Montreal, dias atuais...
As ruas lotadas quase se não dava para andar direito, eram pessoas para todos os lados e dentre essas milhares de pessoas, se encontrava a senhora Boswell.
Ela andava rápido, como se tivesse acabado de ver um fantasma e, de fato, achava que sim. Afinal, acabara de ver sua filha andando pela rua sem nenhuma preocupação e isso não seria motivo de espanto, se não fosse pelo fato de sua filha estar morta.
Caminhou apressadamente até o policial mais próximo, um velho gordo e bigodudo, que comia uma de suas rosquinhas açucaradas, sentado no banco da praça.
- Senhor policial, senhor policial! - Chamou ela apressada. - Me ajude, eu acho que acabei de ver minha filha.
- Isso não é problema, senhora. - Fez pouco caso e voltou a encher sua enorme barriga.
- De certo que não seria um problema, mas isso não seria possível, a minha filha está morta! - O homem parou a rosquinha que levaria a boca e levou seus enormes olhos para a senhora ali de pé.
- Então não era a sua filha, minha senhora. - Ralhou irritado. - Veja bem, na sua idade é comum que as pessoas vejam coisas que não estão lá, não se alarme tanto. Um calmante pode ajudá-la.
- Ora, por acaso pensa que sou louca?
- E não é? Por Deus, quem alega ver a filha morta andando por aí no meio das pessoas, não pode estar sã.
- Isso é uma afronta! Eu irei escrever uma carta de reclamação a seu respeito e pedirei ao seu superior, seu afastamento imediato!
- A senhora não faria isso, até mesmo o meu superior a taxaria de maluca! Só iria passar vergonha, minha senhora.
- Isso é inacreditável, você deveria estar aí para ajudar as pessoas e não está fazendo isso! Pelo contrário, está aí me ofendendo, me humilhando moralmente e me taxando de louca! - A mulher explodiu em um choro, o que atraiu a atenção das pessoas que passavam por ali.
- Não chore, por favor! Está chamando atenção!
- Mas é para isso mesmo! O senhor não dá atenção ao meu problema, eu só estou pedindo que acredite em mim! - Elevou a voz.
- Senhora, está tudo bem? - Uma das pessoas que paravam para prestar atenção na cena, perguntou.
- Sim, ela está ótima! Não precisa se preocupar, eu vou acompanhá-la até a delegacia e lá poderá dar um depoimento para o delegado.
[...]
- Eu a vi... Eu juro que vi! Ela andava puxando a orelha, uma mania que tinha desde pequena.
- Mas isso não seria bom? Digo, para a senhora, não seria bom que sua filha estivesse viva? - Um suspiro escapou pelos lábios da mulher, ela estava em uma luta interna entre contar ou não, mas se queria ajuda, não poderia esconder nada.
- Bom, até seria, mas...
- Mas?
- Bom, como vou dizer isso? Minha filha era uma mulher muito perigosa. Não perigosa... É, sim! Ela era mesmo.
- Perigosa em que sentido?
- Bom, digamos que quando viva, ou no passado, eu não sei dizer bem, mas podemos dizer que ela era uma menina agressiva.
- Pois bem, senhora Boswell, conte-me desde o início.
- Eu não sei bem quando começou, mas minha filha era muito agressiva com outras crianças, até que um dia elas foram sumindo. Todas elas. Uma a uma. Nós não fazíamos idéia, afinal, ela era apenas uma criança! Mas ela cresceu e foi aí que tudo explodiu.
- Explodiu em que sentido?
- Bom, um dia estávamos em casa, apenas eu e ela, então ela chegou, se sentou e me contou tudo. Ela me disse tudo, me falou que foi ela quem matou todas aquelas crianças e que os corpos que encontravam, era ela!
- E porque a senhora não chamou a polícia?
- Eu não acreditei, ela era minha filha, eu me recusei a acreditar naquilo. E quando eu enxerguei que a minha menininha tinha virado um monstro, eu tentei chamar a polícia, mas no dia em que eu liguei, ela foi encontrada morta.
- Eu sinto muito, nós vamos colocar um policial para tomar conta da sua casa. Pode ser?
- Eu não vejo necessidade nisso, eu só fiquei impressionada com o que vi.
- Mas se a senhora disse que ela era perigosa, mesmo que tenha sido algo da sua imaginação, nós preferimos que um agente fique com você.
Mesmo com a senhora insistindo que não era necessário, o delegado achou que seria melhor.
Por fim, levaram a senhora Boswell de volta para sua casa em segurança.
Os casos de assassinatos estavam cada vez mais frequentes, a polícia local já não conseguia dar conta de tantos crimes.
Liam Payne era o chefe da polícia local, em toda a sua extensa carreira na polícia, nunca havia visto tantos casos como aquele.
Eram crimes perfeitos, sempre mulheres e os corpos sempre eram encontrados anos depois. Não era fácil de entender tudo aquilo, eles precisavam de uma ajuda de fora.
Payne se lembrou de uma amiga que tinha na época de faculdade, mesmo que eles não tivessem muito contato depois de se formarem, Liam deveria tentar.
Allyson Brooke era uma renomada agente do FBI, mesmo com pouca idade, Ally tinha um histórico mais do que invejável.
Brooke conseguia enxergar coisas que os outros não podiam, ela era, com toda a certeza, o que Liam precisava para resolver todos aqueles casos.
Payne ligou para Allyson, rezando para que sua amiga pudesse lhe ajudar com aquela questão. Vibrou momentaneamente ao constatar que Allyson ainda estava com o mesmo número de celular que havia lhe dado quando mais novos.
- Agente Brooke! - Um suspiro escapou pelos lábios de Liam.
- Allyson! Olá, quanto tempo!
- Perdão, quem está falando?
- É o Liam... Liam Payne!
- Oh, Liam! Caramba, quanto tempo! Como vai?
- Eu estou ótimo, então... Eu sei que isso vai ser muito estranho e eu vou entender se a sua resposta não for positiva.
- Não fala assim, você sabe que eu sou curiosa! Vamos, me conte, seja lá o que vai ser estranho.
- Tenho um desafio para você. Nós estamos com muitos casos de assassinatos e não está sendo nada fácil. - O silêncio reinou naquela ligação, Liam chegou a checar se Ally ainda estava ouvindo. - Allyson?
- Eu amo desafios. Pode contar comigo!
Liam agora podia sentir que estava por vir um novo rumo naquelas investigações.
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Roubando Vidas
FanficUma assassina traiçoeira está se passando por uma de suas vítimas enquanto viaja por todo o Canadá. Uma onda recente de assassinatos em Montreal trouxe a agente do FBI Ally Brooke para o norte para investigar.