as mãos, sem saber o que falar.

SinaisOnde histórias criam vida. Descubra agora