Emma & Jake

Capítulo 1

Emma

A melhor época do ano finalmente chegou, se quer saber minha opinião.

Assim que entro no Stepanova Ice Center, percebo que a decoração natalina já tomou conta de todos os cantos do local. Há uma árvore de Natal enorme na entrada, enfeites de Papai Noel, renas, bonecos de neve e coisas do tipo espalhados por todo o Centro.

Além da decoração, o que também chama minha atenção é o anúncio do Especial de Natal, fixado por alfinetes coloridos no quadro de avisos.

O Especial de Natal é um evento beneficente realizado há anos pelo Stepanova Ice Center. Durante um final de semana, o rinque fica aberto ao público em geral, seja para patinar à vontade ou para ter aulas de patinação artística. Já durante a noite, acontecem as apresentações dos patinadores – a atração principal do Especial.

Fico feliz por poder participar e ajudar todos os anos. E esse ano não será diferente; já estou até ensaiando uma apresentação ao som do instrumental de A Dream Is a Wish Your Heart Make.

Quando chego ao vestiário, empurro a porta decorada com um Papai Noel de patins e entro. Algumas meninas mais novas já estão aqui, aglomeradas perto dos armários e fofocando enquanto calçam seus patins, ajustam suas meias ou prendem o cabelo.

Preciso passar por elas para chegar ao meu armário, por isso é inevitável escutar parte de sua conversa.

— Tem certeza? – uma garota loira, que sei que se chama Addison, pergunta.

— Tenho, Addie. Jake vai estar no Especial no domingo, pode apostar.

— Ah meu Deus, então nós temos que vir no domingo! – outra menina que eu não sei o nome diz, empolgada.

— É o que eu estou dizendo.

— Será que ele vai ver as apresentações?

— Espero que sim.

— Ele é tão gostoso! Seria o máximo se ele viesse, não é? Quem sabe uma de nós tenha alguma chance com ele.

— Ele não fica com ninguém que seja matriculado no Centro, Lia.

— Bobagem, aposto que isso é só conversa.

Eu reviro os olhos, aliviada por ter chegado ao meu armário. Mais uma palavra delas sobre Jake Stepanova e eu teria um colapso.

Sério, elas têm o quê? Quinze, dezesseis anos? Não deveriam estar tão preocupadas com a possibilidade remota de chamar a atenção de um cara de vinte anos.

— Bom dia – cumprimento Julie enquanto digito a senha do meu cadeado.

Julie Margaret Ross (ou Jules) está sentada próximo aos nossos armários, que ficam localizados lado a lado. Ela está mexendo no celular, mas o deixa de lado assim que ouve minha voz.

— Já de mau humor, Emma?

— Não, só acabei de ouvir algumas besteiras – respondo, baixando o tom de voz e apontando para o grupo de garotas discretamente com a cabeça.

— Ah, normal – Julie dá um sorrisinho – Nós também já fomos jovens empolgadas um dia.

— É, mas nós nunca chamamos o filho dos donos de gostoso no meio do vestiário – argumento.

— Só porque você não gosta dele.

Dou de ombros. Julie está certa, afinal de contas. Deixo minha mochila no armário, pegando apenas meu celular com os fones de ouvido e minha garrafa d'água antes de fechar a porta.