Capítulo 13

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Jake


A última pessoa com quem eu imaginava me encontrar hoje é Emma.

Isso porque eu não vim ao Centro esperando encontrá-la "ao acaso". E mesmo se tivesse, provavelmente não teria dado certo, já que ela saiu de férias há algum tempo.

Por isso, quando saio pela entrada de funcionários e vejo uma garota debaixo da chuva, andando tão rápido quanto uma lesma e sem nenhum guarda-chuva para se proteger dos enormes pingos de água, me surpreendo ao descobrir que se trata de Emma Wright.

— Você é maluca? O que você está fazendo parada debaixo dessa chuva?! – eu pergunto assim que a alcanço, procurando entender o porquê dessa atitude. 

Também tento dividir meu guarda-chuva com ela, o que acaba nos deixando tão próximos que Emma precisa erguer o rosto para me encarar. 

No momento que ela faz isso, percebo que seus olhos não têm mais o mesmo brilho habitual (seja aquele brilho de felicidade ou aquele brilho feroz que ela constantemente exibia quando eu estava por perto). Perceber isso faz com que eu sinta um peso no estômago porque, de alguma forma, eu sei que ela não está bem.

— Emma, está tudo bem com você?! – eu questiono, a fim de verificar minha hipótese.

— Eu... eu não sei, Jake – ela admite – Provavelmente não.

O peso no meu estômago se intensifica. Eu sabia que havia algo errado com ela.

— Wright, o que aconteceu?

— Eu acho que machuquei meu tornozelo – ela responde, ignorando meu olhar e fixando os olhos em algum ponto à minha direita.

Eu tento entender o que aconteceu, mas Emma me dá respostas bastante limitadas. Eu não a culpo, seu cérebro deve estar mais ocupado em dar atenção ao tornozelo do que em formular respostas adequadas para mim.

E é por causa disso que eu acho melhor levá-la direto ao hospital, negando seu pedido de ajuda para voltar ao Centro. De uma forma ou de outra ela acabaria no hospital; não faz sentido algum postergar o inevitável.

Ajudo Emma a ir até o meu carro e me certifico de que ela está bem antes de fechar a porta e dar a volta, entrando pelo lado do motorista.

Coloco a chave na ignição e me viro para colocar o guarda-chuva encharcado no assoalho do banco de trás, percebendo nesse momento que deixei um dos meus casacos do time de hóquei jogado no banco do carro.

— Aqui – digo, estendendo o casaco a uma certa pessoa que já está com os braços cruzados e os dentes cerrados por conta do frio – Pode usar.

Quando Emma começa a franzir as sobrancelhas e abrir os lábios, eu volto a falar. Do jeito que ela é, não duvido que esteja a um passo de recusar o casaco e fingir que está tudo bem.

— Foi você mesma quem disse que não queria machucar o pé e pegar uma pneumonia no mesmo dia, Wright.

Ela hesita por um breve segundo antes de esboçar um leve sorriso e aceitar o casaco.

— Obrigada, Jake.

Enquanto ela tira o próprio moletom e veste o meu por cima do top esportivo que está usando, eu dou partida no carro e deixo o estacionamento do Centro.

— Você quer me contar o que aconteceu? – questiono quando paramos no primeiro semáforo. Eu ainda não tenho ideia de como ela chegou a essa condição.

Ao meu lado, Emma solta um suspiro derrotado antes de responder.

— Eu acho que escorreguei numa pedra, não sei ao certo. Só sei que eu já estava indo embora do Centro e, apesar da chuva, pensei "não tem problema, meu carro está logo ali e eu vou direto para casa" – ela dá uma risada nervosa antes de continuar – Eu só não sabia que iria escorregar e virar o pé justo na hora em que me distraí com a chave que enroscou na mochila. Ridículo, né?

Emma & JakeOnde histórias criam vida. Descubra agora