XI

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“Donde pode nascer o amor?
Talvez de uma súbita falha do universo, talvez de um erro,
mas nunca de um ato de vontade.”

– Marguerite Duras.

'Eddie Kaspbrak'

— Eu chamei um amigo, pra andar junto com a gente, aquele que lhe emprestou as roupas, sabe?

Comentei assim que eu e Richie saímos de casa, eu já havia dito ao meu pai que iríamos andar de bicicleta, ele deixou porém temos que estar em casa antes das sete.

— Sei.

— Quem sabe assim vocês se conheçam melhor, vamos encontrar ele na pracinha, sobe. — Falo apontando para a garupa.

Richie ficou parado por alguns segundos, até entender aquele pedido e veio andando na minha direção, logo sinto seu peso na garupa, e ele era muito pesado! Nem sei como vou conseguir dar conta de levá-lo, mas não custa tentar...

— Se segura bem, viu?

Falei olhando pra trás, então comecei a pedalar e vi que ele levou um susto no momento que ainda não tinha se segurado e seu corpo foi puxado para trás, imediatamente sinto minha cintura ser agarrada por suas duas mãos, e isso me fez ter um choque interno, e meu coração batia muito forte.

Ignorei a ponta de nervosismo, assim comecei a ir mais rápido tomando o impulso que precisava para poder pedalar mais rápido, ao mesmo tempo que senti uma espécie de sensação de segurança, a medida que íamos nos afastando de casa, eu olhava a rua em nossa volta, o sol já estivera frio e o céu numa tonalidade mais amarelada, Richie também fazia o mesmo ao que sentia o vento em seu rosto, ele fechou os olhos por um breve segundo, enquanto seu pulmão se enchia de ar, de vida, e de calor.

A subida foi de fato a mais difícil para mim, meus músculos gritavam por socorro cada vez que eu fazia mais força ainda para manter a mesma velocidade, porém logo íamos nos aproximando da ladeira, e eu gritei:

— Segura firme, nós vamos descer!

— Tá bom.

Ouço sua voz um pouco abafada pelo vento forte, ele deu uma olhada pelo lado e viu que se tratava de uma ladeira, sinto-o agora me abraçar, e seu rosto pousou no meio da minha costa, um sorriso enorme surgiu em meu rosto, e com toda minha confiança, eu desci a ladeira com tudo.

— UUUUUHUOOL! – Gritei enquanto descíamos a mil por hora, o vento batia forte contra a gente fazendo nossos cabelos voarem desgovernados, a sensação singela de liberdade que fazer isso proporciona, é sem tamanho! — Richie?

Chamei.

— Sim?

— Você está bem?

— Sim, estou muito bem Eds! Podemos fazer isso de novo? – Sua voz é animada.

— Claro! Mas depois.

Dei uma rápida olhada pra trás, ele tinha um sorriso lindo de se ver, o sol mesmo que bem fraquinho iluminava uma parte de seu rosto, e ele tinha um de seus olhos fechados junto do rosto contraído, a descida terminou e eu desacelerei, logo entrei em uma rua que dava direto até a pracinha central, e não demora muito para que eu logo aviste Stanley sentado na calçada perto de sua bicicleta.

Parei próximo dele, e lhe sorri, mas ele logo olhou para trás de mim, onde Richie estava e revirou os olhos.

— Por que não demorou mais? Estava bom demais ficar aqui plantado.

Strange DestinyOnde histórias criam vida. Descubra agora