Strange Destiny

XIII

“Estava tudo tão bem ontem,
Então o diabo roubou as suas memórias,
Se você morrer hoje,
Espero que o céu seja seu lugar de descanso.”

— Afire Love (Ed Sheeran)

Sexta-feira.

(3:20 pm)

Stanley Uris atravessou o pequeno portão de madeira no qual sempre fica aberto, subiu a pequena escada de somente quatro degraus e tocou a campainha da residência dos Kaspbrak esperando um pouco para ser atendido, logo, ouve passos se aproximando, suspirou e então a porta se abriu, era Ângela, Stan pensa que nunca viu uma expressão tão perene mas que ao mesmo tempo esbanjava tristeza em uma pessoa.

“Imagine como Eddie deve estar...” — Ele não mediu esforços em pensar.

— Stan! Querido...

— Oi tia Ângela! Quanto tempo. — Disse abraçando ela.

— É, quanto tempo mesmo, vem, entre. O que trouxe?

— Ah, isso são alguns biscoitos que minha mãe fez e pediu pra eu trazer. — Entrega à ela uma vasilha de plástico embrulhada num paninho.

— Andrea é sempre um amor de pessoa, como seus pais estão?

— Muito bem, mandaram lembranças inclusive, hm, onde está Eddie?

— No quarto, eles estão no quarto.

— Ele não melhorou? – Perguntou um pouco desconfortável, ela balançou a cabeça em negatividade.

— Não, esses dias tem sido os piores, não sabemos mais o que fazer, falamos que iríamos levar ele pro hospital, mas ele insiste em dizer que não vai adiantar, já que os exames não mostram absolutamente nada, ele aparenta estar tão saudável, porém só nos papéis.

— E como Eddie tem reagido a isso tudo? Tipo... Ele se apegou muito no Richie, muito mesmo.

— Eu não sei... Ao mesmo tempo que sabemos que está sendo difícil pra ele, ele está sendo bem forte, e tem certeza que isso vai passar e vai ficar tudo bem.

— Posso ir lá com eles, agora?

— Claro filho, vou colocar esses biscoitos numa bandeja e já, já, sirvo para vocês lá, tá bom?

— Obrigado tia.

Sorriu gentilmente, e foi para a escada subindo até o segundo andar, não demorou a avistar a porta do quarto do jovem Kaspbrak, estava entreaberta e a luz alaranjada que vinha lá de dentro, fazia o corredor um pouco mais claro, antes de entrar, deu dois toques ouvindo ele mandar entrar, e abriu um pouco mais enfiando o rosto pra dentro e vendo os dois ali.

— Hey!

— Oi Stan! – Ele levantou da cama, Stan entrou de uma vez e foi recebido com um abraço do amigo.

— Como você está?

— Agora bem, e você?

— Mais aliviado em ver você.

Sorriu pra ele com carinho, logo ele direcionou seu olhar até o outro rapaz que estava presente no quarto, e "meu bom Deus..." foi o que pensou ao vê-lo. Se antes, Richie Tozier era um rapaz de aparência impecável e saudável, agora, só havia as sombras disso, ele estava bem mais pálido do que já era, bem morfino como se estivesse definhando, no que antes, os lábios eram bem rubros, agora estavam quase da cor de sua pele, uma aparência mórbida e fragilizada, como se a vida estivesse se esvaindo dele, e escapando cada vez mais que ele aspirava e expirava ar de seus pulmões.