Capítulo 17 - A carta de demissão

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Naquela manhã bem cedo na sua sala, Alvo aguardava a chegada do mestre de poções, enquanto tentava a todo custo convencer a professora Minerva de um romance, que ela se referia como um completo absurdo!

- Ela é só uma menina, Alvo! E ele é um...

- Um o quê, Minerva?

- Um professor sarcástico, ex comensal, com o passado amargurado... Verdadeiro carrasco! Tenha dó, Alvo! Não vou aceitar, NUNCA!!!

- Eu vou lhe dizer como eu o vejo, Minerva...

Alvo se levanta, faz uma pequena pausa, pega a bandeja de chá com biscoitos, volta a se sentar e prossegue na maior calma.

- Ele é um herói! Não apenas por conseguir formular um antídoto para a queimadura fatal da minha mão, e ter salvo a minha vida... Mas por ter salvo a vida de todos nós aqui em Hogwarts!

Alvo serve as duas xícaras de chá e continua em sua narrativa.

- Não pense que foi uma escolha consciente fazer o papel de duplo espião, servindo a nós e ao Lord das trevas simultaneamente. Ele simplesmente não teve escolha nenhuma... Era a forma de se manter vivo, ou semivivo... Como você pôde presenciar inúmeras vezes, quando ele voltava quase morto depois de atender aos chamados. Sempre foi leal a todos nós, foi leal a Hogwarts, e protegeu com unhas e dentes o filho da mulher que ele mais amou na sua vida. O amor dele por Lílian foi tão devastador, que se anulou completamente como homem. Um tanto contraditório, não acha? O normal seria ele passar a odiá-la por ter sido trocado ainda muito jovem.

- Em compensação, ele passou a odiar o filho dela... Perseguições, tirar pontos da minha casa por nada...

- Penso que ele foi rude com Potter na medida certa. Ele não bajulava e quanto a tirar pontos... é histórico a rivalidade entre as duas casas, Minerva!

Alvo faz outra pausa e prossegue:

- Eu o convidei a lecionar aqui por causa das suas excelentes notas em poções, depois que o professor Horácio Slughorn se aposentou. Ele se mostrou um excelente mestre em poções logo no primeiro ano! Foi uma escolha assertiva da minha parte! Nossa escola passou a economizar muito com as poções e demais formulações que deixamos de comprar, porque ele produzia em escala na própria sala de aula, sem ninguém ter lhe pedido nada. A ala hospitalar passou a ser abastecida com as poções que ele faz, desde as mais simples até as mais raras, inclusive com antídotos para vários venenos, tanto químicos, quanto biológicos. Lembro que lhe pedi apenas para cumprir o cronograma e o conteúdo programático na íntegra. Seu compromisso era ensinar aos alunos. Ele foi muito além das minhas expectativas! Nós precisávamos de um professor qualificado e Snape foi perfeito em tudo! Ele terminara o mestrado em poções e estava sem rumo, sendo aliciado por Lucio Malfoy, quando eu o procurei. Infelizmente ou felizmente já era tarde, ele estava infiltrado com os demais comensais por influência de Lucio. Eu digo felizmente, pois foi com esta vantagem que conseguimos informações valiosíssimas do lado das trevas, ajudando Harry Potter vencer a batalha. Sem as informações do Snape estaríamos todos mortos! Eu o considero como um filho e acredito piamente, que ele merece uma segunda chance de ser feliz!

Alvo respira fundo e então fala o que estava atravessado em sua garganta:

- Não vou aceitar este pedido de demissão!

- Pedido de demissão? Ele quer ir embora? Como assim, Alvo?

- Veja você mesmo o pergaminho que ele deixou na minha mesa, hoje bem cedo!

Alvo alcança o bilhete bastante conciso, e Minerva lê apavorada.

Prezado Diretor,

Ao cumprimentá-lo venho através deste, solicitar meu pedido de demissão. Os motivos são óbvios, sem necessidade de reportá-los aqui, pois nada do que acontece no castelo, passa despercebido pelo seu olhar. Para não infringir ao regulamento (Art 2, § 1 inciso II), me despeço e agradeço por tudo que me proporcionastes até o momento.

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