Texto de Michele Bran
Sinopse: O inverno está quase no fim, mas as surpresas de Felicia e Andrei ainda não.
Contratados pelo ex-sogro de Felicia, Arne Soreborg, os dois viajam para a Suécia para tentar descobrir um mistério que persegue a família há 20 anos: o assassinato da filha mais velha, Astrid, que permanece sem explicação e o culpado não foi pego.Unindo seus poderes, os dois reconstroem os últimos passos de Astrid vinte anos após sua morte, na esperança de descobrir o que aconteceu com ela. Mas estarão eles, e a família, preparados para encontrar a resposta?
*
O silêncio pesado e opressivo fez Felicia sentir-se subitamente sem ar.
Andrei parecia corroído pela mesma inquietação. Alexander, pálido, ainda tentava digerir o que o pai pedira aos dois detetives, enquanto Arne parecia ter envelhecido dez anos naquele breve período.
― Me prometa que, pelo menos, vão tentar.
― Não podemos garantir que funcione. Mesmo os mais experientes não controlam muito bem. ― Odiou-se por precisar dizer aquilo, mas alguém tinha que chamá-lo à razão: ― E já se passaram vinte anos, Arne.
A dor que inundou os olhos de seu ex-sogro a fez se arrepender daquelas palavras.
― Vinte anos sem saber o que aconteceu com a minha filha! Eu a deixei ir viva e bem, e a recebi morta depois de dias sem saber onde ela estava!
― Pai, por favor... ― Alexander tentou argumentar. ― Isso não vai nos levar a lugar nenhum.
Felicia não sabia se ele se referia à proposta ou ao início de discussão.
Arne prosseguiu:
― Você não usaria todos os meios disponíveis se fosse a Katterina no lugar da Astrid?
Arne tinha ido direto em seu ponto fraco.
Depois que Katterina fora raptada no último Natal e apenas por uma ação rápida e uma ajuda sobrenatural o pior não acontecera, Felicia tinha outro ponto de vista sobre casos do tipo.
Se fosse Katterina no lugar de Astrid, poderiam ter se passado 70 anos.
Porém as palavras os afetaram de forma diferente. Ela permanecera em silêncio, encarando-o atônita pela coragem e, ao mesmo tempo, furiosa pela lembrança. Alexander, por outro lado, pareceu desistir de argumentar e levantou-se bruscamente, caminhando em direção à varanda.
Desperta de seu choque, Felicia interveio ao ver Arne fazer menção de seguir o filho:
― Tudo bem, eu vou atrás dele.
Não ficou para ouvir a resposta.
O vento frio a recebeu quando abriu a porta de vidro, fechando-a logo depois.
Na extremidade direita, Alexander estava parado com os olhos perdidos no horizonte. Anos podiam ter se passado, mas ela o viu como o mesmo rapaz que conhecera, por quem se apaixonara inevitavelmente já no primeiro contato. Parecia tão solitário como quando o encontrara por acaso no pátio da faculdade e, talvez, fosse pelo mesmo motivo. Também podiam estar separados há algum tempo, mas ela o conhecia bem para saber que não estava incomodado apenas por ser tão cético.
Quando Astrid primeiro sumira e, então, aparecera morta, Alexander tinha dezesseis anos, o único dos quatro filhos de Arne e Helga capaz de entender o que se passava. Urick e Birgitta eram pequenos e pouco foram abalados na época, apenas conforme cresciam foram percebendo os efeitos da ausência da mais velha. Mas ele não. Estivera presente em cada busca, em cada ida dos pais às autoridades atrás de respostas. Era muito próximo dela apesar das diferenças.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ANTOLOGIA ELEMENTAR DETETIVE - As Melhores Histórias
Mystery / ThrillerAqui temos o objetivo em trazer os melhores contos da plataforma portuguesa que tenham um detetive e tudo o que possa abarcar o mundo deste incrível profissional. Venham conferir essa Antologia com contos selecionados para o melhor deleite aos melho...