Roubando Vidas

《0.8》

Ally tocou a campainha e esperou por um longo tempo, mas parecia não ter ninguém em casa. Suspirou e já ia para o carro, mas parou seus passos ao notar um par de olhos azuis lhe observando.

Voltou os poucos passos que deu e bateu na porta outra vez.

- Senhora Duncan? Eu sei que está em casa, sou a agente especial Brooke, eu sou do FBI e estou ajudando a polícia local em um caso! - Ela disse um pouco mais alto, mas mesmo assim, a mulher não foi abrir a porta. - Escuta, eu só quero conversar e te devolver o seu anel! - Ouviu a chave girar na fechadura e logo a porta foi aberta, revelando uma mulher de cabelos loiros.

- Como posso ajudá-la, agente Brooke?

- A senhora é Susan Duncan? - Ela afirmou com um aceno de cabeça. - Ótimo! Nós podemos conversar um pouco?

- Nós não temos nada para conversar, eu só quero que me devolva o meu anel.

- Sinto muito, mas nós precisamos mesmo conversar. - A mais velha permaneceu em silêncio, como se não estivesse disposta a falar com ela. - Olha, talvez a senhora possa ser o que falta para resolvermos esse caso e finalmente acabar com tudo isso. A menos que queira uma conversa com meus amigos ali. - Apontou em direção ao carro, onde os outros dois as olhavam de longe.

- Tudo bem, entre, por favor. - Susan deu passagem para Allyson entrar e trancou a porta em seguida. - Sente-se, eu vou preparar um chá para nós. - Nem deu tempo de Allyson responder, a mulher já a deixou sozinha, indo em direção ao que Brooke julgou ser a cozinha.

Se levantou e deu uma boa olhada ao redor da sala, gravando cada detalhe em sua mente. Se aproximou de uma das estantes e observou as várias fotos que estavam nos porta-retratos.

- Curioso... - Murmurou para si mesma ao ver a foto de uma menininha. Ela era linda, naquela foto deveria ter uns sete ou oito anos.

- Ela tinha nove anos. - Ouviu a voz de Susan se fazer presente bem ao seu lado, ela olhava a foto da menininha e seu pensamento parecia distante. - Se chamava Courtney.

- Uau, ela era uma criança muito linda. - Comentou a loira e observou os cabelos da garotinha eram pretos, os olhos azuis e as sardas a deixavam ainda mais fofa. - O que aconteceu com ela?

- Foi assassinada pela irmã gêmea. - Respondeu Susan, deixando claro o tom de amargura em sua voz. - Kyra era o nome da irmã. - Ela explicou e tirou um porta retrato de trás de um outro que estava ali. - Essa era a Kyra, sempre muito violenta se comparada com a irmã, ela sempre foi a mais fechada, solitária... Até que um dia eu voltei para casa e Courtney estava na piscina, ela já estava morta.

- Eu sinto muito. - Tentou consolar, mas a mulher apenas balançou a cabeça, como se já houvesse superado.

- Tudo bem, isso já faz muitos anos. - Pegou o porta retrato de Kyra na mão de Allyson. - Deixa que eu guardo para você. - Comentou, recolocando a foto atrás das outras. - Venha, vamos tomar chá!

As duas seguiram para o sofá que tinha ali perto, Susan serviu o chá das duas e assim que pegou sua xícara, já levou os olhos à Allyson.

- O que aconteceu com a Kyra?

- Ela fugiu depois de completar a maior idade, fiquei sem notícias dela durante anos. Até que ela reapareceu em um necrotério, eu mesma reconheci o corpo dela.

Ally concordou levemente com um aceno de cabeça e tomou um gole do chá, mesmo que sua mente estivesse a alertando que talvez tivesse algo naquele chá.

- Mas após esse ocorrido, segundo o depoimento de um policial local, a senhora disse ter visto Kyra andando por entre as pessoas, não foi isso?

- Sim, eu disse isso ao policial e de fato eu a vi, era ela e disso eu tenho certeza, andava puxando a orelha, uma mania que tinha desde pequena

- Tudo bem. - A agente disse por fim, deixando sua xícara de chá na mesa. - Muito obrigada pela conversa, senhora Duncan. Tenha certeza de que foi muito esclarecedor essa nossa conversa.

- No que eu puder ajudar, sabem onde me encontrar. - Disse Susan, com um sorriso gentil.

- Pode deixar, muito obrigada. - A loira se levantou e as duas foram até a porta de entrada. - Ah, eu esqueci a minha bolsa. - Se lembrou ao tocar a mão na maçaneta da porta.

- Tudo bem, eu vou buscar para você. - Ela disse e logo sumiu do campo de visão da loira.

Allyson aproveitou a ausência da mais velha e analisou a área em que estavam. Seus olhos focaram em uma pequena corda saindo de baixo de uma estante de livros.

Não pôde deixar de ficar curiosa, afinal, ela era policial e tudo era motivo de desconfiança.

Tirou seus olhos daquela corda ao ouvir os passos da mais velha se aproximando, sorriu ao vê-la estender a bolsa em sua direção.

- Obrigada, senhora Duncan. - Disse e abriu a bolsa, entregando a mulher o anel que tinham encontrado. - Até logo.

Caminhou de volta para o carro, podia sentir o olhar de Susan queimar suas costas, mas ela não se importou e entrou no carro.

- Como foi? - Liam perguntou.

- Foi uma conversa muito boa. - Se limitou a dizer e logo estavam de volta a estrada.

Chegaram na delegacia bem rápido, Ally puxou Liam para a sala de reuniões e fechou a porta, fazendo o mesmo com as persianas.

- O que foi? - Ele parecia confuso, isso estava estampado no rosto dele.

- Lá na casa da senhora Duncan, eu notei uma corda na estante de livros e acho que pode ter algo ali.

- Você acha? - Ela concordou. - Confio no seu julgamento, mas não vamos conseguir um mandato para isso, pode ser qualquer coisa.

- Nós não precisamos de um mandato, é só irmos lá quando ela não estiver e podemos investigar do que se trata.

- Não podemos fazer isso, estaríamos quebrando as regras, Ally. - Ela o olhou, sorrindo com a língua entre os dentes.

- E se tiver uma agente que não conhece as regras?

Liam sorriu e negou com a cabeça, nem respondeu a pergunta da loira, sabia que mesmo se ele não concordasse, ela iria do mesmo jeito.

E ele estava muito certo, ela iria até lá naquela noite e iria descobrir o que era aquela corda, mesmo sendo contra as regras.