O MISTÉRIO DE RÉQUIEM - conto vencedor do oitavo concurso.

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Texto de ChrisFrance727

A investigadora Eleonor e seu marido, Heitor, aceitam um caso simples: encontrar a filha de um velho amigo, sequestrada na cidade de Réquiem. O caso aparentemente simples, torna-se um desafio para o casal quando as peças desse crime não se encaixam.

Acompanhando o ponto de vista de seu marido, embarcamos em um dos diversos casos resolvidos pela determinada Eleonor, em uma trama que mudou para a sempre os alicerces dessa pequena cidade.

PARTE I

— Neste mundo, o que vale não é o que se faz — retorquiu ele acerbamente —, mas o que os outros pensam que fizemos. (Sherlock Holmes, Um Estudo em Vermelho)

Quando me foi solicitado, viajar para local tão distante da capital, parecia uma ideia extremamente desagradável. A tal cidade, Réquiem, tão provinciana que não possuía sinal de internet seria nosso destino.

Fui avisado por nosso cliente, Sr. Augusto Franco, sobre a simplicidade de tal local. Isso não parecia afetar minha esposa, afoita pela curiosidade de resolver outro mistério incompreensível.

Meus olhos e o restante do corpo, treinados pelo meu tempo no exército, me renderam certas habilidades perceptivas, mas nada que se comparasse a habilidade de Eleonor.

Nos casamos no verão passado, eu já sabia sobre sua carreira de investigadora na polícia e sua súbita mudança para o setor particular, onde ela podia usar de seus próprios meios para resolver os crimes que sua carreira policial há limitavam de solucionar. Segundo seus superiores, Eleonor era muito "rápida", o que atrapalhava a burocracia e despendia uma eventual demanda excessiva de recursos.

O que não poderia prever, era a capacidade que ela tem de decifrar o ser humano, e sua curiosidade insaciável.

Quando o Sr. Franco foi até a nossa casa, policial aposentado e amigo próximo, pedir ajuda para encontrar sua neta, o desinteresse de Eleonor estava estampado em sua cara. Bastou que o velho homem discorresse sobre o ocorrido, para que despertasse o interesse dela, lembro bem:

— Heitor, Eleonor, obrigado por me receberem de última hora. Minha neta, ela tem treze anos de idade. Mora com os pais, o prefeito Jorge Alcântara e a madrasta Luiza Pertineri, além de seu irmão caçula, Mário. Desde que sua mãe, minha filha, morreu no ano passado vitima de uma doença cardíaca, a garota se apegou muito a madrasta. Na noite da última quinta-feira, aniversário da Cidade, a garota estava no quarto localizado no andar de cima.

— Suponho, que a casa do prefeito tenha uma localização no centro dessa pequena cidade, certo?— Interrompeu Eleonor.

— Exatamente, minha querida. A casa do meu genro localiza-se na rua principal da cidade, onde ocorriam às celebrações anuais da cidade, uma grande festa. Todos estavam lá. Quando de repente todos afirmaram ouvir um grito, que pertencia a minha neta. Alguns minutos depois um grito de socorro de Luiza, que lutou com o sequestrador, e diversas testemunhas viram um homem com roupas de jardineiro pulando a sacada e fugindo com a garota enrolada em um cobertor de seda.

— Todos viram o homem e a garota? — Dessa vez eu optei por interromper o senhor.

— Não exatamente, senhor Heitor. Estava escuro e ele fugiu rápido, mas o que aconteceu depois confirma todas as peças soltas do ocorrido, e me enche de esperanças de que minha neta está viva em algum lugar.

Eleonor abriu um sorriso contido, não poderia dizer se o semblante de minha esposa indicava afeto ou curiosidade. Com educação ela pediu ao velho:

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