Me ecosto novamente sob a bancada, sentindo meus olhos pesarem e meu corpo todo necessitar de cafeína. Parece que estou na mesma posição por horas, apenas observando a inquietação de Payton e seu olhar inebriado, talvez irritação, mas não consigo discernir ao certo.
── Estou exausta, o que você tem para me dizer, diga logo! ── Encaro o uniforme azul do hospital em meu corpo.
── Você realmente não sabe?
── Payton. ── Suspiro aos esfregarr minhas têmporas.
O meu plantão havia durado dezessete horas, as dezessete horas mais excruciantes da minha vida e eu apenas queria tomar um banho para finalmente deitar. Mas Payton havia dito que queria conversar e aqui estamos nós, por quase vinte minutos em um silêncio desconfortável, com bufos e gestos preenchendo o ambiente.
── Seu soubesse, não estaria lhe perguntando.
── Parece que está cega. ── Ele diz num sussurro.
── Por que?!
── Você não vê o que está acontecendo bem debaixo de seus olhos? Não vê o quão distante de nós, de Olivia está?
── Não, não vejo, apenas me vejo à algumas horas no hospital, apenas isso. Algo que demorei anos para finalmente conseguir.
── Porra, você chega tarde e vai direto para o banho e depois mal fala conosco.
── Payton é meu trabalho! ── Exclamo ainda sem entender o motivo de toda sua irritação.
── S/n é sua família! ── Seu tom de voz aumenta conforme o mesmo se apoia sob a geladeira cinza atrás de si.
── Então você quer que eu deixe tudo para trás? Largue todos esses anos de medicina?!
── Porra, não! Apenas peço que dê um tempo para nossa filha, é dificil compreender?
── Realmente, é! ── Tento me recordar da última vez que vira Olívia e realmente fazia alguns dias. Finalmente compreendi o que o garoto estava me dizendo, há dias, mas que achei ser apenas coisas de sua mente.
── Caralho, S/n! Você também quis ter ela, eu não te forcei a nada, não usamos camisinha por opção sua. ── Payton diz de forma grosseira ao lançar um olhar rude em minha direção.
── Não jogue tudo em cima de mim, porque conversamos sobre isso! ── Minha cabeça latejava conforme ouvia a sua voz e também os ruídos, por mais baixos que fossem, ecoando em meu cérebro. Reverberando de forma alta e grosseira.