Capítulo 3

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Jake


A neve está caindo lá fora, contrastando com a temperatura agradável e quente dentro do salão de festas.

Muitos convidados já chegaram e estão se acomodando nas mesas e conversando entre si. Observo meus pais, um ao lado do outro, falando com a família Williams. Eu também deveria estar lá, conversando com os convidados, mas dei uma pausa para pegar uma bebida e recarregar minha bateria social.

O jantar do Stepanova Ice Center é uma mera formalidade para comemorar o final do ano com os funcionários e alunos. Eu, como filho dos donos, também tenho que estar presente. Não é como se a minha participação fosse obrigatória, mas gosto de estar nos eventos do Centro.

Esse ano, porém, eu preferiria ter ficado em casa – isso porque acabei de voltar de uma viagem de ônibus de mais de oito horas com o pessoal do time de hóquei. Nós tivemos um jogo contra a Universidade de Regina e, caramba, eles não estavam para brincadeira. Ainda estou todo dolorido do jogo de ontem.

Enquanto estou parado em um canto do salão de festas, observando distraidamente o local e as pessoas, algo me chama a atenção. Não levo nem dois segundos para me dar conta de que se trata dos cabelos ruivos de Lilian Wright. Eles estão soltos esta noite, o que os torna quase impossíveis de não serem notados – mesmo da distância em que eu estou.

Ao lado de Lily e conversando empolgada com ela, está Emma. Eu gasto um tempo considerável olhando na sua direção enquanto ela caminha com a irmã e com os pais pelo salão.

Vendo todos eles juntos, fica claro que Emma é uma mistura incrível de seus pais. Ela tem o mesmo cabelo castanho e características físicas do rosto da mãe, mas as sobrancelhas expressivas e os olhos claros do pai. A única diferença entre eles é que o Sr. Wright tem os olhos azuis, e não verdes como os da filha.

Ainda me lembro do dia em que conheci Emma. Eu estava doente, por isso faltei ao treino de hóquei e fui com meus pais para o Centro depois da escola. A maior parte do tempo eu fiquei no escritório, terminando meus deveres de casa, até cansar e ir para a arquibancada observar o treino dos outros.

Eu já sabia que minha mãe tinha uma atleta nova mais ou menos da minha idade, só que eu nunca a tinha visto antes. Não foi nem um pouco difícil descobrir quem era a tal Emma – ela era a única criança do rinque que estava recebendo instruções da minha mãe. Apesar da pouca idade, ela treinava com a determinação de um adulto; parecia que cada erro a deixava mais focada em acertar. Engraçado ver como nada mudou depois de dez anos.

— E aí, Stepanova? – uma voz me pergunta, me tirando de meus devaneios num susto.

Viro o rosto o suficiente para encontrar a cabeleira ruiva de Lily. Dos três filhos do casal, ela foi a única que herdou o ruivo do pai.

— Oi, Lily.

— O que você está fazendo sozinho aqui? – ela pergunta com bom-humor – Fugindo das interações sociais?

Eu sorrio.

— Eu não estou fugindo, só estou descansando.

— Tô brincando. E de qualquer forma é compreensível, vocês voltaram hoje de Regina, não é?

Eu assinto.

— O jogo de ontem foi tenso, quase surtei enquanto assistia. Vocês mandaram muito bem inclusive, parabéns – comenta Lily.

— Obrigado. Tenso mesmo foi jogar, você precisava ver o treinador, parecia que ia entrar em colapso a qualquer momento.

— Dylan me contou. Ainda bem que deu tudo certo no final.

Emma & JakeOnde histórias criam vida. Descubra agora