ENIGMA NO CAIRO - com McCarthy e Niccols

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História de AnandaGron & EGBraga

Sinopse:

Egito, 1914.

As areias douradas das terras egípcias há muito tingiram-se de vermelho. Não era, contudo, o sol escaldante sendo refletido pelos cristais. Era sangue.

McCarthy e Niccols foram designados pela Inglaterra a investigar os misteriosos assassinatos na colônia. As pistas inconclusivas e as ocorrências bizarras, entretanto, os levaram a um beco sem saída.

O caso foi arquivado sem solução.

Mas não foi com o coração abatido que retornaram à Londres. Afinal, um caso não resolvido tem muitas consequências. E esse em especial ficou conhecido como o Enigma do Cairo, tão indecifrável quanto sobrenatural.

Capítulo 1

32 dias de investigação

Armazém Britânico

Noite

Sozinha, Niccols dividia seu tempo entre fingir fumar um cachimbo e se esconder atrás de uma coluna egípcia de um metro e meio. Tempo esse cuja lentidão a aborrecia.

Impaciente, ela engatinhou para enxergar a porta do armazém. Alguém realmente apareceria? Estar errada era inconcebível.

Um som irritante de algo batendo no vidro das janelas logo atrás de onde estava, no entanto, fisgou sua atenção. Uma tempestade de areia, concluiu com paz de espírito que durou meio segundo. Um arrepio percorreu sua espinha quando se lembrou do depoimento do desafortunado motorista.

Virou-se, vagarosamente, apenas o bastante para constatar o brilho da lua se tornar avermelhado ao tocar a máscara de uma figura quase fantasmagórica que entrava pela janela. O ser se posicionou no último andar da prateleira logo abaixo, onde se postou altivo, como uma estátua egípcia protegendo a tumba de um faraó.

Niccols arregalou os olhos ao encarar a expressão rígida da máscara. Com sorte, ela se jogou para trás no exato instante em que um dardo ricocheteou no chão onde há pouco estivera. A mulher correu em desespero de modo que mal reparou estar prestes a quebrar o cachimbo ao mordê-lo motivada pela força do cagaço.

Na fuga, esbarrou em uma bancada e, instintivamente, olhou para trás. A figura mascarada havia sumido do alto. Olhou ao redor e a encontrou do seu lado, com a adaga já próxima de seu rosto. Conseguiu desviar a tempo e, antes de ser atacada pela outra mão, pegou um vaso de cima da mesa e o jogou no algoz, agradecendo mentalmente ao artista que dedicou seu tempo em fazer uma peça que se estilhaçaria para salvar sua pele.

Ela, então, tentou contornar a mesa, mas havia um sarcófago bloqueando o caminho. Entre passar por cima do sarcófago ou da mesa, preferiu a segunda opção. Derrubou várias estatuetas no chão, arrastadas da superfície da mesa pela sua roupa. Seria terrível se descontassem de seu pagamento, refletiu suando frio.

Continuou correndo até descobrir ter escolhido um péssimo caminho. Agora, estava cercada por prateleiras lotadas de cerâmicas. Se pelo menos a figura estivesse do outro lado, poderia tentar derrubá-las.

Mas a máscara carmesim surgiu do breu e avançou com as adagas apontadas para o seu focinho britânico. Niccols pegou um objeto da prateleira para usar de escudo. O objeto em questão era uma versão menor do pilar que usara para se esconder, bem mais rico em detalhes, claro.

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