Capítulo 12

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Emma


Jake está cantando Never Gonna Give You Up todo empolgado, mudando até o tom da voz e falhando miseravelmente em parecer (sequer um pouco) Rick Astley. E é por causa disso que eu não consigo parar de rir.

I just wanna tell you how I'm feeling – ele canta, tirando a mão do volante para apontar na minha direção no verso seguinte – Gotta make you understand!

— Pelo amor de Deus, Jake, dirija direito – eu alerto entre as risadas.

Ele continua cantando, pelo menos com os olhos voltados para frente e as mãos no volante dessa vez. A cantoria segue animada por mais alguns quarteirões, até chegarmos ao drive-thru de uma lanchonete.

— O que você vai querer comer? – ele pergunta, abaixando o som do carro e me observando enquanto estamos parados na fila.

— Não sei... um milk-shake, talvez. E você?

— Sorvete de chocolate, claro. E uma batata frita. Ainda não decidi se quero hambúrguer ou não.

Por fim, Jake acaba não pedindo o hambúrguer. Em compensação ele comprou a maior batata frita que tinha disponível.

— Pode pegar batata se quiser, Wright – ele me avisa, apontando para a batata frita com a cabeça, já que uma mão está ocupada no volante e a outra segurando a casquinha do sorvete.

— Não precisa, obrigada.

— Tem certeza? Eu peguei tamanho grande.

— É, eu percebi – digo, dando uma risadinha – Mas sério, não precisa. Seria gordura demais num dia só.

Sei que algumas batatas fritas não parecem nada demais, considerando que estou com uma bebida mega calórica em mãos, porém eu ainda tenho uma dieta a seguir. A moderação é a minha chave para manter o equilíbrio entre querer ser uma atleta de elite e comer o que quiser.

— "Seria gordura demais num dia só" – Jake repete com desdém, numa péssima imitação minha.

— Eu não falo assim.

— Fala sim.

— Tenho certeza que não. Se eu falasse assim, nunca mais iria dar entrevistas na vida.

— "Se eu falasse assim, nunca mais iria dar entrevistas na vida" – repete ele.

Eu o encaro boquiaberta, sem saber se quero rir ou bater nele primeiro. Talvez os dois ao mesmo tempo seja uma ótima opção.

— Como você é infantil, Stepanova.

— Eu sei – Jake responde com um sorrisinho antes de pegar umas três batatas juntas e enfiar na boca, aproveitando que o semáforo está vermelho.

O resto do caminho é repleto de momentos nos quais Jake enche meu saco. Acho que ele tirou o dia para implicar comigo, não é possível. Apesar disso, quando ele finalmente estaciona em frente à minha casa, meu maxilar está doendo de tanto sorrir ao longo do dia.

— Obrigada pela carona – eu agradeço quando me recomponho.

— Estou à sua disposição, Wright – ele responde cheio de floreios.

Eu reviro os olhos por um breve momento, observando Jake no segundo seguinte. Ele está com aquele sorriso cativante de garoto no rosto, porém com uma manchinha de sorvete próximo à bochecha. Aposto que essa sujeira surgiu enquanto ele tentava comer e dirigir ao mesmo tempo.

— Você tem sorvete no rosto – aviso.

— Onde?

— Perto da boca.

Emma & JakeOnde histórias criam vida. Descubra agora