seis

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NÃO DEMOROU MUITO para que ele estacionasse o carro na garagem de sua casa.

Eu estava sonolenta, mas ainda tinha a plena capacidade de olhar ao meu redor e observar o lugar que eu estava.

Quando saí do carro, a garagem, além de guardar o carro, também estava cheio de tralhas e caixas de coisas antigas que eu não ousei perguntar porque estavam ali ou o que eram. Só fiquei em silêncio, seguindo-o por uma porta que nos levou direto para uma cozinha muito bem decorada. O cheiro de leite impregnava o ar.

- Pode ficar à vontade - Nathan olhou para mim com expectativa e eu retribuí.

Assenti, agradecendo silenciosamente pela sua hospitalidade calorosa e eu ia abrir a boca para dizer algo, mas um choro de bebê ecoou pela casa e eu franzi o cenho, confusa.

- Ah - Nathan disse, coçando a sua nuca e sem dizer mais nada, saiu da cozinha, me deixando ali sozinha.

Sem jeito, só olhei ao redor, tentando distinguir as cores que decoravam o ambiente, enquanto bocejava e tomei a liberdade de abrir a geladeira para pegar uma garrafa de água e me servir de um copo. Eu não sabia que tinha sede até aquele momento.

Quando guardei a garrafa de volta e ia lavar o copo, Nathan apareceu. E ele não estava sozinho. Nos seus braços, havia um bebê risonho, com bochechas fofas e olhos claros.

Não precisei me esforçar muito para notar a semelhança entre ele e Nathan.

- Candy, esse é o Theo - ele veio até mim, me apresentando o garotinho. - Ele é meu garoto.

Não pude deixar de sorrir ao ouvir o tom babão e carinhoso na sua voz quando ele pronunciou o "meu garoto".

Encarei o bebê tão entusiasmada quanto.

- Eu não sabia que... - balancei a cabeça, descartando o que eu ia dizer. - Oi, Theo.

Toquei a bochecha dele com a ponta dos dedos e ele se remexia no braço do pai e sorria, achando ótimo morder a própria mãozinha logo em seguida. Ele era tão lindo e fofo que me remeteu as lembranças de quando eu pensei em um dia ser mãe, mas Will sempre adiava, dizendo que nunca era a hora certa.

Aparentemente, nenhuma hora seria.

- Não sou casado - Nathan disse, me fazendo olhá-lo. - Se era isso que você ia dizer.

- Ah, não - neguei prontamente, envergonhada porque a ideia nem sequer tinha passado pela minha cabeça. - Eu ia dizer que não sabia que você já era pai.

Apontei para Theo, que ainda mordia a própria mão como se fosse um brinquedo interessante.

- Foi uma surpresa para mim, na verdade - ele confessou. - Eu tinha acabado de me separar quando ela descobriu que estava grávida.

- Por que você se separou? - questionei.

Infelizmente, devido a quantidade de álcool que eu tinha ingerido horas atrás, eu costumava ser uma bêbada curiosa e fazia perguntas sobre qualquer coisa, não importava o que fosse e nem sequer me arrependia.

Eu sabia que não devia perguntar tão diretamente assim sobre a sua vida como se fosse um assunto tão comum quanto comentar sobre uma série em comum, por exemplo, mas quando olhei para ele, Nathan não pareceu se incomodar.

- É uma longa história, mas... - ele deu de ombros, ajeitando Theo nos braços, fazendo com que o menino encostasse a sua cabeça no ombro do pai. - Eu viajo muito e ela passava o tempo todo sozinha, me esperando. Eu me separei porque houve traição.

Engoli a seco, desviando os olhos dos dele. Parecia uma tremenda ironia ter o coração partido pelo mesmo motivo que o dele, mas eu não comentei nada sobre isso.

BREAK FREE [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora