Palavrões e Coisas do Tipo

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Ícaro parecia profundamente envergonhado enquanto tentava soletrar os palavrões para mostrar os sinais em seguida, mas sempre que estava quase acabando de soletrar, escondia o rosto nas mãos por pelo menos dois minutos

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Ícaro parecia profundamente envergonhado enquanto tentava soletrar os palavrões para mostrar os sinais em seguida, mas sempre que estava quase acabando de soletrar, escondia o rosto nas mãos por pelo menos dois minutos.

Não vou mentir, era adorável.

"Pensa assim..." — falei quando ele ergueu o rosto novamente. – "Palavrões são palavras iguais todas as outras, mas que alguém decidiu que eram palavras feias. Mas, são iguais todas."

"Não são não!"

"São sim!"

"São palavras feias."

"Ensina logo, Ícaro!"

"Eu tô com vergonha!"

"Por favor!"

Ele virou o rosto respirando fundo antes de soletrar:

"P-U-T-A" – ele colocou a mão aberta na frente do rosto, os dedos encostaram no nariz, girou o pulso levemente.

"Assim?" – imitei o sinal e ele confirmou com a cabeça, abaixou os olhos, ainda envergonhado. – "Então, assim é filho da puta?"

Ícaro fez careta. – "Normalmente só surdo que convive muito com ouvinte faz assim. Eu faço. Mas, me disseram que pra gramática de Libras é errado. A adaptação certa desse xingamento seria 'sua mãe é puta."'

Abri e fechei a boca, franzi a testa.

"É estranho que eu ache 'sua mãe é puta' muito mais pesado que 'filho da puta'?"

"O sentido é o mesmo."

"Mas, é mais pesado." — insisti franzindo mais ainda a testa.

"Amor, é a mesma coisa."

Neguei com a cabeça e voltei minha atenção à aula de Libras. – "E como fala C-O-R-N-O?"

Ícaro deu de ombros, levantou uma mão na frente da testa numa configuração que pensei ser a de Y antes de perceber que era o seu dedo indicador que estava levantado e não o polegar.

"Bem autoexplicativo."

"Tem dois sinais para V-A-G-A-B-U-N-D-O. Esse..." – ele fez um sinal com as mãos cruzadas em frente ao peito batendo nos ombros. – "É o que não faz nada da vida. E esse, é o bandido..." – ele bateu a mão no quadril, como se imitasse um cara batendo na arma guardada.

"De novo, bem explicativo." – observei. – "Acho que não tem como eu xingar alguém em Libras na rua, né? Não sem ela perceber que eu tô xingando. Só se eu usar o sinal de puta."

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