《0.9》

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Naquela noite, Allyson ficou de tocaia próxima a casa de Susan, ela sabia que a mulher não estaria em casa naquele horário, pois enquanto ela observava a sala, viu na agenda uma consulta com um médico.

Aguardou mais alguns minutos e logo viu Susan sair de casa. Ela estava sozinha, o que não surpreendeu a loira, afinal, ela morava sozinha.

Observou a senhora Duncan dar a partida no carro e aguardou até que seu carro sumisse da vista da loira. Assim que não via mais o carro da mais velha, Ally saiu do carro e foi até a porta de entrada.

Usou uma ferramenta que pegou no departamento e com uma facilidade invejável, conseguiu abrir a porta e se esgueirou para dentro da casa.

As luzes estavam apagadas, então Ally preferiu deixar daquele jeito mesmo, iluminando o caminho por uma lanterna que também tinha levado.

Foi até a estante de livros e para a sua surpresa, a corda ainda estava ali, isso significava que Susan não havia notado que Allyson percebeu aquilo.

Se abaixou e puxou o pedaço da corda à mostra. Não se surpreendeu quando uma porta se abriu, revelando uma escada que descia para um lugar escuro.

Desceu as escadas de madeira, graças a luz da lanterna, a loira podia enxergar os degraus para descer. Estava agora em um cômodo que parecia um quarto velho e empoeirado.

Ali havia uma cama de madeira velha, o colchão mofado e rasgado indicava que fazia anos que ninguém dormia nele. Do outro lado do pequeno quarto tinha uma espécie de mesa com alguns bonequinhos feitos de arame, também havia um urso grande e sem cabeça.

Os curiosos olhos castanhos olharam ao redor, sem deixar passar nenhum mísero detalhe. Os desenhos presos nas paredes eram perturbadores, pessoas mortas, animais e todo o tipo de coisas relacionadas a tortura.

O cheiro do mofo e da poeira irritava o nariz da loira, sentia seus olhos arderem mais a cada segundo, mas não sairia dali enquanto não tivesse um pista.

Observou a cama e caminhou até ela, analisando o colchão com as mãos. Se deitou na cama e usou a lanterna para iluminar a madeira que estava bem a sua frente.

Franziu o cenho com o que estava escrito ali, em letras arranhadas, ali estava gravado um nome: Kyra Duncan.

Allyson não escondeu a surpresa por ler aquilo escrito ali, afinal, Kyra dormia ali? E se sim, qual seria o motivo?

Brooke teve os pensamentos interrompidos por dois braços que se enrolaram ao redor de seu pescoço, a enforcando. Entrou em desespero por não conseguir respirar e tentou a todo o custo, se livrar daqueles braços.

Se debateu e quando sentia que iria perder a consciência, os braços se soltaram de seu pescoço e Ally pôde ver uma mulher correr escada acima.

Não conseguia respirar direito, seu corpo ainda não estava com a circulação de ar normalizada, mas mesmo assim deu um jeito de se levantar e correu para tentar alcançar a mulher que quase a matara, mas só encontrou a porta de entrada aberta. Ela havia fugido!

Respirou fundo diversas vezes e voltou para dentro da casa, não voltou para onde estava antes, apenas fechou a porta que estava escondida no meio dos livros.

Saiu da casa, trancando a porta outra vez e foi para o carro. Teve a horrível impressão de que alguém a estava observando, mas olhou ao redor e não encontrou ninguém.

Deu partida e seguiu de volta para a pousada em que estava hospedada. Foi direto para o banho, demorou um pouco e foi se vestir ao terminar.

Não colocou um pijama como era de se esperar, na verdade, colocou uma roupa comum e saiu do quarto em que estava.

Caminhou até uma lanchonete que havia ali perto, estava com fome, mas não queria comer na pousada. Se sentou e pediu um de seus sanduíches favoritos.

Observou algumas pessoas bebendo e jogando dardos, o balcão estava sujo com cascas de amendoim, o lugar era mesmo horrível, mas eles tinham o melhor sanduíche de linguiça.

- Vejam só, eu não esperava encontrá-la aqui. - Allyson tirou os olhos do jogo de dardos e levou sua atenção a voz que chamou sua atenção. - Como vai, agente Brooke?

- Senhorita Jauregui, que prazer em vê-la novamente! - Abriu um sorriso gentil ao notar a mulher de olhos verdes se sentar ao seu lado. - Como você está?

- Ah, tirando os pesadelos que ainda estou tendo, vou muito bem. - Lauren olhava ao redor a cada segundo, como se estivesse assustada, com medo de algo.

- Está procurando alguma coisa?

- Não, c-claro que não! - Ela gaguejou.

- Você mente muito mal. Eu sou do FBI, esqueceu? Consigo ler suas expressões corporais e sei que está mentindo.

- Tudo bem, desde que eu fui lá dar o depoimento sobre a morte daquela menina...

- A Madison. - Concluiu a agente, dentro de um suspiro.

- Exatamente, desde aquele dia eu estou tendo a estranha sensação de que alguém anda me seguindo.

- Como assim? - Perguntou a loira, se ajeitando no banco, dando a Lauren toda a sua atenção. - É só sensação ou já viu algo suspeito?

- Eu não vi nada, eu só sinto que tem alguém me vigiando... Às vezes tenho a impressão de que estou sendo seguida. É loucura, eu sei!

- Não! Não é loucura nenhuma, eu vou falar com o Liam e nós vamos colocar alguns seguranças para fazer a sua proteção.

- Se você achar melhor, eu concordo e agradeço.

- Eu acho melhor sim, nós vamos fazer sua proteção, pode ficar tranquila.

- Isso é ótimo, obrigada. Aliás, que bom que eu a encontrei aqui, eu ia justamente procurá-la pela manhã, eu gostaria de te convidar para ir a minha exposição no sábado a noite.

Ela estendeu um convite cor de rosa para a loira, que aceitou o mesmo de bom grado e não demorou a abrí-lo.

- Tudo bem. - Disse por fim, após ler o convite. - Eu estarei lá e por via das dúvidas, também faremos a segurança do evento.

- Sério mesmo? - Allyson concordou com a cabeça. - Isso seria ótimo!

- Tudo bem, vejo você no sábado, senhorita Jauregui. - Piscou para a morena e após pegar seu sanduíche, Lauren observou a agente sair da lanchonete.

Jauregui esboçou um sorriso, sentiu seu coração acelerar brevemente ao ver a agente sorrir para ela antes de se retirar.

Lauren sentia que algo intenso viria.

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