Guerra Biológica

02 - Recomeço

Axel Wood, aquele garoto ordinário, acaba por tornar-se um garoto extremamente especial por mérito da escolha individual de Slade, também conhecido como Eric Terry, o comandante da empresa de tecnologia Labris. Sequestrado três anos atrás, foi modificado para tornar-se um ciborgue, uma arma de guerra de extremo poder de fogo.

No entanto, para isto, os anos restantes de sua infância foram roubados para serem focados no desenvolvimento de seu projeto. Axel já não tinha mais a humanidade que tinha três anos atrás. Sua mente não passa de um baú com memórias borradas e danificadas.

Encurralado numa situação perigosa, o garoto jaze ao chão, aceitando qualquer destino que lhe tenha sido determinado naquele momento.

Passaram cerca de quatro horas desde que caiu ao chão contra os zumbis...

Axel acorda deitado, com o olhar fixo para o horizonte. Ele vê uma lâmpada de LED branca acesa, iluminando sua visão e o restante do compartimento. Olhando para sua direita ele vê o que parece ser instrumentos de enfermaria como bolsas de soro, estetoscópios e outras coisas. À sua esquerda, ele vê mais instrumentos e alguns papéis empilhados.

Mas, acima de tudo, ele nota que não está algemado ou preso a equipamentos de modificação. Ele está deitado sob uma maca confortável, sem qualquer coisa que possa obstruir seus movimentos.

Uma pessoa, um homem alto, branco, de estatura robusta, feições japonesas e cabelo curto castanho-escuro adentra a sala e nota Axel acordado. — Ufa! Você tá vivo! — o homem vira seu tronco para trás e grita. — Lucy! Vem cá, o moleque acordou!

— Tô indo, calma aí! — ouve-se gritos vindo de outra sala.

A moça de nome Lucy, de feições também japonesas, cabelo longo preto de franja reta cobrindo as sobrancelhas, óculos estilo hipster e trajando um jaleco branco entra na sala. — Ele já acordou? Ele falou alguma coisa, Hiro?

— Na verdade eu vi agora, talvez ele possa ter acordado há mais tempo.

— Ok, certo, vamos ver então. — Lucy senta-se numa cadeira ao lado da maca. — Olá? — disse para Axel.

Axel continua com seu olhar morto e sem se mexer, não demonstrando nenhum sinal de consciência sóbria.

— Ele parece estar desacordado, não sei... — Lucy começa a pensar. — Pega pra mim a lanterninha de 9096 por favor? Quero testar uma coisa.

— Beleza. — disse Hiro indo em direção a uma mesinha com gavetas — Tá aqui na gaveta de baixo, né?

— Isso!

Enquanto Hiro busca pela lanterna clínica de 9096, Lucy tenta falar com Axel. Apesar de estar estático com os olhos abertos, ela percebe que ele continua respirando normalmente. — Seu cabelo é muito lindo, menino! Lembro que tinha uma menina no ensino médio que tinha o cabelo parecido com o seu, mas o dela era maior eu acho.

— Já tá contando a história da menina da escola de novo? Ainda por cima pra um moribundo? — disse Hiro num tom sarcástico e cômico.

— Ah! Cala a boca e me dá essa lanterna vai! — respondeu Lucy com uma pequena risada, enquanto Hiro entrega a lanterna. — Agora vamos ver se isso vai funcionar... fica esperto aí caso ele se estresse. Não me deixa morrer!

— Vai tranquila.

Lucy afasta o cabelo dos olhos de Axel, liga a lanterna, alterna o foco para superconcentrado e lentamente aproxima a luz dos olhos de Axel vindo da esquerda para a direita. Em reação à luz da lanterna, suas pupilas mínguam como deveriam.

Axel se move. Seus olhos piscam e sua expressão fica mais alerta e aparentemente consciente. Foi como se ele tivesse acordado. Ele levanta, com Lucy segurando suas costas. Axel olha profundamente para Lucy tentando lembrar de seu rosto. — Ma... mãe? — disse, confuso, mas principalmente em busca de saber se sua mãe está ali por ele. Sua voz está lenta e fraca, quase como se já não soubesse falar direito.