Arcanologia: Domínio Nonelementar

Capítulo 8 - cotidiano

É sexta feira, Marlon institivamente levanta cedo, porém Gael e Dario ainda estão deitados, "é verdade..." pensa consigo mesmo "Hoje é feriado" e volta a se deitar, Kabal rapidamente o abraça novamente em seu profundo sono, Marlon já se acostumou com a couraça grossa dos braços, peito e pernas de Kabal arrastar em seu corpo, suas costas já nem ficam mais marcadas com os arranhões. Kabal se vira de barriga para cima, deixando Marlon deitado sobre seu corpo, que de tão largo serve como um segundo colchão. Gael, Kabal e Dario roncam extremamente alto, é como se os três estivessem disputando quem tem maior potência.

Gael está relativamente próximo de Kabal, "Ele tem se tornado mais próximo da gente ultimamente" pensa enquanto faz cafuné nos cabelos pretos de Gael, "Será que ele nos considera amigos já?" sorri sozinho, "tomara que sim". Marlon vira seu rosto e percebe que Dario está babando no travesseiro, dormindo numa posição extremamente torta e aparentemente desconfortável, "Eu não vou te deixar sozinho" Marlon faz carinho na barba de Dario. Kabal envolve seus braços por trás das costas de Marlon, "Você está super protetor comigo..." Marlon sorri enquanto alisa a careca de Kabal, "não entendo por que, mal me conhece... De fato... Isso é intrigante... talvez você não esperava ver um mago compreensível? Que horrores você já deve ter visto?".

Marlon então se encontra em profundo silêncio, todas suas expectativas para seus amigos foram superadas, "mas... E eu?" pensa, "eu... mudei em algo?" Marlon encosta sua cabeça sobre o peito de Kabal, encarando a parede do quarto, "todos eles estão se abrindo comigo... E eu... ", indaga, "Eu deveria confiar neles, por que eu não consigo falar?" suspira, "Eu vou falar, eu preciso, eles têm o direito de saber" suas mãos começam a tremer em medo "por que eu fico assim... por que isso me dói tanto? Por que lembrar daquilo me machuca tanto?" Marlon começa a lacrimejar, "quando essa dor vai passar? Quando essas vozes vão parar" Marlon começa a ouvir gritos em sua cabeça, diversas vozes que não param, "Eu quero falar pra eles, eu quero que eles confiem em mim, por que vocês..."

—Não calam a boca! – Marlon fala extremamente alto, seus olhos estão lacrimejando com grande intensidade, Dario acorda assustado. – Me desculpa – Marlon funga.

—Que... susto... – Dario murmura, logo voltando a dormir como uma pedra.

—Eu já tava acordado – Gael chega para perto de Marlon. – Adorei o cafuné – kabal nem acordou com o grito de Marlon. – O que aconteceu?

—Pensando... Sabe quando você meche na casca de um machucado até ele começar a sangrar de novo? – Marlon respira fundo, as vozes em sua cabeça não estão parando.

—Entendo – Gael sorri com o canto do rosto.

—Eu queria falar sobre aquilo, mas... – Marlon suspira.

—Você fala quando der – Gael está gradativamente fechando os olhos novamente e então volta a dormir.

Marlon está incomodado com algo, se levantando rapidamente e ficando de pé, encarando os três deitados, "Preciso falar...".

—Escuta! – Marlon exclama, Gael se acorda novamente

—O que foi? – Gael parece assustado.

—O que aconteceu comigo foi que... – Marlon sente como se algo estivesse travado em sua garganta. – O que aconteceu... – Marlon está de olhos arregalados, sua pele começa a ficar vermelha. Gael rapidamente acorda Dario e Kabal.

—O Marlon ta estranho – ele comenta, os três se levantam.

—O que foi rapaz? – Dario esfrega os olhos.